Com o desgaste de imagem causado pela nomeação de Moreira Franco, o presidente Michel Temer tem cumprido uma série de agendas positivas na tentativa de reverter a avaliação negativa no mercado financeiro e na opinião pública à concessão do foro privilegiado ao aliado citado na Operação Lava Jato.
Para um auxiliar presidencial, o governo federal deve reverter o clima de insatisfação com a decisão, evitando que ela reverbere em movimentos de rua e cause impacto no apoio da classe empresarial à administração peemedebista.
Os grupos MBL (Movimento Brasil Livre) e Vem Pra Rua, dois dos principais organizadores das manifestações que pediram o impeachment de Dilma Rousseff, anunciaram a convocação de novas manifestações para 26 de março.
Na terça (14), o presidente promoveu no Palácio do Planalto cerimônia para anúncio do calendário do saque de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Em discurso, o próprio peemedebista reconheceu que o assunto “já foi pré-apresentada no final do ano passado”.
No mesmo dia, ele participou de reunião de grupos de trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão. O encontros temáticos realizados fora do Palácio do Planalto não costumam ter a presença do presidente, mas apenas de auxiliares presidenciais.
Nesta quarta-feira (15), o governo federal organizou uma cerimônia de anúncio da liberação de milho dos estoques governamentais, um tipo de evento que costuma ser promovido no Ministério da Agricultura, não no Palácio do Planalto.
E, na quinta-feira (16), foi marcada uma cerimônia para sanção de medida provisória que reforma o ensino médio, iniciativa sobre a qual o próprio presidente já comemorou a aprovação no Congresso Nacional em discursos públicos.
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), manteve a nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria Geral da Presidência da República na quarta-feira (15).
Com a decisão, Moreira Franco garante, pelo menos temporariamente, o foro privilegiado junto à Suprema Corte.
Ele foi citado em delação da Odebrecht na Operação Lava Jato. A delação foi homologada no dia 30 de janeiro e Moreira passou a ter foro como ministro no dia 2 fevereiro de 2017.
O governo federal já esperava a decisão, mas receia que ela seja revertida no julgamento em plenário, ainda sem prazo para ocorrer.
Para um assessore presidencial, a presença de Alexandre de Moraes na Suprema Corte, caso seja aprovado pelo Senado Federal, poderá ser importante na conquista de uma maioria que mantenha Moreira Franco no cargo.
No cronograma de Temer, há um anúncio a ser feito: o do novo ministro da Justiça. Em sua conta no Twitter, o presidente afirmou que continuará a conversar nos próximos dias e que o escolha do titular da pasta será “pessoal, sem conotações partidárias”.
Temer publicou, ainda, que o encontro na terça (15) com Carlos Velloso, cotado para a vaga: “Conversamos privadamente por mais de 1h. Meu amigo há mais de 35 anos. Marcamos esse encontro diretamente”. (Folhapress)
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