23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:27

Só metade das empresas diz checar se terceirizadas praticam irregularidades

Protesto em São Paulo contra utilização de trabalho análogo ao escravo por empresas de vestuário
Protesto em São Paulo contra utilização de trabalho análogo ao escravo por empresas de vestuário

Cerca de metade das empresas brasileiras diz analisar os riscos que as terceirizadas que contratam podem representar, como praticar corrupção, lavar dinheiro ou usar trabalho escravo.

Apenas 55% das companhias dizem fazer due dilligence (análise de risco) das subcontratadas. O percentual está abaixo da média mundial, de 62%.

Quase 7 em cada 10 (66%) dizem não saber qual o grau de “quarteirização” de suas cadeias, ou seja, até que ponto suas terceirizadas também estão subcontratando outras companhias e quais são elas.

Os dados fazem parte da pesquisa “Risco de Terceiros”, da Thomson Reuters. Foram ouvidas 1.132 empresas em nove países, sendo 120 no Brasil, durante o segundo semestre do ano passado.

O estudo destaca a falta de conhecimento em relação ao monitoramento de riscos, como práticas de corrupção e uso de trabalho análogo ao escravo, pelas terceirizadas -que podem levar à punição também das contratantes.

Os resultados são um alerta diante da lei de terceirização, que entrou em vigor em março e ampliou as possibilidades de subcontratação, antes limitadas às chamadas “atividades-meio”.

Segundo especialistas, a nova legislação também aliviaria a responsabilidade da contratante por irregularidades na terceirizada, o que pode agravar a já frouxa fiscalização feita pelas empresas em suas cadeias produtivas.

Mesmo tendo sido feita antes da aprovação da lei, a pesquisa mostra um grande entusiasmo no Brasil em relação à terceirização -87% dos entrevistados acreditam que a prática traz flexibilidade e competitividade, contra 74% na média mundial.

CORRUPÇÃO

Corrupção é o risco mais conhecido dos entrevistados brasileiros (52%), seguido por práticas anti-competitivas (40%) e violações de dados e segurança virtual (39%).

“O risco de corrupção é bem conhecido no Brasil seja pelas notícias, seja pelo fato de nossa lei anti-corrupção nas empresas ser recente. As empresas não financeiras, em especial, não tinham contato nenhum com compliance [fiscalização interna contra irregularidades]”, diz José Leonélio de Souza, diretor de governança, risco e compliance da Thomson Reuters.

A lei, que entrou em vigor em 2014, prevê a responsabilização de pessoas jurídicas por crimes contra a administração pública.

A pesquisa, contudo, indica que a legislação ainda não “pegou”: 58% dos entrevistados brasileiros acreditam ser pouco provável sofrer alguma punição caso violem a regulação-pouco acima da média mundial, de 56%.

Leia Mais:

 


Leia mais sobre: Brasil