O secretário estadual de Ciência e Tecnologia do Rio, Pedro Fernandes, que estava no cargo desde janeiro, pediu demissão do governo do Estado por conta de atrasos de salários de servidores da pasta.
A secretaria engloba a UERJ, a universidade estadual do Rio, que vive grave problema de orçamento, e também as fundações de ensino técnico.
Fernandes é deputado estadual pelo PMDB. Ele pediu licença do mandato para assumir a pasta no início do ano e deve retomar o mandato na próxima semana.
Segundo Fernandes disse à reportagem, o motivo da demissão foi que o governo tem dado prioridade ao pagamento de servidores das pastas da segurança, saúde e educação em detrimento das demais.
Os servidores da Ciência e Tecnologia ainda não receberam os salários de abril, não receberam o 13º salário de 2016 e estão com a primeira parcela do 13º deste ano em atraso.
O governo tem dado prioridade no pagamento de policiais e servidores da segurança, professores da rede estadual de ensino e médicos dos hospitais estaduais.
“Não acho correto que um professor de uma escola técnica ou da UERJ, por exemplo, receba depois que o de uma escola estadual de ensino médio. Também não concordo que um médico do hospital universitário receba depois de um da rede pública do Estado”, disse.
Ele afirmou que tentou reduzir essas diferenças, mas como não obteve êxito preferiu deixar o cargo. De volta como deputado, disse que apresentará projeto de lei que pedirá isonomia de tratamento entre servidores.
“Não é justo priorizar determinadas classes de servidores em detrimento de outras”, afirmou.
Fernandes, embora do PMDB, partido do governo, disse sempre adotar postura crítica ao Estado. “Vou aproveitar para me debruçar mais em matérias orçamentárias”, disse.
A carta de demissão foi encaminhada ao governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), no domingo (9). Os dois chegaram a almoçar juntos na segunda (10), oportunidade em que Fernandes explicou suas razões. Eles decidiram que o demissionário ajudará a encontrar um substituto e ajudará na transição.
UERJ
Professores, técnicos e alunos da UERJ farão na próxima quinta-feira (13) um protesto na chamada Faculdade de Formação de Professores, em São Gonçalo, Baixada Fluminense.
Em função da grave crise fiscal pela qual passa o governo do Rio, a universidade está vivendo sua mais aguda crise orçamentária.
Há atrasos no salário de professores e faltam verbas para manutenção do principal campus, no Maracanã, zona norte, e em outras 14 unidades. Bolsistas estão sem receber, assim como pesquisas foram descontinuadas.
Greves por falta de pagamento atrasaram o andamento do segundo semestre letivo de 2016, que só terminou em julho deste ano. Ainda não há perspectivas de retomada do ano letivo de 2017, prevista inicialmente para agosto próximo. (Folhapress)
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