Os senadores que compõem o Observatório da Pandemia, criado após a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, querem ouvir especialistas e também o governo sobre o apagão de dados do Ministério da Saúde antes da abertura de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito. A estratégia é realizar uma reunião pública, ainda neste mês de janeiro, para expor a apuração.
O assunto foi discutido durante encontro entre integrantes do observatório, na noite desta terça-feira. “É muito estranho, na hora que se decide exigir o passaporte da vacina, misteriosamente sair do ar o sistema que tem os dados quem foi vacinado”, disse ao Estadão/Broadcast o senador Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a CPI em 2021 e comanda o observatório.
A Frente Parlamentar do Observatório da Pandemia de Covid-19 tem 11 integrantes e é composta por senadores que atuaram na CPI de forma crítica ao governo. O grupo foi criado para acompanhar os desdobramentos da CPI, que terminou em outubro com o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades ligadas ao chefe do Executivo.
A invasão aos sistemas do Ministério da Saúde atingiu plataformas como e-SUS Notifica, Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI ) e também o ConecteSUS, que fornece o comprovante de vacinação. Embora tenham voltado a operar, alguns sistemas permanecem instáveis, o que tem dificultado o abastecimento e a consulta de informações. O caso é investigado pela Polícia Federal.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou nesta terça-feira, 11, um pedido para instalação de uma nova CPI e tenta coletar as 27 assinaturas necessárias, em uma estratégia para emplacar outra investigação contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Além da adesão mínima, a abertura de uma nova CPI depende de decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Relator da comissão que terminou com o indiciamento de Bolsonaro, no ano passado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) manifestou apoio à abertura de outra investigação. “Apoio a nova CPI. Há fatos novos e determinados: boicote à vacinação infantil, apagão de dados no MS (Ministério da Saúde), tocado por um sabujo, além da explosão de casos. Bolsonaro é um delinquente reincidente. O Congresso está omisso diante do resgate do genocídio. Eles só respeitam CPI”, disse Renan.
Por Daniel Weterman/Estadão Conteúdo
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