Em ofício enviado ao juiz Sergio Moro nesta sexta-feira (9), o presidente Michel Temer (PMDB) se esquivou das perguntas do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e disse desconhecer sua participação na nomeação de cargos na Petrobras.
Temer foi chamado para depor como testemunha de defesa de Cunha, réu da Lava Jato. Na condição de presidente da República, porém, tinha direito a responder às perguntas por escrito.
Os advogados do ex-deputado haviam feito perguntas potencialmente incômodas ao presidente, como sobre doações em caixa dois e reuniões de campanha com fornecedores da Petrobras, que acabaram sendo indeferidas por Moro por serem consideradas “impertinentes” para o processo.
As respostas enviadas por Temer às 20 perguntas restantes têm, no máximo, duas linhas. A maioria se resume a “não tomei conhecimento” ou “não reconheço essa informação”.
Apesar de afirmar desconhecer qualquer atuação de Cunha na Petrobras, o presidente admitiu que a indicação de Jorge Zelada para a diretoria Internacional da estatal coube à bancada mineira do PMDB da Câmara.
À época, o líder da bancada era o deputado Fernando Diniz, morto em 2009. Veio da bancada a pressão para a nomeação de Zelada -segundo o Ministério Público, com o aval de Cunha.
Zelada era o diretor Internacional da Petrobras quando foi aprovada a compra de um campo de petróleo em Benin, na África, que teria rendido R$ 5 milhões em propina para Cunha, segundo a acusação.
Temer disse que “não tomou conhecimento” da participação de Cunha nessa indicação, tampouco da suposta ameaça do PMDB de paralisar a votação da CPMF, em troca da indicação na Petrobras.
O presidente, porém, confirmou reunião com o pecuarista José Carlos Bumlai para tentar manter Nestor Cerveró na diretoria da Petrobras -Cerveró acabou sendo substituído por Zelada.
(FOLHA PRESS)
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