O jornalista e editor do site The Intercept, Glenn Greenwald, que desde junho tem publicado vazamentos de conversas entre o então juiz Sérgio Moro, está em audiência promovida pela Comissão de Cidadania e Justina, no Senado Federal na manhã desta quinta-feira (11/07) dando explicações sobre a série de reportagens aos senadores. Ao ser questionado pelo senador Marcos do Val (Cidadania-ES) se Greenwald lembraria as mensagens que trocou há 3, 4 anos atrás, o jornalista rebateu: “São conversas que não foram trocadas em 2015. Foram trocadas em 2018, 2017, nove meses, um ano, um ano e três meses atrás”.
Após elucidar essa questão, Glenn disse que não se lembraria de todas as conversas, mas relembrou que as conversas que Moro trocou com os procuradores não eram diálogos triviais. “Obviamente não lembraria todas as palavras que escrevi a um ano atrás, mas se eu escrevesse alguma coisa tão importante como: ‘vocês não devem investigar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso porque pode melindrar um aliado tão importante’ ou se eu mandei para Deltan que ele deve trocar a sequência de um processo, algo tão importante, talvez não lembraria tudo”, mas ressaltou que se lembraria do contexto em que as mensagens eram trocadas. “Com certeza, eu vou lembrar coisas importantes. Mas Sérgio Moro está fingindo que ele tem quase amnésia, ou uma memória tão incapacitada que ele não pode lembrar nada. Isso não tem credibilidade nenhuma”, rebateu.
Greenwald ainda disse que dentro da equipe do site The Intercept existem profissionais especializados em tecnologia. “Antes de contratarmos jornalistas, contratamos os melhores analistas em tecnologia. Eles analisaram e atestaram o conteúdo das conversas”, explicou.
Do Val ainda pediu para que o jornalista apresente o material que o The Intercept obteve para alguma empresa terceirizada para que realize a autentificação das conversas, se possível, até mesmo fora do país. “Estou com dúvidas se vossa excelência acredita em imprensa livre. Imprensa livre significa que nós não precisamos do governo ou da polícia antes de publicamos. Isso acontece em países autoritários. Não nos países democráticos”. Por fim, respondeu que estão apresentando evidências concretas que o material é autêntico e não estão obrigando as pessoas à acreditarem no que estão publicando. “Nós não estamos pedindo que ninguém acredite em nosso material. Nós estamos mostrando evidências concretas que este material é autêntico”, ressaltou.
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