22 de dezembro de 2024
Política

Temer obtém votos para barrar denúncia de corrupção na Câmara

(Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
(Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

O plenário da Câmara dos Deputados registrou às 20h15 desta quarta-feira (2) 158 votos contrários à denúncia em que a Procuradoria-Geral da República acusa o presidente Michel Temer de ter cometido crime de corrupção.

Em razão das ausências de deputados, tornou-se naquele momento impossível a obtenção de 342 votos favoráveis à denúncia, o que autorizaria o Supremo Tribunal Federal a analisar o caso, possivelmente levando ao afastamento do presidente por 180 dias.

A sessão continua. Cabe agora à base de apoio a Temer assegurar que haja pelo menos 342 votantes, número mínimo para que a sessão seja considerada válida.

Outros 126 deputados já votaram a favor da acusação do Ministério Público, que tem como base a delação de executivos da JBS.

Temer nega todas as acusações e diz que a peça assinada por Rodrigo Janot é uma “ficção” baseada em um ato criminoso patrocinado por um “cafajeste” e “bandido” -em referência à gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de uma conversa que o empresário teve com o presidente no porão do Palácio do Jaburu. Com a decisão da Câmara, a denúncia fica congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem.

TOMA LÁ, DÁ CÁ

Com um dos menores índices de popularidade da história, na casa dos 7%, Temer é o primeiro presidente da história do país denunciado no exercício do cargo.

Desde que ficou com o mandato sob risco, ele promoveu uma série de ações com o intuito de angariar votos na Câmara, principalmente de partidos do chamado “centrão”, grupo de legenda médias e grandes, como PP, PR e PTB, que reúne cerca de 200 deputados.

Ele recebeu individualmente mais de uma centena de deputados -só nesta terça (1º) se encontrou com ao menos 35, incluindo o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PP-SP), almoçou com 58 ruralistas e foi a um jantar para o qual foram convidados cem integrantes do baixo clero.

Vários pleitos foram atendidos, como cargos na máquina federal e dinheiro para as emendas que os parlamentares fazem ao Orçamento. Nesta quarta, por exemplo, o deputado Carlos Gaguim (Podemos-TO) foi à tribuna conclamar os ministros de Temer -vários deles no plenário da Câmara- a continuar a liberar verbas para as emendas.

O ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), que reassumiu o mandato de deputado para a votação desta quarta, conferia a todo momento com o deputado Beto Mansur (PRB-SP), no meio do plenário, lista com liberação de emendas aos deputados. Blairo Maggi (Agricultura) despachou de uma das cadeiras do plenário, com auxílio de assessores da pasta. Deputados chegaram a entregar aos ministros listas por escrito com seus pleitos na administração federal.

Até o fim da tarde de terça, véspera da sessão, aliados de Temer perceberam um clima de insatisfação entre deputados, principalmente do PP e do PR, que reclamavam de ter apenas a promessa do Planalto sobre a liberação de emendas. O cumprimento, porém, diziam eles, ainda não estava garantido.


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