05 de dezembro de 2025
REFLEXOS

Tarifas de Trump contra o Brasil podem fortalecer Lula rumo a 2026, diz BTG

Medida de Trump, vista como política e ideológica, pode beneficiar Lula eleitoralmente, segundo relatório do BTG Pactual
Analistas do BTG avaliam que cenário favoreceu Lula pondo em cheque retaliação de fundo ideológico de Trump - Foto: Ricardo Stuckert / PR arquivo
Analistas do BTG avaliam que cenário favoreceu Lula pondo em cheque retaliação de fundo ideológico de Trump - Foto: Ricardo Stuckert / PR arquivo

Recebida por muitos especialistas como uma decisão sem base econômica e apenas político-ideológica, que atenta contra a soberania brasileira, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% ao Brasil, pode reverter-se eleitoralmente a favor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A avaliação consta de relatório publicado na manhã desta quinta-feira (11) por analistas do BTG Pactual.

A área de análise do banco aponta que as implicações políticas do episódio podem beneficiar politicamente Lula no cenário eleitoral de 2026.

Entre os fatores que levam a essa avaliação está a movimentação da base de apoio do governo no Congresso que, segundo os analistas do BTG, sugere que a medida leva para o campo aberto e intensifica o embate entre Lula e seu maior antagonista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mencionado no início da carta de Trump anunciando a punição.

“Analistas políticos acreditam que essa nova narrativa pode aumentar a popularidade de Lula e reposicionar seu discurso com vistas às eleições de 2026″, afirma o documento assinado por oito analistas do banco, divulgada pelo portal Uol.

Os autores prosseguem afirmando que, por exemplo, “o PT recebeu a notícia com entusiasmo, classificando a ação de Trump como uma violação da soberania brasileira e posicionando Lula como o líder apto a defender o país diante do que considera uma decisão arbitrária”. Não foi citada na análise, mas nas redes sociais também começou uma ação em massa dirigida aos perfis de Trump, condenando sua estratégia.

Considerando que, na verdade, a balança comercial dos EUA tem superávit em relação ao Brasil, ou seja, eles mais exportam do que importam, a decisão da Casa Branca tem origem em questões políticas, e não comerciais, avaliam os analistas do BTG. Tanto é que o governo Trump justificou as tarifas com base no que considera ser um tratamento injusto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que foi condenado e é réu em outros processos, e em alegadas restrições à liberdade de expressão no Brasil.

Saídas possíveis

Ainda segundo o banco, a maioria das exportações brasileiras afetadas pela hiper taxação de Trump poderá ser redirecionada a outros mercados ao longo dos próximos trimestres, minimizando as perdas no saldo comercial. “A estimativa do BTG é que o superávit brasileiro possa recuar em US$ 7 bilhões em 2025 e US$ 13 bilhões em 2026”, informou o portal.

O anúncio das novas tarifas, previstas para entrar em vigor em 1º de agosto, ocorre em um contexto em que cerca de 12% das exportações nacionais têm os Estados Unidos como destino, o que representa 1,7% do PIB. Mas ironicamente, entre setores impactados estão inclusive empresas dos EUA instaladas no Brasil que terão produtos encarecidos para exportar aos próprios norte-americanos.

O relatório conclui que, mesmo com repercussões negativas em setores como aviação executiva e papel e celulose, a medida adotada por Trump não deve trazer risco estrutural à economia brasileira.

Segundo o relatório, a nova tarifa incide sobre todos os produtos brasileiros, com exceção daqueles já sujeitos a tarifas setoriais.


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