Em 1992, os universitários Matt Stone e Trey Parker decidiram produzir um curta em stop-motion sobre crianças que invocavam um boneco de neve demoníaco e depois imploravam a Jesus que os salvasse. Três anos mais tarde, fizeram outro vídeo parecido. A produção, feita com papel, tesoura e uma câmera 8mm, foi colocada na internet e viralizou.
20 anos mais tarde, Stone e Parker são responsáveis por um dos desenhos mais populares da TV americana, vencedor de quatro Emmys: “South Park”.
Ao longo de 20 temporadas -e já com a 21ª confirmada para setembro deste ano-, os garotos Cartman, Stan, Kyle, Kenny e Butters ofenderam de Tom Cruise a Maomé com suas piadas politicamente incorretas e sofreram ameaças até de grupos religiosos.
A série é, hoje, a segunda animação mais velha da televisão americana: perde apenas para “Os Simpsons”, que está no ar desde 1989.
Antes conhecida por bater em todo mundo, “South Park” agora vem se concentrando na crítica política -principalmente à administração do presidente americano Donald Trump.
Nas últimas duas temporadas, Parker e Stone criaram uma narrativa que mistura uma Catelyn Jenner com dificuldades de fala -matriarca da família Jenner-Kardashian-, um Donald Trump construído para ser opressor -representado por um ex-professor homossexual do colégio dos garotos- e um empreendedor Elon Musk para falar sobre o avanço dos movimentos sociais e o retrocesso político e moral que vem acontecendo nos EUA.
Outro tema muito explorado é a crítica aos movimentos sociais. Na 19ª temporada, por exemplo, a diretora da escola foi substituída por um professor recém-formado musculoso politicamente correto que quer impor violentamente um bom comportamento em seus alunos.
A ideia de uma crítica mais focada parece estar dando certo: o último episódio da 20ª temporada, “Member Berries”, foi assistido por 3,7 milhões de pessoas -número 27% maior que o encerramento da 19ª temporada.
Apesar da popularidade, os criadores Trey Parker e Matt Stone disseram que não vão mais atacar o presidente na próxima temporada, porque os desmandos de Trump no cargo “perderam a graça” e ele virou um “alvo fácil demais”.
“Nesta temporada, quero que o Cartman se vista como robô e zoe com o Butters, porque isso para mim é o fundamental de South Park: crianças sendo crianças e sendo ridículas e ofensivas, não ‘você viu o que o Trump fez noite passada?'”, disse um dos criadores, Trey Parker, em entrevista ao Los Angeles Times. (Folhapress)
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