04 de novembro de 2024
Continental

Mais de 3,5 milhões de casos: surto de dengue pode ser o maior da história nas Américas

Alerta foi feito pela Organização Pan-americana da Saúde (Opas) nesta quinta-feira (28)
O Brasil lidera o ranking com 2.966.339 casos de dengue e 758 mortes. (Foto: reprodução)
O Brasil lidera o ranking com 2.966.339 casos de dengue e 758 mortes. (Foto: reprodução)

O continente americano já somou mais de 3,5 milhões de casos de dengue registrados nos primeiros três meses deste ano e, por isso, enfrenta a possibilidade de testemunhar, em 2024, o pior surto da doença já registrado em sua história. Essa quantidade é cerca de três vezes maior do que o número total de casos relatados no mesmo período do ano anterior. A Organização Pan-americana da Saúde (Opas) emitiu o alerta nesta quinta-feira (28).

A Opas aponta que Brasil, Argentina e Paraguai são responsáveis por mais de 90% dos casos e por mais de 80% das mortes por dengue nas Américas. O Brasil lidera o ranking com 2.966.339 casos e 758 mortes, seguido pelo Paraguai, com 191.923 casos e 50 mortes, e pela Argentina, com 134.202 casos e 96 mortes.

Durante uma coletiva de imprensa, o diretor-geral da Opas, Jarbas Barbosa, expressou preocupação com a situação do continente. Ele observou que países como Barbados, Costa Rica e Guatemala, onde os surtos de dengue geralmente ocorrem no segundo semestre, já estão relatando aumento nos casos da doença. Porto Rico, por exemplo, declarou situação de emergência devido à dengue no início da semana.

Barbosa salientou que, em 2024, os quatro sorotipos da dengue estão em circulação nas Américas e que quando dois ou mais sorotipos estão circulando, o risco de casos graves aumenta significativamente. Até o momento, dados da Opas indicam que pelo menos 21 países do continente já relataram a circulação de mais de um sorotipo, incluindo o Brasil.

As causas ambientais desempenham um papel crucial no cenário epidemiológico identificado nas Américas, conforme destacado por Barbosa. Ele mencionou, por exemplo, as altas temperaturas, ondas de calor e secas intensas, que levam as pessoas a armazenar água de forma inadequada, além de inundações que contribuem para o aumento da circulação do mosquito vetor.

Sobre a possibilidade de declarar emergência em saúde pública de interesse internacional, Barbosa explicou que os cenários da dengue e do vírus Zika são distintos. Em 2016, a emergência foi declarada devido à forte relação entre o vírus Zika e casos de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas. Na dengue, apesar do aumento na transmissão, não houve mudança na expressão clínica da doença ou nos sintomas.

“A dengue é um desafio importante. Quando há uma epidemia, quase todas as pessoas entram em contato com aquele sorotipo. Depois, passamos por um período de três ou quatro anos até que ocorra outro surto. Parece que a doença desapareceu, mas precisamos de programas permanentes nas Américas para identificar novos surtos precocemente”, concluiu Barbosa.

Vacinação

Jarbas Barbosa também disse que a estratégia de vacinação para combater o surto de dengue pode levar até oito anos para efetivamente reduzir a transmissão da doença em meio a epidemias como a enfrentada atualmente nas Américas. “É importante ressaltar que a vacina que está disponível é uma vacina de duas doses e que precisa de três meses entre uma dose e outra. Ou seja, a vacina não é uma ferramenta para controlar a transmissão neste momento”, detalhou. “A grande ferramenta de controle da transmissão da dengue segue sendo a eliminação dos criadouros do mosquito.”

Em entrevista à imprensa, Jarbas lembrou que o laboratório japonês Tateka, responsável pela produção da vacina Qdenga, possui capacidade limitada de fabricação de doses. O Brasil, neste momento, segundo ele, é o país do continente que mais conta com doses disponíveis para a população em termos absolutos.

Com informações da Agência Brasil


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