O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) anunciou, nesta quarta-feira (9), a paralisação dos atendimentos realizados pelos profissionais que prestam serviços à Santa Casa de Misericórdia de Goiânia (SCMG), nesta quinta-feira (10).
De acordo com a entidade, a decisão foi tomada em Assembleia Geral Extraordinária Permanente, realizada no último dia 03 de outubro, em função da não resposta integral às reivindicações apresentadas pelos médicos aos gestores da unidade de saúde. “Apesar das tentativas de negociação, as demandas dos profissionais continuam sem atendimento satisfatório”, destaca o sindicato.
Na data, será realizada, às 9 horas, uma Ronda Sindical na SCMG. A ação tem como objetivo acompanhar de perto a paralisação, ouvir os profissionais de saúde e assegurar que todos os direitos dos médicos estejam sendo respeitados.
A paralisação anunciada terá a duração de 24 horas. Neste período, os atendimentos de urgência e emergência seguirão em funcionamento, conforme determina a lei, para garantir a assistência à população em casos mais graves, afirma o Simego, que reitera o compromisso da entidade com “a luta pela valorização dos médicos e pela melhoria das condições de trabalho”, considerados “fatores imprescindíveis para garantir um atendimento de qualidade à sociedade”.
Crise na Santa Casa
A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia aguarda os pagamentos dos repasses de verbas da Prefeitura de Goiânia referentes, ainda, aos meses de março e de julho. Ao Diário de Goiás, a Superintendente Geral do Hospital, Irani Ribeiro, detalha que a quantia em atraso já chega a R$ 13,6 milhões e a unidade enfrenta dificuldades financeiras em decorrência disso. Em agosto, houve negociação das dívidas. Os valores, porém, permanecem em aberto.
A diretora da Santa Casa denuncia que, dentre os valores que não foram repassados pela Prefeitura, estão duas emendas destinadas pelos deputados federais Adriana Accorsi (PT) e Ismael Alexandrino (PSD), nos respectivos valores de R$R$ 400.000,00 e R$ 2.245.000,00, totalizando R$ 2.645.000,00.
Questionada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclareceu que em 2024, a Prefeitura de Goiânia “já pagou um total de 26 emendas à Santa Casa de Misericórdia, totalizando R$ 4.716.575,58”. A afirmativa, entretanto, é de que “todas as emendas municipais foram pagas” e, “agora o município trabalha para pagar as federais”. O prazo, conforme a pasta, é até 31 de dezembro. “Portanto não há nada em atraso”, frisa.
De acordo com a superintende, atualmente, 96% dos atendimentos e dos leitos disponíveis dependem das verbas advindas do Sistema Único de Saúde (SUS), que são enviadas pelo Ministério da Saúde. “Nós trabalhamos no limite do nossos recursos. A Santa Casa depende muito do SUS”, acrescenta.
Irani ainda descreve que, além da tabela de valores do SUS estar defasada em relação aos valores de mercado, a instituição ainda enfrenta as dificuldades de não receber e ter que custear atendimentos com recursos próprios.
“Estamos trabalhando com muita dificuldade, principalmente na área de cardiologia, na área de cirurgia vascular, em que nós somos referência do Estado de Goiás. Porque nós precisamos de órgãos, de próteses e, hoje, os valores estão acima do que nós recebemos do SUS. Além de não ter recebido para podermos comprar, eu ainda tenho que comprar mais caro e eu não estou recebendo essa diferença”, afirma.
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