O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quarta (26) que as universidades públicas podem cobrar mensalidade em curso de especialização lato sensu (como pós-graduação).
Os cursos de mestrado e doutorado (stricto sensu) continuam com gratuidade garantida.
Nove ministros seguiram o voto do relator, Edson Fachin. O ministro Marco Aurélio votou contra, e Celso de Mello não estava presente no julgamento.
A decisão tem repercussão geral, ou seja, vale para todas as instâncias do Judiciário.
Outros 51 casos estão esperando a decisão do STF.
Processo
O debate foi parar no Supremo pela UFG (Universidade Federal de Goiás), que questionou decisão do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). O tribunal considerou inconstitucional a cobrança de mensalidade em um curso de pós-graduação lato sensu em direito constitucional oferecido pela universidade.
A UFG sustentou que o curso de pós-graduação é uma especialização, e não pesquisa acadêmica, que precisa do apoio do Estado.
Para o TRF-1, a UFG não respeitou a garantia constitucional de gratuidade de ensino público.
Mas, para o ministro Fachin, essa garantia não elimina a cobrança de mensalidade em curso de especialização por parte das universidades públicas. Ele destacou que a Constituição diferencia “ensino”, “pesquisa” e “extensão”. Em seu entendimento, o curso de “extensão” -lato sensu, quesito em qual a pós-graduação se encaixa-, não entra no que é obrigatoriamente gratuito.
“É possível às universidades, no âmbito de sua autonomia didático-científica, regulamentar, em harmonia com a legislação, as atividades destinadas preponderantemente à extensão universitária, sendo-lhes, nessa condição, possível a instituição de tarifa”, disse Fachin.
Ao votar, o ministro Luís Roberto Barroso disse que o modelo de educação entra no racha político-partidário do Brasil e que isso precisa ser repensado.
“Precisamos fazer diagnóstico do ensino publico no país”, disse Barroso.
Ele afirmou que diversas greves são feitas em universidades públicas todos os anos e isso é um indicador de que o modelo atual não funciona.
Presidente da Corte, a ministra Cármen Lúcia concordou: “Temos que repensar o Brasil colocando na conta a educação”.
Ela destacou que a crise no sistema carcerário não teria a atual dimensão caso o país tivesse investido em educação nas últimas décadas.
“Quando se tratam dos cursos de extensão, as universidades se valem de espaços ociosos”, disse a presidente. (Folhapress)
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