Seis policiais militares envolvidos em caso de tortura e outros delitos, em janeiro deste ano, foram presos preventivamente em Goiânia. O pedido de prisão foi feito pelo Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) do Ministério Público de Goiás (MPGO), que está conduzindo investigação sobre os fatos. Os celulares dos PMs também foram apreendidos.
A investigação criminal (PIC) busca apurar suposta prática dos delitos tipificados como extorsão, sequestro, violação de domicilio e falsidade ideológica, crime de organização criminosa armada ocorrido ainda neste ano.
Os envolvidos foram identificados como sendo Guilherme Carrijo Alvarenga, Lúcio Monsef Ferrera, Gabriel Vinícius Lourenço Freitas e Márcio Junqueira da Silva.
Depoimento da vítima
O pedido à Justiça foi embasado no depoimento da vítima ao MPGO, no qual uma mulher contou que, no dia 7 de janeiro deste ano, por volta das 20 horas, conduzia seu carro, acompanhada por seu companheiro e um casal de amigos, com filho pequeno, quando houve a abordagem.
Segundo ela, durante o deslocamento, nas imediações de um supermercado, seu automóvel foi abordado por um carro descaracterizado, de cor branca, cujos ocupantes desembarcaram e se identificaram como policiais militares.
A vítima informou que, posteriormente, chegou no local um outro veículo, também descaracterizado e ocupado por outros homens, os quais, igualmente, se identificaram como policiais militares, não estando nenhum deles fardados.
A mulher conta que junto ao último veículo, chegou também ao local uma viatura da Polícia Militar, ocupada por Celimar dos Santos Ferreira e o Iago Henrique Costa Silva, ambos estão presos.
Segundo a vítima, durante a abordagem os policiais exigiram a entrega de uma quantia de R$ 50 mil e uma determinada quantidade de crack. Quando ela respondeu que não possuía esses itens, os policiais, mesmo sem nenhum indício da existência de crime, a retiveram e a levaram, junto com todos os demais ocupantes do carro, a um posto de combustível.
A mulher foi conduzida na “gaiola” da viatura caracterizada, conduzida pelos policiais Celimar Ferreira e Iago Silva. Os demais foram levados nas viaturas descaracterizadas e o veículo da vítima foi conduzido por um dos policiais militares sem farda e deixado na área do posto.
Agressões e tortura
De acordo com a vítima, todos foram levados para uma área isolada no Bairro Boa Vista, no final da Avenida Goiás Norte, onde os veículos entraram em uma estrada de terra e se dirigiram até uma clareira, localizada em uma área de mata fechada.
No local, ela conta que foi separada do grupo e submetida a agressões e tortura, que só foram encerradas quando ela prometeu aos militares que lhes entregaria determinada quantidade de cigarros que estaria em sua casa.
Chegando à residência indicada, dois policiais do grupo invadiram o imóvel e começaram a fazer buscas no local, sem que tivessem qualquer decisão judicial que autorizasse tal ato, onde nada foi encontrado. Após algumas voltas, as viaturas retornaram ao posto de combustível, onde finalmente libertaram a vítima e o casal de amigos.
No entanto, o companheiro da vítima permaneceu retido na viatura caracterizada, com os militares Celimar Ferreira e Iago Silva, que o levaram até o estacionamento de um estabelecimento comercial.
No local, forjaram um flagrante e o conduziram à Central de Flagrantes, sob o pretexto de que teria sido regularmente capturado e preso em flagrante pela prática do crime de tráfico de drogas.
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