O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), exonerado nesta quarta-feira (31) do cargo de ministro da Justiça, escreveu uma carta de despedida na qual afirma que o presidente Michel Temer “sofreu pressões de trôpegos estrategistas”.
O agora ex-ministro não detalha a origem e o objetivo dessas pressões, agradece ao presidente e elogia seu substituto à frente do Ministério da Justiça, Torquato Jardim, citando-o como “ilustre jurista”.
“Não posso concluir esta quadra de minha história sem agradecer ao presidente Michel Temer, pela confiança que em mim depositou e porque sei das pressões que sofreu de trôpegos estrategistas”, afirmou Serraglio.
Ele agradece também ao ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), “que sempre me apoiou, compreendendo as dificuldades em que eu navegava”.
O ex-ministro também faz um agradecimento ao PMDB, partido pelo qual é deputado e “cujos companheiros tanto me prestigiaram” e “aos amigos da Frente Parlamentar da Agricultura e do cooperativismo, em relação aos quais fico seriamente sentido por pouco ter sido possível concretizar em tão breve tempo. Tínhamos muitas esperanças”.
Na carta, ele rebateu as críticas de que não recebia indígenas em seu gabinete, afirmando que os caciques eram uma “presença constante” no local.
Disse ter criado um grupo de trabalho “para agilizar os processos de demarcação de terras indígenas no âmbito do ministério”.
“A previsão era de que os impasses relativos a este assunto fossem destravados e seguissem para um desfecho com a brevidade que a importância do assunto requer, respeitando o processo legal, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e o que preconiza a Constituição”, afirmou o ex-ministro na carta.
Serraglio afirmou ter feito 347 audiências em seu gabinete no período em que foi ministro. Diz ter recebido 444 representantes políticos, dos quais 11 governadores, 35 senadores, 245 deputados federais de 16 partidos e 93 prefeitos.
Osmar Serraglio pretendia ler esta carta na cerimônia de transferência de cargo, antes prevista para acontecer no Ministério da Justiça. No entanto, quando soube que ocorreria junto com a posse de Torquato Jardim como seu substituto, no Palácio do Planalto, resolveu antecipar-se e divulgar o comunicado no início da tarde desta quarta (31).
Serraglio havia sido convidado por Temer a ocupar o Ministério da Transparência, numa troca com Torquato Jardim. No entanto, ele não aceitou.
Ele voltará para a Câmara, onde tem mandato de deputado federal pelo PMDB do Paraná. A consequência da decisão é a saída definitiva do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) em razão da delação da JBS. Loures é suplente de Serraglio e assumiu o mandato do deputado após sua ida para o ministério.
A saída de Serraglio da Justiça já era discutida desde o início da semana passada pelo peemedebista. A gestão dele vinha sendo criticada por auxiliares e assessores presidenciais pela falta de pulso firme e de resposta rápida diante do aumento de episódios de violência pelo país.
Além disso, havia o receio de que ele fosse citado em delação premiada que tem sido negociada com o Ministério Público Federal pelo fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, apontado como o líder do esquema de corrupção descoberto pela Operação Carne Fraca.
Em grampo divulgado em abril, Serraglio chamava Daniel de “grande chefe”. Ele telefonou em fevereiro ao fiscal, quando ainda era deputado federal, para obter informações sobre o frigorífico Larissa, de Iporã (PR). (Folhapress)
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