Casas alagadas, móveis danificados, roupas e alimentos estragados. Essa é a realidade de 3.650 pessoas que estão fora de suas casas no Rio Grande do Sul por causa de uma semana de chuvas.
De acordo com a Defesa Civil gaúcha, cem cidades foram afetadas, das quais 44 decretaram situação de emergência. As enxurradas afetaram especialmente os municípios próximos dos rios, na fronteira oeste.
Ao sul, em Uruguaiana, cerca de cem pessoas foram removidas para ginásios esportivos da prefeitura, onde recebem alimentação e atendimento médico.
“À meia-noite [de quinta-feira], o nível do rio Uruguai ultrapassou os 10 metros. Era uma preocupação que tínhamos porque em 2014 tivemos uma cheia severa, com nível de 11 metros. Algumas famílias foram removidas preventivamente”, disse o prefeito de Uruguaiana, Ronnie Mello (PP).
Em São Borja, na fronteira sudoeste com a Argentina, o nível do rio Uruguai está em 13,9 metros, acima do nível de alerta para a localidade.
Ao noroeste, Porto Xavier suspendeu as aulas das escolas municipais e cancelou a travessia de embarcações para a Argentina pelo rio Uruguai.
Mas não é só na fronteira que as cidades estão em situação de emergência. Na região metropolitana de Porto Alegre, cidades banhadas pelos rios Caí e Sinos, como São Sebastião do Caí e Montenegro, também sofrem com a cheia.
Barco para ir à escola
Embora não tenha decretado situação de emergência, Porto Alegre registrou alagamentos em diversos pontos da cidade. Parte dos trens precisou parar o transporte por causa da água nos trilhos, nesta quinta-feira (1º).
A população do bairro Arquipélago, com 16 ilhas banhadas pelo rio Guaíba e pelo delta do rio Jacuí, é a mais afetada.
Na última semana, para levar a filha de dez anos à escola, Priscila Machado, 32, colocou a garota em um pequeno barco. A embarcação era empurrada ao longo de três quadras da rua alagada, entre a casa e o colégio. A mãe também usou um macacão de borracha que cobre o corpo dos pés ao peito. A família é moradora da Ilha da Pintada.
“Na cheia do ano passado, meus pais perderam tudo. A água foi até o teto”, conta Priscila.
Perto dali, na Ilha Grande dos Marinheiros, os casebres foram tomados pelas águas. Lá, as crianças não vão à escola porque não possuem mais trocas de roupas: estão todas molhadas.
Esse é o relato da voluntária Ângela Del Grande, 42, bióloga, que leva donativos aos moradores. “Muitos são catadores de papel e recicladores. Com a chuva, não tem serviço. Sem trabalho, falta até comida”, afirmou Ângela.
“Fica tudo completamente molhado, as pessoas estão sem roupas e sem colchões”, disse a voluntária. Na opinião dela, a prefeitura deveria remover as famílias da ilha. Entretanto, conforme comunicado da Defesa Civil municipal, o nível do Guaíba está baixando e não há necessidade de deslocar os moradores para abrigos.
A previsão é que as chuvas cessem nos próximos dias no Rio Grande do Sul e faça sol com nuvens, segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Há previsão de chuva somente para a próxima quinta-feira (8). (Folhapress)
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