O presidente Michel Temer confirmou ter se encontrado com o “homem da mala” do grupo JBS, Ricardo Saud. Apesar de confirmar à reportagem as reuniões, a assessoria do presidente não mencionou quantas vezes elas ocorreram. “Poucas vezes, mas não chegaram a sete como ele afirmou”, diz em nota.
Saud, que ocupava o cargo de diretor de Relações Institucionais do grupo JBS, disse em acordo de delação premiada ter se encontrado sete vezes com Temer em 2014.
O Palácio do Planalto também não especificou, como pedido, onde e quando ocorreram esses encontros.
De acordo com o depoimento prestado pelo executivo ao Ministério Público Federal, as reuniões ocorreram entre julho e outubro de 2014, em três endereços: na vice-presidência, no Palácio do Jaburu e no escritório de Temer, em São Paulo.
Saud narrou que, nesses encontros, foram tratados repasses para o PMDB em meio às eleições daquele ano.
Ele afirmou ainda que Temer teria pedido R$ 1 milhão para ele próprio. O valor teria sido entregue em dinheiro na Argeplan Arquitetura e Engenharia, que tem como sócio o coronel aposentado João Baptista Lima, amigo de Temer.
O delator contou também ter tratado com Temer o repasse de outros R$ 14 milhões a seus aliados do PMDB.
Esse dinheiro era proveniente de uma “conta-corrente” do PT, partido com o qual o PMDB era coligado em 2014, referente a negócios que a JBS mantinha com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Homem da mala
Saud entregou ao deputado Rocha Loures (PMDB-PR) uma mala com R$ 500 mil em dinheiro. A entrega foi filmada pela Polícia Federal em uma ação como parte do acordo de delação dos irmãos Batista.
O deputado afastado entregou à PF o dinheiro.
Em pronunciamento, Temer tentou minimizar a relação com os executivos da JBS. (Folhapress)
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