07 de novembro de 2024
CENÁRIO CRÍTICO

Secretário de Saúde diz que não teve posição definitiva de Rogério Cruz sobre crise nas maternidades

Wilson Pollara afirma que não teve sinal verde de prefeito e secretaria de Finanças para quitar dívidas que levaram maternidades ao colapso; secretário culpa antecessores de Cruz
Reunião foi na manhã desta segunda, mas secretário não deu prazo para sanar crise - Foto: Divulgação
Reunião foi na manhã desta segunda, mas secretário não deu prazo para sanar crise - Foto: Divulgação

Apesar da grave situação das unidades de saúde da capital, especialmente as três maternidades públicas, o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, não apresentou uma solução ou um cronograma que possa indicar o fim da crise, porque, segundo ele, essa posição ainda não veio por parte do prefeito Rogério Cruz (SD). “Eles [Prefeito e Finanças] ainda não me posicionaram sobre repasses para regularizarmos em definitivo a situação”, afirmou Pollara.

A declaração do secretário foi divulgada nesta segunda-feira (21) pela presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, vereadora Kátia Maria (PT). Ela tinha se reunido pela manhã com Pollara para discutir a crise enfrentada pelas maternidades municipais de Goiânia. A intenção, segundo ela, era encontrar soluções urgentes para a retomada dos atendimentos suspensos em algumas unidades.

Procurado durante a tarde, o secretário de Saúde informou através da assessoria de Imprensa que já tinha manifestado o posicionamento dele sobre a crise durante a reunião.

Também nesta segunda o secretário estadual de Saúde, Rasivel dos Reis Santos Júnior afirmou durante uma entrevista que a crise em Goiânia está impactando o atendimento nas unidades estaduais.

Pollara fala em medidas pontuais e que aguarda prefeito

Segundo a vereadora, na reunião Wilson Pollara reconheceu que as medidas têm sido tomadas de “forma pontual”, ou seja, apenas para resolver situações mais imediatas, mas insuficiente para encerrar a crise, algo que teria de vir de uma posição da Secretaria de Finanças ou do prefeito.

Também estiveram presentes o vice reitor da UFG, Jesiel Carvalho, e Lucilene Souza, diretora-executiva da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc/UFG), instituição gestora das maternidades.

“A situação é alarmante”, definiu a parlamentar. De fato, a cidade enfrenta a suspensão de atendimentos nas maternidades municipais devido a uma dívida acumulada que já teria ultrapassado R$ 80 milhões. Esses valores são referentes a repasses pendentes da Prefeitura, que comprometeram a capacidade de funcionamento das unidades, envolvendo desde pagamento de médicos e demais servidores, até a compra de alimentos para pacientes e insumos médicos.

“Estamos muito preocupados com essa situação e estamos fazendo um esforço muito grande para ajudar nas soluções. A crise na Saúde em geral é muito grave, mas, no caso das maternidades, já há suspensão de atendimentos e um colapso muito próximo.”

Para onde foi o dinheiro?

Kátia também destacou a responsabilidade da gestão municipal, questionando a destinação dos recursos: “Vocês afirmam que investiram 21% do orçamento em Saúde, mais que os 15% mínimos estipulados pela Constituição, mas para onde está indo esse dinheiro, se a situação mostra essa crise sem precedentes?”, questionou ela.

A parlamentar avalia que a situação se torna ainda mais crítica quando se considera dados de instituições de saúde indicando que cerca de 1.500 partos mensais são realizados nas maternidades municipais. Dessa forma, a suspensão desses atendimentos representa um risco significativo para a saúde das gestantes e recém-nascidos na capital.

O secretário reconheceu a gravidade da situação e ressaltou a importância do trabalho conjunto. Segundo o que foi divulgado pela assessoria da parlamentar, ele considerou que a reunião era “um esforço coletivo, uma reunião de trabalho para garantirmos que os atendimentos sejam normalizados e a população não pague o preço dessa paralisação.”

Prefeitos anteriores fizeram compromisso “inconsequente”, diz secretário

Ele também teria feito uma análise crítica da situação, afirmando que a crise é resultado de “uma decisão inconsequente de quem definiu esse plano lá atrás. Assumiu-se um compromisso que, sabidamente, não seria cumprido em termos de orçamento”, indicando que estava se referindo a prefeitos de gestões anteriores.

Pollara mencionou, por exemplo, a Maternidade Célia Câmara, que foi aberta como um hospital de campanha durante a pandemia de COVID-19, e ressaltou que sua manutenção financeira não era viável após o pico da crise sanitária: “Ele deveria ter sido fechado. Não se podia assumir um compromisso financeiro de manter o hospital aberto.”

Kátia Maria concluiu que a reunião deixou em evidência a necessidade urgente de reestruturação e planejamento na gestão da saúde municipal, visando garantir que os atendimentos nas maternidades sejam retomados quanto antes. As próximas ações a serem tomadas e o cronograma para a normalização dos serviços ainda serão definidos em conversas com o prefeito e a Secretaria Municipal de Finanças, mas a pressão por resultados já é evidente entre os envolvidos.

“A saúde de mães e bebês recém-nascidos não pode esperar”, alertou Kátia. “Exigimos soluções imediatas para que as maternidades voltem a atender com dignidade. Não podemos permitir que a gestão ineficaz comprometa a vida de mães e crianças. É hora de agir com responsabilidade e urgência!”, conclui.


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