Dono de uma prata olímpica obtida nos Jogos de 2012, em Londres, e recordista de medalhas em Jogos Pan-Americanos, o nadador Thiago Pereira, 31 anos, anuncia nesta quarta (29) sua aposentadoria.
O comunicado será feito durante o Prêmio Brasil Olímpico, que ocorre na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, e premia os melhores atletas do país em 2016. A festa é organizada pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil).
O nadador será chamado ao palco para comunicar sua decisão, que vinha sendo debatida nos últimos meses.
A intenção é aproveitar a confraternização para conferir relevância ao anúncio.
A aparição de Pereira não está na programação oficial do evento que foi divulgada porque os organizadores queriam que se tratasse de uma surpresa em uma cerimônia que terá mais eventos do que a distribuição de prêmios a atletas (leia mais abaixo).
No último ano, ele deixou em aberto a possibilidade de continuar a competir e até afirmou que tentaria vaga na Olimpíada de Tóquio-2020. Ele chegaria ao evento no Japão com 34 anos.
Depois dos Jogos do Rio, em agosto, quando terminou em sétimo lugar nos 200 m medley, Pereira participou de somente mais um campeonato: o Troféu José Finkel, em setembro, em Santos.
Na sequência, abriu mão de competir no Torneio Open, em Palhoça (SC), em dezembro, e não teve seu contrato com o Minas Tênis Clube renovado para esta temporada.
No meio tempo, também deixou Los Angeles, cidade onde fincou sua base de treinos na maior parte do último ciclo olímpico, e mudou-se para São Paulo, onde tem vivido com a mulher, Gabriela.
Pereira até tem treinado em duas academias na zona sul da capital paulista, mas como um exercício, sem compromisso competitivo.
Nos últimos meses, chegou a recusar algumas propostas de clubes que estariam interessados em contratá-lo.
Ele deve se dedicar a partir de agora a projetos pessoais, sobretudo à clínica de natação que desenvolveu e a seminários que promove.
Como estava sem clube desde a sua saída do Minas, Pereira já havia decidido não disputar o Troféu Maria Lenk, principal competição nacional e que ocorrerá no início de maio, no Rio, e também abdicaria de todo o restante da temporada de 2017.
Com isso, ele ficaria fora do Mundial em piscina longa (50 m) de Budapeste, em julho.
Em 13 anos de seleção, ele apenas se ausentou de um Mundial: em 2005, em Montréal, devido a uma lesão.
Pereira disputou seis Mundiais e ganhou três medalhas (uma prata e dois bronzes).
Ele também foi quatro vezes ao pódio em Mundiais em piscina curta (25 m). Nesta distância, também chegou a bater o recorde mundial dos 200 m medley, em 2007.
Sua principal conquista ocorreu em Londres-2012, quando chegou em segundo lugar nos 400 m medley, atrás somente do norte-americano Ryan Lochte. Na mesma prova, Pereira superou o astro Michael Phelps, dono de 28 medalhas olímpicas, que terminou na quarta posição.
Outros momentos marcantes vieram no Pan. Foi em uma edição do evento, em Santo Domingo-2003, que ele despontou como realidade para a natação do país, com dois pódios –ganhou notoriedade pelos gritos de “Vai, Thiago” dados da arquibancada por sua mãe, Rose.
Em quatro participações, ele faturou 23 medalhas, recorde na história do campeonato continental.
Nessa trajetória, Pereira teve ao menos três passagens pelos Estados Unidos, onde trabalhou com técnicos renomados como Dave Salo, que em inúmeras ocasiões dirigiu a seleção norte-americana, e Jon Urbanchek, ex-treinador de Gustavo Borges.
Na última Olimpíada, ele foi orientado por Alberto Pinto da Silva, o Albertinho, que agora treina Cesar Cielo.
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