SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer afirmou na manhã desta quinta (6) que o resultado das eleições municipais indica, indiretamente, que a população aprova medidas tomadas por seu governo e pela base aliada. A declaração foi dada em entrevista à rádio Jovem Pan.
“Essa votação do domingo revelou que a base aliada venceu fantasticamente. Isso significa, por via indireta, uma aprovação de tudo que foi feito até aqui, sob um foco eminentemente constitucional e legal”, afirmou.
O governo do presidente é considerado ótimo ou bom por 14% da população, de acordo com pesquisa CNI/Ibope divulgada na terça (4).
Ele afirmou, porém, que não se importa com a aprovação popular. “Se eu tiver, ao fim do governo, 5% de aprovação e tiver empregado 12 milhões de pessoas, estarei feliz.” O peemedebista defendeu a nomeação de Marx Beltrão (PMDB-AL) para o Ministério do Turismo. O correligionário é réu no STF sob a acusação de falsidade ideológica.
“O Beltrão não está envolvido na Lava Jato. A situação é que ele era prefeito no interior do Alagoas [da cidade de Coruripe] e formou um fundo de previdência complementar. Em um momento a prefeitura mandou para o INSS guias de pagamento sem ter recolhido o dinheiro”, disse Temer.
“Quando o MP entrou com ação, a prefeitura imediatamente recolheu. O pagamento impede qualquer condenação no STF, estou tranquilo quanto a isso”, afirmou.
CONTER GASTOS
Temer voltou a defender a necessidade de mudanças estruturais na legislação trabalhista e na previdência. Ele disse que, em cerca de uma semana, o Planalto deve apresentar uma proposta de reforma previdenciária.
O presidente mostrou convicção de que a PEC que estabelece um teto de gastos governamentais, foco de esforços do Planalto durante essa semana, será aprovada. “Tenho a sensação de que há muita possibilidade de aprovação. Diria que ela é quase segura”, disse.
Temer voltou a defender a necessidade de cortar gastos, especialmente na previdência. Ele comparou a situação do Brasil à da Grécia, que enfrenta uma crise econômica desde o início da década.
“O deficit da Previdência é assustador. Temos quase R$ 100 bilhões de deficit nesse ano. Ano que vem, a previsão é de R$ 160 bilhões”, disse.
O presidente fez um apelo aos jovens, pedindo apoio na aprovação da uma reforma previdenciária -cuja proposta, disse, deve ser finalizada pelo Planalto em torno de uma semana.
“Me dirijo especialmente aos jovens: se você não ajudar nisso, não vai ter o que receber quando se aposentar.”
Sobre a reforma das leis trabalhistas, o chefe de Estado voltou a sinalizar para a possibilidade de livre negociação entre empregadores e funcionários.
Ele afirmou que o STF já tem tomado decisões nesse sentido. “Há decisões do Supremo que definem o ‘acordado sobre o legislado’. Os sindicatos patronais e os sindicatos de empregados podem se reunir e decidir, por exemplo, diminuir o salário para manter o emprego”, disse.
PUBLICIDADE, OPOSIÇÃO E APOIO
Temer afirmou que o governo intensificou a publicidade para responder à críticas virulentas da oposição.
“Resolvemos reagir, porque se não, daqui há dois meses, vão dizer que tudo o que está acontecendo é culpa do Michel Temer”, disse, referindo-se a situação que recebeu do governo Dilma.
Ele disse, também, que o Planalto deve investir em campanhas publicitárias para informar a população sobre as propostas de reforma e limitação de gastos que, na avaliação do governo, são necessárias para a recuperação econômica.
“Não basta convencer o Congresso, é preciso convencer o povo. [É preciso] Que o desempregado saiba que a PEC [do teto de gastos] quer criar uma confiança geradora de investimentos”, afirmou. “Se a opinião pública estiver favorável, facilita para o Congresso votar favoravelmente.”
SUPREMO
“Hoje não fala mais o constitucionalista, fala o Presidente da República.” Com essa frase, Temer se recusou a comentar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que definiu a constitucionalidade da prisão após condenação em segunda instância. “Não posso mais ficar comentando o que o STF faz ou deixa de fazer”, disse.
Leia mais sobre: Política