05 de dezembro de 2025
Transporte

Tarifa de ônibus sobe 2,9% no Entorno do DF; veja valores atualizados

Com aumento de 2,9% autorizado pela ANTT, moradores do Entorno enfrentam tarifas mais caras. Goiás e DF defendem criação de consórcio para reduzir custos ao usuário
Ônibus do transporte coletivo na região do Entorno do DF. Foto: Secom Governo de Goiás/Divulgação.
Ônibus do transporte coletivo na região do Entorno do DF. Foto: Secom Governo de Goiás/Divulgação.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) rejeitou, na tarde desta segunda-feira (22), o pedido dos governos de Goiás e do Distrito Federal para adiar o reajuste nas tarifas de ônibus semiurbanos que ligam cidades goianas ao Distrito Federal. Com a decisão, o aumento de 2,9% entra em vigor nesta terça-feira (23), impactando diretamente milhares de trabalhadores que se deslocam diariamente para Brasília.

Este é o terceiro reajuste anunciado pela ANTT em 2024. Nos dois primeiros, a própria agência havia concordado com a postergação, diante das negociações entre Goiás, Distrito Federal e União para a criação de um consórcio interfederativo. Desta vez, a agência foi taxativa: sem a entrega da versão final e assinada da proposta do consórcio, não haveria fundamento legal para uma nova suspensão da recomposição tarifária.

De acordo com a ANTT, o aumento é um direito assegurado às empresas de transporte por lei, sendo necessário para garantir o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos e assegurar a continuidade do serviço.

Consórcio emperrado

Na semana passada, os governos de Goiás e do Distrito Federal formalizaram o início do processo de criação de um consórcio para gestão compartilhada do transporte no Entorno, com a promessa de dividir custos e subsidiar tarifas. O objetivo é reduzir o valor pago pelo usuário e melhorar a qualidade do serviço.

No entanto, a ANTT considerou que o protocolo apresentado ainda não atende todos os critérios técnicos exigidos, motivo pelo qual o pedido de adiamento foi rejeitado.

Reação de Caiado e Ibaneis

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), voltou a criticar a decisão da agência reguladora. Ele argumenta que a União ignorou as soluções já apresentadas e que a prioridade dada ao equilíbrio financeiro das transportadoras deixa em segundo plano os usuários, principais prejudicados com a alta.

“Somos contra mais esse aumento na tarifa. O governo federal segue ignorando as soluções viáveis já apresentadas para conter a alta e penaliza os trabalhadores da região”, afirmou Caiado.

O governador lembrou que, em Goiânia e Região Metropolitana, o modelo de gestão compartilhada com os municípios congelou a tarifa em R$ 4,30 desde 2019, mesmo com a renovação da frota e investimentos em veículos elétricos e infraestrutura. “Queremos que esses benefícios também cheguem aos moradores do Entorno do DF. São pessoas que ajudam a mover a economia de Brasília e merecem um transporte mais digno”, completou.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também defende o consórcio como a única solução estruturante para enfrentar a alta recorrente das tarifas.

Negativa da União

O impasse se agravou após o Ministério dos Transportes vetar, em agosto, a participação e o financiamento da União no consórcio, apesar de o plano original ter sido construído em conjunto com técnicos da pasta. A ANTT também já havia comunicado que não integraria o projeto.

Os governos estaduais alegam contradição por parte do governo federal e reforçam que, constitucionalmente, cabe à União a regulação e a gestão do transporte semiurbano interestadual.

“Não é fácil implementar uma estrutura tão complexa, que exige investimentos pesados. Mas não se pode deixar de reconhecer que a mobilidade urbana envolve milhões de pessoas que precisam de um serviço digno”, afirmou o secretário-geral de Governo de Goiás, Adriano da Rocha Lima.

Novos preços das tarifas

Com o reajuste de 2,9%, os valores variam conforme a cidade de origem e o itinerário. Confira alguns exemplos:

Empresa Amazônia Inter Turismo

  • Planaltina (GO) – Brasília (DF): R$ 11,35
  • Planaltina (GO) – Sobradinho (DF): R$ 7,45
  • Planaltina (GO) – Planaltina (DF): R$ 6,05
  • Formosa (GO) – Planaltina (DF): R$ 8,00
  • Planaltina (GO) – Brasília (DF) [serviço diferenciado]: R$ 22,90

Empresa Central Expresso

  • Luziânia (GO) – Brasília (DF): R$ 10,70
  • Luziânia (GO) – Gama (DF): R$ 7,95
  • Luziânia (GO) – Taguatinga (DF): R$ 12,05

Empresa Kandango (Catedral Turismo)

  • Parque Industrial Mignone (GO) – Brasília (DF): R$ 9,05
  • Parque Industrial Mignone (GO) – Gama (DF): R$ 5,90
  • Parque Industrial Mignone (GO) – Taguatinga (DF): R$ 10,40

Empresa Rota do Sol

  • Lago Azul (Novo Gama/GO) – Brasília (DF): R$ 12,05

Empresa Global Transportes Rodoviárias

  • Águas Lindas (GO) – Brasília (DF): R$ 11,15

Empresa RM Transporte

  • Santo Antônio do Descoberto (GO) – Brasília (DF): R$ 10,45
  • Santo Antônio do Descoberto (GO) – Taguatinga (DF): R$ 8,30

Empresa UTB – União Transporte Brasília

  • Águas Lindas (GO) – Brasília (DF): R$ 11,15
  • Monte Alto (GO) – Brasília (DF): R$ 10,10
  • Monte Alto (GO) – Brazlândia (DF): R$ 2,90
  • Valparaíso (GO) – Brasília (DF): R$ 7,80
  • Cidade Ocidental (GO) – Brasília (DF): R$ 8,65
  • Novo Gama (GO) – Brasília (DF): R$ 10,10
  • Águas Lindas (GO) – Brasília (DF) [serviço diferenciado]: R$ 22,55
  • Cidade Ocidental (GO) – Brasília (DF) [serviço diferenciado]: R$ 17,55

Viação Transporte Coletivo do Entorno

  • Águas Lindas (GO) – Brazlândia (DF): R$ 5,95

Os chamados serviços diferenciados utilizam ônibus especiais, com tarifas mais altas, e não são obrigatórios para os usuários.

Impacto direto nos trabalhadores

O reajuste atinge principalmente moradores de cidades como Luziânia, Valparaíso, Novo Gama, Cidade Ocidental, Santo Antônio do Descoberto, Planaltina e Águas Lindas, que dependem do transporte semiurbano para acessar empregos, escolas e serviços em Brasília.

Para sindicatos e associações de moradores, o aumento, mesmo que abaixo da inflação acumulada no setor, pesa no orçamento das famílias que já enfrentam altos custos de deslocamento diário.


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