Às vésperas de embarcar para os Estados Unidos, nesta segunda-feira (18), o presidente Michel Temer passa o fim de semana em Brasília reunido com aliados para traçar sua estratégia de defesa diante da nova denúncia contra ele apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Temer está desde a manhã deste sábado (16) no Palácio do Planalto. A primeira reunião divulgada pelo governo foi com os ministros Aloysio Nunes (Relações Exeteriores) e Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) para discutir detalhes da reunião da ONU (Organização da Nações Unidas), como discurso, reuniões bilaterais e um jantar que Temer terá com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira (18).
A previsão é que Temer viaje a Nova York com uma comitiva que conta com os dois ministros denunciados com ele: Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral).
Antes de embarcar, Temer participa da cerimônia de posse da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
ESTRATÉGIA
Ainda há um impasse sobre se o presidente fará ou não um pronunciamento para rebater a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) de que ele cometeu crime de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Segundo a reportagem apurou com um auxiliar de Temer, a ideia de falar aos jornalistas veio depois de o presidente conversar com seu advogado, Antonio Cláudio Mariz, e com seu marqueteiro, Elsinho Mouco, na tarde desta sexta-feira (15), em São Paulo.
Temer aproveitaria o pronunciamento para ir para o confronto direto com Janot, que fica no cargo somente até este domingo (17).
No entanto, a ideia de fazer qualquer tipo de manifestação não é consenso entre os responsáveis pela comunicação do governo.
O Palácio do Planalto nega oficialmente que Temer fará pronunciamento ou mesmo divulgará vídeo.
Existe expectativa de que o presidente se reúna ainda neste sábado com Mouco e Moreira Franco.
No domingo, Temer deve conversar com Eliseu Padilha e com o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE).
O entorno do presidente tem qualificado a nova denúncia como frágil, sem novidades e sem provas.
A defesa de Temer quer que a nova denúncia apresentada contra o presidente não seja enviada à Câmara enquanto não for concluído um julgamento que pode afetar a validade das provas produzidas com a delação da JBS.
Na quarta-feira (20), o STF (Supremo Tribunal Federal) deve retomar o julgamento de uma questão de ordem levada ao plenário pelo ministro Edson Fachin, relator do caso, sobre a possibilidade de suspender novas medidas de Rodrigo Janot até que se decida sobre a validade das provas da delação da JBS.
A defesa de Temer alega que as provas entregues pelos delatores da JBS não devem ser consideradas pela Justiça. Os advogados afirmam que a colaboração de executivos da empresa foi direcionada por integrantes da PGR.
Para que Temer vire réu por esses crimes, a Câmara deve autorizar a abertura de uma ação penal contra o presidente no Supremo. Para isso, são necessários os votos de ao menos 342 deputados. No início de agosto, os deputados rejeitaram o prosseguimento de uma denúncia por corrupção contra Temer.
PREVIDÊNCIA
Temer não tem tido conversas apenas sobre a nova denúncia de que é alvo.
Na sexta-feira, em São Paulo, recebeu em seu escritório o deputado Rogério Rosso (PSD-DF).
De acordo com o parlamentar, eles não conversaram sobre denúncia, mas sobre a reforma da Previdência.
Segundo Rosso, Temer admitiu que o Congresso deve aprovar um texto mais enxuto, que trata apenas da idade mínima e do fim de privilégios.
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