19 de dezembro de 2024
Brasil

Temer diz que Padilha será mantido e que Geddel poderia ter saído antes

DE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em meio à maior crise política desde que assumiu o Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer garantiu neste domingo (27) que não afastará do cargo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e que ele atuou da mesma forma que ele próprio em conversa com o ex-ministro Marcelo Calero, da Cultura.

Em entrevista a veículos de imprensa, no Palácio do Planalto, o peemedebista disse que “não há razão” para demitir o ministro, apesar de haver a interpretação por parte de advogados e juristas de que ele pode ter cometido o crime de advocacia administrativa.

O crime é imprevisto quando um funcionário público promove interesses privados no governo federal. Em depoimento à Polícia Federal, Calero acusou Padilha de tê-lo pressionado a viabilizar um empreendimento imobiliário no qual o ex-ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, tinha um apartamento.

Segundo o presidente, Padilha sugeriu ao ministro que levasse o episódio para ser analisado pela AGU (Advocacia-Geral da União), já que havia um conflito técnico entre dois órgãos governamentais.

“O que o ministro Eliseu Padilha fez foi o que eu, de alguma maneira, disse. Ele sugeriu o que a lei determina e mandou ouvir a AGU”, disse.

O presidente também reconheceu que seria melhor para o governo federal que Geddel Vieira Lima tivesse deixado antes o cargo, o que ocorreu apenas na última sexta-feira (25), quase uma semana depois da publicação de entrevista pela Folha de S.Paulo em que Calero o acusou de atuar por interesse pessoal.

“Não acho que demorou. Se talvez tivesse saído antes, seria melhor. O episódio tomou uma dimensão extraordinária, porque colocou no meu colo, como se eu fosse o advogado de uma causa. Se tivesse demorado menos, seria melhor, mas também não causa prejuízo de volume”, disse.

Após a entrevista à imprensa, o presidente disse ainda que só soube que Geddel tinha um apartamento no condomínio La Vue Ladeira, em Salvador, em conversa com Calero.

ODEBRECHT

O presidente admitiu ainda haver preocupação com o envolvimento de sua equipe ministeril nas delações premiadas de executivos da Odebrecht, que devem ser fechadas nas próximas semanas.

“Dizer que não há preocupação, estaria sendo ingênuo”, disse, ao falar de sua “preocupação institucional”.

Ele disse que, quando tiver as informações das delações, analisará cada caso.

“Vou verificar o que vem, qual o gesto concreto em relação a essas delações”, afirmou. “Quando vier, vamos verificar caso a caso. Não posso falar genericamente”, acrescentou.


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