24 de novembro de 2024
Brasil

Ser gay deixou de ser ‘doença’ há 28 anos; beijaço lembra a data

Há exatos 28 anos, o sufixo “ismo” deixou de perseguir os gays. Naquele 17 de maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde baniu o então homossexualismo da lista oficial de distúrbios mentais, que inclui a pedofilia, por exemplo.

A data virou um marco. Neste 17 de maio, gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e transexuais se reúnem em pontos icônicos de várias capitais pelo mundo para combater o preconceito.

O dia de luta contra a homofobia e a transfobia será materializado em beijos. No Brasil, o epicentro do protesto será no vão livre do Masp, na avenida Paulista. O “beijaço” está programado para começar a partir das 18h. Nas redes sociais, o evento já atraiu ao menos 700 presenças confirmadas.

O protesto carinhoso é promovido pelo aplicativo de namoro gay Hornet. A plataforma possui 850 mil usuários ativos no Brasil. 

Segundo André Fischer, criador do festival de cinema com temática LGBT Mix Brasil e representante do aplicativo no Brasil, o beijo em público é uma reação contra os países que ainda criminalizam os LGBTs.

“É um protesto que busca visibilidade. Os casais se beijam, postam fotos e viralizam pela internet um desejo de liberdade, plenos direitos e amor”, afirma Fischer. A hashtag mundial “#decriminalizeLGBT” tem sido usada para espalhar os beijaços desta quinta pelas redes sociais.

Na França, o beijo coletivo ocorreu em frente à Torre Eiffel. Também houve protestos semelhantes em várias partes dos Estados Unidos, da Europa e em Taiwan, só para citar alguns.

Para Fischer, a pauta de reivindicações deste ano é extensa. “A Rússia persegue, mata LGBTs e ainda vai sediar a Copa do Mundo de Futebol nessas condições. Em Taiwan, a lei que permitiu a união gay foi caçada. Nos Estados Islâmicos, os LGBTs não existem”, afirma.

Segundo Júlio Moreira, presidente do Conselho Estadual da População LGBT do Rio, quando a OMS derrubou o argumento da patologização contra os homossexuais, ao mesmo tempo, abriu caminho para a cidadania. “Depois disso, a comunidade ganhou força para colocar a cara na rua e lutar por direitos iguais”, diz.

Mas a conquista, afirma Moreira, corre risco. “No Brasil, ainda se discute a cura gay. Sempre aparece um juiz promovendo decisões forçando os psicólogos a fazer a dita reversão sexual”, completa.

Moreira também lembra que o Brasil é o país mais perigoso no mundo para um LGBT. Segundo o Grupo Gay da Bahia, que monitora assassinatos de homossexuais e transgêneros no país há 38 anos, 2017 terminou com 445 mortes violentas de LGBTs, uma alta de 30% em relação ao ano anterior.

“Agora precisamos tirar a transexualidade da lista negra de doenças mentais da OMS”, diz Moreira. (Folhapress)

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