Se a política de preços da Petrobrás for mantida em 2021, a tendência é que haja novos aumentos sentidos pelo consumidor. A avaliação é do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, em entrevista concedida nesta última quinta-feira (04/02) ao Diário de Goiás.
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Márcio salienta que essa dinâmica de preços não é ruim apenas para o consumidor que sente a política refletida nas bombas dos postos de combustível, mas também nos proprietários dos estabelecimentos, que segundo o presidente ganham pelo giro da venda e não pelo alto preço.
“Nós gostaríamos, como empresários do segmento de varejo dos postos de combustíveis. Para nós, com certeza, seria muito melhor se estivesse barato. Que aí o consumidor iria utilizar mais seu tempo, ia sair mais no seu carro, né?! Ele poderia gastar muito mais combustível e com certeza a gente ganharia. Porque a gente ganha não é no preço final do combustível. A gente ganha no giro. Então, quanto menor o preço e eu tendo a minha margem de lucro esse preço e quanto mais vezes girar o estoque, mais eu vou ganhar. Muitas pessoas pensam que o preço na bomba hoje o dono está ganhando mais”, pontua.
Questionado se haveria indicativo de algum reajuste ao longo de 2021, Márcio reforçou a dificuldade em fazer previsões para o cenário, mas a política tarifária da Petrobrás continuou como está, a tendência é de novos aumentos. “O que a gente tem visto neste momento, é que hoje, o preço da Petrobrás tá abaixo do preço praticado no mercado internacional, então, neste cenário e se o preço da Petrobrás continuar mantendo sua política há uma tendência de aumento. Se permanecer nessa situação, há expectativa é que haja novos aumentos por parte da Petrobrás”, salientou.
Tudo está muito caro
Apesar do valor alto para abastecer, Márcio explica que os preços estão próximos aos praticados em janeiro de 2020. Levando em conta que após essa época, o mundo encontrou uma pandemia sem precedentes que estacionou a economia e fez todo o mundo ficar em casa, sem sair de casa, o preço do combustível apesar de caro, “foi o menos vulnerável”.
“Eu também tô fazendo uma comparação do combustível em relação ao início do ano passado. E no ano passado a gasolina estava sendo vendida aqui em Goiânia em torno de 4,97 – 4,99. (Janeiro de 2020). Se considerar, então, que em janeiro de 2021 nós estamos no mesmo preço, né, aproximadamente. E comparando isso a outros produtos, se a gente for comparar isso à carne, ao arroz, ao óleo de soja, enfim… a gente vai ver que o combustível foi o menos vulnerável, apesar de estar caro”, destacou.
Em janeiro, a Petrobrás já iniciou 2021 com novos reajustes no preço da gasolina, por exemplo. “Estamos tendo aumento constante da Petrobrás. Foram anunciados aí. Até janeiro foram dois aumentos, que dá aproximadamente 13% de aumento, só nesse mês de janeiro, sem considerar os meses anteriores, do ano passado.”
No fim de janeiro, a Petrobras anunciou um novo aumento de 5% no preço da gasolina e de 4% nas refinarias, com um preço médio de R$ 2,08 e R$ 2,12 por litro, respectivamente. Já são dois aumentos apenas em um mês.
Bolsonaro se reúne para tentar mudar política da Petrobrás
Os constantes reajustes preocupa o Palácio do Planalto. Politicamente, aumentos são ruins para a popularidade de um governo e os preços altos significam prejuízo para setores que dependem do transporte para circular. Mais cedo, nesta sexta-feira (05/02) o presidente da República, Jair Bolsonaro esteve em reunião com ministros e o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, para discutir o assunto.
Ele sustentou na coletiva com a imprensa o que disse ontem (04/02) na live semanal de quinta-feira e praticamente jogou o problema no colo dos governadores. Bolsonaro defendeu uma mudança no atual modelo de cobrança do ICMS pelos estados, mas não pontuou sobre mudança na política adotada pela Petrobrás. O imposto é uma alíquota (percentual) que varia de estado para estado e incide sobre o preço médio nas bombas. No caso dos impostos federais (PIS/Cofins e Cide), a cobrança é um valor fixo por litro.
“O que nós queremos, gostaríamos que fosse feito, é que o Congresso votasse, aprovasse uma lei dizendo que o ICMS vai incidir sobre o preço do óleo diesel na refinaria ou que tenha um preço fixo, como a Cide”, argumentou durante a live.
Monitoramento de preços em Goiânia
Com todo esse cenário de valores altos para abastecer, o Diário de Goiás fez um levantamento com os valores do combustível na bomba de diversos postos em Goiânia.
O levantamento levou em conta a gasolina comum e o etanol e é baseado no aplicativo Eon, disponibilizado pela Secretaria de Economia que monitora diariamente os valores dos combustíveis no Estado de Goiás. Na ferramenta, disponível nas principais plataformas para dispositivos móveis, há como filtrar os estabelecimentos por meio do serviço de geolocalização, o que permite ao motorista visualizar os valores dos postos mais próximos, como também escolhendo a cidade e tendo acesso a todos os postos de combustível cadastrados. Clique aqui para acessá-lo na íntegra.