07 de janeiro de 2025
Investigação

Soldado israelense alvo de investigação no Brasil por supostos crimes de guerra deixa o país

Investigação foi solicitada pela Fundação Hind Rajab (HRF), uma organização internacional conhecida por denunciar crimes cometidos contra palestinos
Vagdani estava no país para uma temporada de férias e, antes de partir, foi intimado pelas autoridades brasileiras. Foto: Reprodução/redes sociais.
Vagdani estava no país para uma temporada de férias e, antes de partir, foi intimado pelas autoridades brasileiras. Foto: Reprodução/redes sociais.

O soldado israelense Yuval Vagdani, identificado como membro do 432º Batalhão das Brigadas Givati das Forças de Defesa de Israel (FDI), deixou o Brasil neste domingo (5) após ser alvo de uma investigação aberta pela Justiça brasileira. Vagdani estava no país para uma temporada de férias e, antes de partir, foi intimado pelas autoridades brasileiras. Ele estava em Morro de São Paulo, na Bahia, com amigos, conforme registros obtidos por meio dos autos judiciais.

A investigação foi solicitada pela Fundação Hind Rajab (HRF), uma organização internacional conhecida por denunciar crimes cometidos contra palestinos, e já gerou uma série de desdobramentos legais. A HRF acusou Vagdani de participação em crimes de guerra, especificamente na demolição controlada de um quarteirão inteiro na região conhecida como corredor Netzarim, na Faixa de Gaza, durante um período em que não havia combate ativo. A organização afirma que a ação teve a intenção de causar danos indiscriminados à população civil da região.

De acordo com os documentos do caso, obtidos pelo Metrópoles, a HRF apresentou provas consistentes para embasar suas alegações. A investigação foi complementada com imagens e vídeos de redes sociais que indicam que Vagdani estava diretamente envolvido na destruição do bairro em Gaza, que ocorreu em novembro de 2024. Em uma das publicações, Vagdani postou um vídeo no Instagram no qual aparece no corredor Netzarim, acompanhado de uma legenda que incitava a continuidade das destruições:

Que possamos continuar destruindo e esmagando este lugar imundo, sem pausa, até os seus alicerces.

Além disso, outra publicação obtida por meio do perfil de um colega de Vagdani, que também estava atuando na região, mostra o soldado israelense posando em frente aos escombros de imóveis na área, enquanto explosivos eram instalados para a demolição controlada. Essas imagens têm sido usadas como provas de sua participação direta no ataque à população civil de Gaza.

A Fundação Hind Rajab, que trabalha para responsabilizar criminosos de guerra, se tornou uma das principais vozes internacionais em questões relacionadas aos direitos humanos no conflito entre Israel e Palestina. A investigação em andamento no Brasil tem como foco a apuração da responsabilidade de Vagdani por crimes que, segundo a organização, violaram o direito internacional humanitário e causaram um sofrimento significativo à população palestina.

A abertura da investigação pela Polícia Federal (PF) brasileira, motivada pela denúncia da HRF, representa um movimento significativo na busca por justiça, não apenas para as vítimas do conflito, mas também para destacar o papel do Brasil como parte das nações comprometidas com o respeito aos direitos humanos, especialmente em situações de conflitos armados internacionais. A investigação ainda está em andamento, e as autoridades brasileiras deverão acompanhar a situação, considerando os desdobramentos do caso em nível nacional e internacional.





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