A reforma da Previdência deve ser alterada ao passar pelo Congresso Nacional, hoje o “senhor absoluto” da matéria, admitiu o presidente Michel Temer nesta sexta-feira (17), em reunião com empresários na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O ideal seria preservar a “espinha dorsal” do projeto formulado pelo Executivo -que já acumula 146 emendas na passagem pela Câmara. Mas adaptações já são previstas no horizonte, como “adequações talvez sobre os mais carentes”.
Temer questionou as motivações dos que se manifestam contra a proposta. “Vejo com frequência que há movimentos de protesto que são de natureza política”, disse dois dias após setores de esquerda levarem dezenas de milhares às ruas para protestar contra a mudança nas regras da aposentadoria.
Ao lembrar da crise previdenciária nos Estados, o presidente disse que o governo federal só irá ao socorro deles se houver contrapartida, para não ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Caso contrário, a fatura pode chegar, disse. “Se eu piscar, vira logo um pedido de impeachment contra o presidente da República.”
“Cortar na própria carne”
“É preciso o governo cortar na própria carne”, afirmou em bate-papo com o empresariado. Fala no dia em que a Polícia Federal deflagrou a maior operação de sua história, a Carne Fraca, contra um dos setores de maior peso da indústria brasileira, os frigoríficos.
Mas Temer se referia não ao pecado da carne, e sim ao dos gastos públicos sem freio. Citava como porto de estabilidade para a economia o teto de gastos aprovado por seu governo para limitar as despesas públicas pelas próximas duas décadas.
O Brasil que o presidente pintou desconhece termos como crise política e Lava Jato -ele até louvou seu ministro Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), ali presente (“o que ele faz é sempre inovar, um inovador”).
Kassab é um dos seis ministros de Temer que aparece na lista apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, após a delação premiada da Odebrecht.
Segundo o peemedebista, outro motivo para se entusiasmar é a inflação, que pode chegar a 4% até o fim do ano, abaixo da meta de 4,5%.
Ele participou de reunião do MEI (Mobilização Empresarial para Inovação), que reúne 50 grandes empresas -entre elas Embraer, Natura, Microsoft e Avon.
A representantes desse grupo Temer lembrou da capa da “Economist” desta semana, que põe o Brasil como uma das economias em “surpreendente ascensão”. A bandeira nacional estampa um dos balões que sobem ao céu em ilustração da revista, ao lado de países como Japão e EUA. (Folhapress)
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