19 de dezembro de 2024
Cidades

Setembro Amarelo abre debate sobre prevenção do suicídio em Goiânia

Diversas entidades públicas e privadas se juntaram para promover o Movimento Setembro Amarelo em Goiânia, com o objetivo de orientar a população sobre a necessidade de prevenção do suicídio. Entre as capitais, Goiânia saltou a 8º posição no ranking de suicídios para a 6ª. Ou seja, o problema é grave e deve ser tomada alguma atitude.

Participam do projeto o Inter-vir Suporte em Perdas, Como Vai Você? (CVV), organização não-governamental Total Educação, Prefeitura de Goiânia, Universidade Federal de Goiás (UFG), Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), PUCTV, Instituto Integrado de Neurociências (Iineuro), com apoio do Instituto de Educação em Psicologia (IEP) e Curta Mais, além de várias outras entidades.

A programação do evento iniciou na última sexta-feira (2), com oficinas itinerantes à prevenção do suicídio, que são realizadas em diversos pontos da cidade. Qualquer pessoa pode participar gratuitamente de todas as atividades. De acordo com a coordenadora do Movimento, psicóloga Célia Maria Ferreira, essas ações são fundamentais para que a sociedade tenha conhecimento e saiba prevenir suicídios.

“O projeto surgiu a partir de uma preocupação com a questão do suicídio, para contribuir para a diminuição da taxa a partir da identificação dos sinais. Muitas pessoas falam que quem fala [que vai suicidar] não vai fazer. Isso é o que chamamos de mitos construídos sobre o suicídio. Quem fala está dando sinais da intenção de morte”, explicou a coordenadora.

Quatro D’s

Ao Diário de Goiás, Célia Maria Ferreira explicou que o suicídio, geralmente, é precedido por quatro D’s, que são os sentimentos de desespero, desesperança, desamparo e a depressão. Em alguns casos, os suicidas têm doenças ou transtornos, como depressão ou bipolaridade.

“Muitas pessoas não se tratam e vão levando a vida. Homens se suicidam mais que mulheres porque procuram menos ajuda. Em contrapartida, mulheres tentam mais suicídio que homens. É fundamental que a pessoa peça ajuda a profissionais, como psiquiatra e psicoterapeuta, e não ficar isolada”, afirmou a psicóloga.

No entanto, doenças e transtornos não são uma regra para gerar a vontade de deixar de viver em alguém. Entre os fatores que mexem com as pessoas estão o desemprego, isolamento social, doenças crônicas incapacitantes, famílias desestruturadas, pessoas que sofreram violência na infância, uso de drogas, entre outros.

Identificação

“Para fazer a identificação dentro de casa é preciso escutar com atenção, não com crítica. Tem frases que são significantes, que traduzem o desejo de morte, que são, por exemplo, “sou um peso para as pessoas”, “as pessoas ficarão melhor sem mim”, junto com fatores de isolamento, sem vontade de trabalhar, um real quadro de depressão. A depressão hoje é uma doença e precisa ser tratada”, informou Célia Maria.

Para a psicóloga, além do tratamento com terapia e medicamentos, é fundamental que a família acompanhe a pessoa, inclusive com medidas protetivas. Entre essas medidas estão não deixar a pessoa sozinha em casa, retirar objetos perigosos, como arma branca, arma de fogo, venenos de ratos e outras substâncias. Também auxilia no tratamento o envolvimento social.

“A pessoa que tenta suicídio, nós precisamos ajudá-la a resgatar as razões e o desejo de viver. Com o envolvimento social, talvez com o grupo de trabalho, grupo religioso, um serviço voluntário que a pessoa goste de fazer, a pessoa possa resgatar as razões para viver. É importante ela ter o sentimento de pertencimento”, ressaltou Célia Maria.

Em casos de pessoas que tentam suicídio, a família deverá levá-la a um pronto socorro para estabilizar os sinais vitais, talvez fazer uma lavagem estomacal, entre outros procedimentos. Após a alta médica, a pessoa deverá procurar um pronto socorro psiquiátrico, público ou privado, de acordo com a condição financeira de cada um, para iniciar o tratamento.

De acordo com Célia Maria, em alguns casos é necessário aplicar uma tática chamada de internação domiciliar, em que a pessoa fica dentro de casa, sendo monitorada por familiares. “Não vigiada, mas se a pessoa se tranca dentro do quarto e fica muito tempo lá, a família precisa bater na porta, perguntar se está tudo bem”.

Alerta

Para a coordenadora do Setembro Amarelo em Goiânia, é fundamental que o poder público se atente a questão para que sejam aplicadas algumas medidas. Entre elas está a capacitação da equipe de saúde para que saiba atender de forma correta e preparada a pessoa que tenta suicídio.

“As medidas de saúde pública são o controle de armas e de substâncias, tratamento das doenças mentais, com capacitação dos profissionais da saúde, identificação do problema e acompanhamento do paciente”, reforçou a coordenadora.

SETEMBRO AMARELO 2Dados

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo e a cada três segundos há uma tentativa de suicídio. Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na taxa de suicídios.

“Em 2012, 804 mil pessoas suicidaram no mundo. A estimativa para 2020 é de mais de 1,5 milhão de suicídios. O Brasil é o 8º país no ranking de suicídios e Goiânia pulou da 8ª para a 6ª posição entre as capitais”, informou a Célia Maria.

Programação

  • 09/10 – Oficina Itinerante à Prevenção do Suicídio – Terminal Padre Pelágio, das 17h às 18h.
  • 10/10 – Debate: “Vamos conversar sobre suicídio?” – Auditório da Total Educação e Cultura, localizado na Rua Rio Quente, número 91, quadra C-4, lote 17, área comercial Alphaville Flamboyant, às 17h.
  • 11/10 – Caminhada a favor da Vida – Parque Flamboyant, às 9h.
  • 12/10 – Mesa Redonda: “Compreendendo o suicídio e seus desafios” – Teatro da Universidade Paulista (Unip), localizada na BR-153, às 10h
  • – Meda Redonda: “Caminhos da autodestruição: do pensamento à ação” – Auditório da Faculdade de Educação (UFG), localizada no setor Leste Universitário, às 19h.
  • 14/10 – Roda de Conversa: “Vamos conversar sobre o suicídio?” – CEPAE/UFG, Câmpus Samambaia, às 8h
  • 15/10 – Audiência Pública – Câmara Municipal de Goiânia, localizada na Avenida Goiás, número 2001, setor Central, às 14h30
  • 16/10 – Oficina Itinerante de Prevenção do Suicídio – Feira do Jacaré, setor Crimeia Oeste, das 18h às 19h
  • 19/10 – Palestra: “Por que uma pessoa suicida?”, com o professor doutor Marcelo Tavares (UnB) – Auditório da EMAC/UFG, Câmpus Samambaia, às 8h30
  • 20/10 – Roda de Conversa: “Vamos conversar sobre o suicídio?” – Centro Cultural da UFG, localizado na Praça Universitária, às 10h
  • 21/10 – Mesa Redonda: “Suicídio: os desafios da sociedade” – Auditório da Alfa, localizado na Avenida Perimetral Norte, número 4129, setor Vila João Vaz, às 19h
  • 22/10 – Roda de Conversa: “Vamos conversar sobre o suicídio com os idosos?” – Estância Santa Cecília, localizada na Rua 3, número 629, setor Chácaras São Pedro, em Aparecida de Goiânia, às 15h
  • 23/10 – Roda de Conversa: “Vamos conversar sobre o suicídio?” – CAPS Novo Mundo, localizado na Avenida Manchester, número 2000, Jardim Novo Mundo, às 14h30
  • – Oficina Itinerante de Prevenção do Suicídio – Terminal do Novo Mundo, das 11h às 12h
  • 24/10 – Roda de Conversa para pais: “Vamos conversar sobre o suicídio?” – CEPAE/UFG, Câmpus Samambaia, às 9h
  • 28/10 – Conferência: “Prevenção do Suicídio: uma tarefa para muitas mãos”, com a doutora Maria Amélia Dias Pereira – Auditório da Área IV da PUC Goiás, localizado na Praça Universitária, às 19h30
  • 29/10 – Oficina Itinerante de Prevenção do Suicídio – Feria Hippie, das 8h às 12h
  • – Encerramento – Auditório do IEP, localizado na Rua 114, número 183, setor Sul

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