O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e Walter Delgatti Neto protagonizaram um bate-boca nesta quinta-feira (17), durante o depoimento do hacker à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro.
Ao ser questionado por Moro sobre quantas vítimas de estelionato teria feito, Delgatti afirmou ser vítima de perseguição e chamou o senador de “criminoso contumaz”.
“Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula e integrantes do PT. E ressaltando que eu li as conversas de vossa excelência, li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes”, disse o hacker.
Moro então respondeu ter sido vítima de crime de calúnia por parte de Delgatti. “Pediria aqui que fosse advertido o depoente, que não pode chamar um senador de criminoso. Cometeu crime de calúnia”, afirmou o ex-juiz.
“Peço escusas, então”, disse o hacker, repreendido na sequência pelo vice-presidente da CPI, senador Cid Gomes (PDT-CE), que conduzia os trabalhos. “O senhor por favor, respeite o plenário desta Casa”, pediu o parlamentar.
Sergio Moro, ao retomar a palavra, devolveu o ataque. “O bandido aqui, desculpe senhor Walter, que foi preso é o senhor. O senhor foi condenado…”, argumentou, sendo imediatamente rebatido por Delgatti.
“O senhor não foi preso porque recorreu à prerrogativa de foro [privilegiado] por função”, exclamou o hacker.
O senador perguntou se Walter Delgatti Neto seria inocente como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesse momento, Cid Gomes interveio pela segunda vez para pedir respeito.
“Solicito que haja respeito de ambas as partes. A testemunha deve ser tratada com respeito. E é obrigação desta presidência assegurar que os integrantes desta casa sejam tratados com respeito. Por favor, que não se repita mais”, disse Cid.
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Delgatti afirma a Moro que invasões a dispositivos pessoais foram usadas para anular condenações de inocentes
A troca de farpas, porém, não parou por aí. Sergio Moro trouxe ao centro das discussões as invasões de celulares de autoridades.
“O senhor invadiu os dispositivos de pelo menos 176 pessoas?”, perguntou Moro.
“Sim! Acredito que mais que isso. Inclusive, eu cheguei às conversas de Vossa Excelência com o então procurador [Deltan] Dallagnol e essas conversas foram chanceladas pelo STF [Supremo Tribunal Federal] e são utilizadas até hoje para anular condenações de pessoas inocentes”, argumentou Delgatti.
“Pessoas que cometeram crimes contra a Petrobras e roubaram dinheiro, é isso?”, interrogou o senador.
“Eu fico com a versão do STF”, pontuou o hacker.
Mais uma vez, Cid Gomes precisou intervir para pedir que tanto Moro quanto Delgatti mantivessem discussões relativas ao tema que motivou a convocação do hacker à CPMI.
Durante a manhã, Walter Delgatti Neto declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe prometeu indulto em caso de prisão, por assumir um suposto grampo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e em ações relativas à urna eletrônica.
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