05 de dezembro de 2025
SEM BLEFE

“Se Trump tiver trucando, vai tomar um 6”, afirma Lula sobre tarifaço

Presidente critica carta de Trump, afirma ter buscado diálogo e usa metáfora do truco para reforçar recado diplomático
Presidente estava em Minas quando falou sobre falhas de Trump na negociação Foto Ricardo Stuckert PR
Presidente estava em Minas quando falou sobre falhas de Trump na negociação Foto Ricardo Stuckert PR

“Se ele tiver trucando, vai tomar um seis”, foi o que afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (24) durante evento em Minas Gerais, sobre a intenção de negociar com os Estados Unidos para evitar a entrada em vigor das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas por Donald Trump. Fazendo uma analogia com o jogo de truco, o presidente deixou claro que o governo não aceitará pressões unilaterais.

A taxação está prevista para 1º de agosto, e, segundo Lula, a carta publicada por Trump em suas redes sociais anunciando o tarifaço, não foi  antecedida de diálogo direto com o governo brasileiro. Além disso, o presidente criticou o tom do documento.

Por outro lado, Lula afirmou que o Brasil aguarda uma abertura para conversas: “Eu converso com todo mundo, mas sobretudo com quem quer conversar. Se os EUA quiserem negociar, o Lulinha estará pronto”.

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Nesta quinta, Lula anunciou entregas interministeriais nas áreas de educação, igualdade racial, direitos humanos e povos indígenas em cerimônia no município de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha.

Dez reuniões e uma carta sem resposta, cita presidente

Lula declarou que o governo brasileiro já havia feito dez reuniões com representantes da Casa Branca e também enviou uma carta oficial em 16 de maio. Na carta, o governo brasileiro solicitava esclarecimentos sobre as propostas de aumentar as tarifas que estavam anunciadas a vários países, mas sem discussão com a maioria, como o Brasil.

Segundo ele, a única resposta foi a carta aberta de Trump, que trouxe justificativas políticas como “ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres” e uma suposta perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Alckmin conversou com secretário de Comércio dos EUA

Por enquanto, quem está conduzindo as linhas de negociação com o empresariado nacional e com os EUA é o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Segundo o jornal Estadão, os governos do Brasil e dos Estados Unidos mantiveram “conversas reservadas”, nos últimos dias, e negociaram caminhos para evitar o tarifaço em 1º de agosto. Alckmin teria liderado diálogo com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.

“Foi uma conversa longa, no sábado”, disse ele. “A conversa com os Estados Unidos é focada em diálogo e negociação. Essa é a orientação do presidente Lula”, completou Alckmin.

Proposta de dobrar relação bilateral

Nos termos da negociação, empresários teriam manifestado interesse de expansão dos negócios com os americanos, dobrando a relação bilateral de comércio e investimentos recíprocos nos próximos cinco anos.

“Foi a primeira vez que houve uma negociação em termos econômicos, sem nenhum tipo de implicação no campo jurídico”, apontou o jornal.

Além disso, o governo Lula também teria defendido um acordo de bitributação. Atualmente, dos dez produtos mais exportados pelos Estados Unidos para o Brasil, em oito a tarifa é zero.


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