SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na tentativa de alavancar a campanha à reeleição do prefeito Fernando Haddad (PT), estagnado nas pesquisas eleitorais, o PT decidiu nacionalizar a disputa municipal, relacionando os adversários do petista pela Prefeitura de São Paulo ao presidente Michel Temer (PMDB).
Nesta sexta-feira (9), durante ato na Quadra dos Bancários, no centro da cidade, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o porta-voz da nova estratégia contra Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB) e João Doria (PSDB).
“A Marta, o Doria e o Russomanno representam exatamente aquela maioria no Senado que votou pelo impeachment da companheira Dilma. Se a gente está na rua fazendo passeata e gritando ‘Fora, Temer’, a gente não pode colocar alguém dele para ser prefeito aqui na cidade de São Paulo. Não é possível”, disse Lula.
No mesmo dia em que o Datafolha mostrou que Haddad com 9% das intenções de votos, mantendo o empate técnico com Luiza Erundina, com 7%, o ex-presidente afirmou que a deputada federal do PSOL e o prefeito são “as únicas candidaturas em São Paulo que não têm nada a ver com o golpe dado na Dilma”.
Embora a principal preocupação do PT seja a de desidratar a campanha de Marta Suplicy, que tem absorvido o voto da periferia, tradicionalmente petista, Lula usou parte de seu discurso para atacar o candidato do PSDB, João Doria, ironizando o patrimônio do tucano.
“Imagina o povo que foi induzido pela imprensa a não gostar de mim porque a minha mulher comprou um cisne para o meu filho e vai votar no Doria que mora numa casa que vale 10 milhões de cisnes. E que aparece nos debates da televisão sem gravata, como se fosse uma pessoa humilde do povo. Só aquele casaco dele daria para comprar os dois cisnes da Marisa e os dois barquinhos que ela tem”, disse o ex-presidente, lembrando do barco que sua mulher, Marisa Letícia, comprou para usar no sítio em Atibaia, que segundo as investigações da operação Lava Jato pertence a Lula. Lula fez ainda uma cobrança pública a Haddad, pedindo que o prefeito se licencie do cargo para se dedicar à campanha eleitoral.
“Estou enchendo o saco do Haddad: peça licença da Prefeitura e comece às 6h da manhã”, disse. “Quem sabe o que fez nessa cidade é ele, então ele tem a obrigação política de tentar mostrar ao povo que se ele não voltar, o povo vai perder tudo o que foi feito nesta cidade.”
O ex-presidente lembrou ainda que o candidato petista não pode ser substituído nas ruas para pedir votos.
“Portanto, querido companheiro Haddad, não tem jeito: se o Corinthians quiser marcar um gol, tem ser com um jogador do Corinthians e não do Palmeiras. Só tem uma pessoa capaz de convencer esse povo a te reeleger prefeito de São Paulo: é você”, disse Lula.
Haddad usou seu discurso para criticar a proposta do governo Temer de incluir na reforma trabalhista a possibilidade de contratação por produtividade ou por horas trabalhadas. Com adesivo “Fora, Temer/ Fica, Haddad” colado no paletó, o prefeito afirmou que o governo Temer “mais do que trair a presidente Dilma, está traindo os compromissos com a classe trabalhadora”.
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