O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) concedeu entrevista para falar sobre seus projetos, sobre política nacional, economia e fazer um balanço da sua vida pública. Maior líder político do Estado de Goiás, com quatro mandatos de governador, senador da República, deputado estadual e federal, Marconi alcançou alto grau de maturidade política.
Marconi afirmou encarar a política como uma atividade que os agentes públicos devem exercer com objetivo único de melhorar a vida das pessoas. “Política não é uma arena onde a gente vai para uma guerra. Eleições são um momento onde o eleitor tem a oportunidade de ouvir propostas, de acompanhar um debate de alto nível de ideias”, apontou.
Disse ter planos de chegar ao Senado para ajudar o País a mudar rotas e estabelecer novos parâmetros federativos. “Sou movido a desafios e vou trabalhar para fazer mais pelo nosso Estado e pelo Brasil”, afirmou. Marconi conta com a experiência de quem liderou um grupo de estados do Centro Norte brasileiro, quando presidiu em duas oportunidades o Consórcio Brasil Central, que congrega os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Maranhão, Tocantins e Distrito Federal.
Confira os principais trechos:
“Vou apresentar projeto para que as forças armadas estejam lá na fronteira do Brasil com os países que mandam armas e drogas para a infelicidade de nossas famílias”.
Em Goiás, criamos em 2002 o Comando de Operações de Divisas, que operou em nossas fronteiras. O resultado foi muito expressivo. Em seis anos, recuperamos mais de 280 veículos furtados e roubados, apreendemos mais de 400 armas de fogo, recapturamos mais de 350 foragidos da Justiça, apreendemos mais de 56.000 quilos de drogas que entrariam em nosso Estado e também mais de R$ 35 milhões em mercadorias provenientes de contrabando e descaminho. Essa ação, além de descapitalizar as quadrilhas, reduziu consideravelmente crimes que seriam executados por meio de todas essas apreensões.
“Vou buscar financiamento da União para novos colégios militares em todo o Brasil”
Em outra frente, também vou buscar financiamento da União para novos colégios militares em todo o Brasil. Está comprovada a eficácia da implantação de colégios militares em locais de vulnerabilidade social no sentido de proteger nossos jovens que são aliciados pelo crime.
No Senado, vou trabalhar pela criação de um Fundo de Segurança Pública, a partir da vinculação de recursos da União, com objetivo de fomentar projetos de segurança, equipar e remunerar melhor as polícias.
Quero levar para o Congresso Nacional nossa expertise na área. A segurança em Goiás melhorou em todos os níveis. Os policiais mais antigos sabem como era. Tinha um Fiat 147 que vivia quebrado nas oficinas. O governo não pagava as oficinas. Não tinha revólver para ir atrás de bandido, não tinha gasolina. Era um desastre. O policial ganhava R$ 200 por mês. Investi muito na inteligência, nos laboratórios para elucidar rapidamente os crimes.
“Vou lutar pela redução de 1/3 no número de deputados e senadores”
Mesmo sabendo que encontrarei resistência, vou lutar pela redução de 1/3 no número de deputados e senadores, com objetivo de economizar de R$ 680 milhões por ano, reduzindo de 3 para 2 senadores por unidade da federação. Com a redução do número de cadeiras, consequentemente cairão os custos pra manutenção de gabinetes e os valores que poderão ser aplicados em áreas essenciais como saúde, educação e segurança.
“Vamos atuar pela atualização da chamada Tabela Unificada do SUS, que estabelece os valores dos procedimentos médicos e de internações”
Vou influenciar o governo federal pelo reajuste da tabela do SUS. Hoje, estados e municípios têm de custear, por exemplo, a diferença do valor que o Governo Federal paga por uma Unidade de Terapia Intensiva. Atualmente, os hospitais recebem em torno de R$ 600 por uma diária de internação na UTI. Vamos atuar na atualização da chamada Tabela Unificada do SUS, que estabelece os valores dos procedimentos médicos e de internações. Para viabilizar o reajuste, vamos propor o corte de despesas com a máquina pública.
“Vou defender o Brasil e, é claro, defender o Estado de Goiás, defender essas ideias que eu tenho e quero levar para lá”
A União tem que repassar mais dinheiro para os estados para que as prefeituras sejam beneficiadas. Como governador, sempre trabalhei para o povo. Com o Goiás na Frente levei dinheiro aos municípios para que os prefeitos pudessem fazer melhorias para a população e assim eu quero continuar como senador. Vou defender o Brasil e, é claro, defender o Estado de Goiás, defender essas ideias que eu tenho e quero levar para lá.
“Conseguimos suportar a pressão da retração econômica e continuar com nossa economia saudável, pagando os servidores em dia”
Nos últimos 20 anos, Goiás sempre foi destaque positivo em relação aos demais entes da Federação, com índices de crescimento, exportação, empregos e parâmetros sociais, todos bem acima da média do Brasil. Na crise não foi diferente. No fim do meu terceiro mandato, tivemos a sensibilidade em nos antecipar e cortar gastos, diminuir a quantidade de secretarias, reduzir o tamanho da máquina. Como resultado, assistimos – tristes – estados como Rio, Minas e Rio Grande do Sul com severas dificuldades de custeio, inclusive para serviços básicos como saúde e segurança. Nós, como fizemos a lição de casa, conseguimos suportar a pressão da retração econômica e continuar com nossa economia saudável, pagando os servidores em dia, com serviços básicos sendo oferecidos com qualidade e, mais, ainda, com fazendo investimentos de mais de R$ 9 bilhões, por meio do Programa Goiás na Frente, em obras em todas as regiões do Estado. Não por acaso, Goiás foi o primeiro Estado a reverter a tendência de queda do PIB na pior crise econômica enfrentada pelo País.
“Vou defender no Senado a manutenção dos incentivos fiscais para que estados como Goiás continuem competitivos na atração de investimentos e na geração de emprego”
Vou levar para o Congresso minha disposição em gerar empregos. Vou defender no Senado a manutenção dos incentivos fiscais ou a criação de um fundo de recursos que compense eventuais perdas, para que esse dinheiro possa ser usado com essa finalidade. Desta maneira, estados como Goiás e demais do Centro Norte do Brasil continuarão competitivos na atração de investimentos e, por conseguinte, na geração de emprego e renda.
“O Crer já está no nível 3 [de acreditação], que é o máximo da excelência no Brasil comparado com hospitais do nível do Einstein e Sírio Libanês.”
Não titubeie em chamar as Organizações Sociais para cuidar dos hospitais porque eu senti que eram mais eficientes. Hoje temos cinco ou seis hospitais do governo do Estado que tem a certificação de excelência da Organização Nacional de Acreditação. O Crer já está no nível 3, que é o máximo da excelência no Brasil comparado com hospitais do nível do Einstein e Sírio Libanês.
“Fortalecer o ensino superior sempre foi prioridade em meus governos. Seguirei com este espírito no Congresso Nacional”
Sempre trabalhei pensando em qualificar nossos jovens para ocuparem as melhores vagas no mercado de trabalho. Por isso, fortalecer o ensino superior sempre foi prioridade em meus governos. Seguirei com este espírito no Congresso Nacional. Criar o Bolsa Universitária era um compromisso com o jovem. Porque o jovem pobre que trabalhava durante o dia não dia dinheiro para pagar a faculdade à noite. E naquela época só tínhamos seis ou sete universidades ou faculdades. Hoje temos mais de 70. Isso foi muito estimulado pela Bolsa Universitária. Eu comecei com 4 mil estudantes beneficiados. Hoje já são quase 200 mil jovens pobres que não teriam tido acesso ao diploma e ao melhor emprego. Quando eu criei a Universidade Estadual eu me lembrei de quando eu morava em Palmeiras. Eu tive que vir para Goiânia porque não tinha uma universidade no interior. A UEG está hoje em todos os cantos de Goiás dando oportunidade de formar jovens. Hoje tem curso de medicina, direito, psicologia, engenharias, agronomia, licenciatura. A UEG já formou mais de 100 mil alunos.
Quando cheguei ao governo só tínhamos uma Universidade Federal. Batalhei duro e hoje já temos mais duas universidades federais. Importante frisar que investimos pesado no fomento às pesquisas e extensão. Criei a Fundação de Amparo a Pesquisa para ajudar os cientistas a pesquisarem, a trabalharem a inovação, para melhorar a qualidade dos nossos produtos em Goiás.
“A liderança de Goiás no Ideb é resultado de trabalho, trabalho e mais trabalho. De nossa parte e também dos nossos servidores e alunos. Nosso país precisa melhorar também o ensino público”
Nada acontece sem muito trabalho e espírito público. A liderança de Goiás no Ideb é resultado de trabalho, trabalho e mais trabalho. De nossa parte e também dos nossos servidores, que não deixam cair o nível do ensino público. Os números são resultado direto de um conjunto de ações que o Governo de Goiás vem aplicando na Educação. Mas nada disso seria possível sem o esforço da comunidade escolar. Parabéns aos diretores, professores, coordenadores e, principalmente, aos alunos. O mérito é todos. Estamos satisfeitos com os avanços, mas ainda queremos mais. O governador Zé Eliton propôs mais formação para os professores, com o Mestrado Profissional, e outra série de investimentos voltados para os alunos, para que priorizem os estudos. Nosso país precisa melhorar também o ensino público.
“Política não é uma arena onde a gente vai para uma guerra. Eleições são um momento onde o eleitor tem a oportunidade de ouvir propostas”
Nos últimos anos, os ânimos políticos têm ficado cada vez mais exaltados. As disputas saíram, de vez, do campo das ideias, das ideologias, e partiram para as agressões. Eu já disputei muitas eleições e com candidatos de alto nível e respeitosos. Política não é uma arena onde a gente vai para uma guerra. Eleições são um momento onde o eleitor tem a oportunidade de ouvir propostas, de acompanhar um debate de alto nível de ideias. Aqui em Goiás tem gente que nunca suou pra nada, nunca fez nada, nunca plantou um prego no sabonete e de repente vai para o ar-condicionado e vive de fake news e de tentar desconstruir a imagem dos que já construíram, mas não adianta. A mentira tem perna curta. Ninguém acredita nisso mais. O importante é o que foi feito. Eu tenho aqui o Eclesiastes 16,14 relativamente a obras que diz: ‘cada um é tratado segundo as suas obras’. Eu não consegui colocar no meu programa de televisão 10% do que foi feito em cada canto desse Estado com um objetivo simples: melhorar a vida das pessoas.
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