28 de novembro de 2024
Esportes

São Paulo anuncia Dorival Júnior como substituto de Rogério Ceni

Dorival Júnior
Dorival Júnior

O São Paulo confirmou nesta quarta-feira (5) que Dorival Júnior é o seu novo treinador, como substituto de Rogério Ceni, demitido na segunda.

Excluindo interinos, ele será o quinto treinador a trabalhar no clube durante a gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. O próprio presidente divulgou sua contratação, via Twitter. “Desejo a ele boas-vindas e sucesso”, afirmou.

Dorival ainda não vai dirigir a equipe no clássico deste domingo (9), justamente contra sua ex-equipe, o Santos, na Vila Belmiro. A orientação do time ficará por conta do auxiliar Pintado, de modo interino. O ex-volante vem conduzindo os treinos desta semana.

No Morumbi, vai encontrar um time cuja primeira preocupação é sair e se distanciar da zona de rebaixamento.

Desde a demissão de Ceni, o nome de Dorival surgiu como consenso dentro do clube.

Um de seus desafios é manter esse prestígio em meio a uma diretoria que não vem conseguindo produzir bons resultados. Em campo, sob a presidência de Leco, o time tem seu pior aproveitamento de pontos neste século.

Em campo, a principal missão do treinador será dar uma identidade a uma equipe que começou a temporada se pretendendo ofensiva, mas que tem, hoje, o quarto pior ataque do Brasileiro.

Por ironia, o time está empatado nessa condição com o próprio Santos, clube que o demitiu em junho. À época, era o treinador com maior longevidade no cargo entre os profissionais da Série A.

FORA DE SANTOS

Dorival Júnior nunca teve em outros clubes o mesmo sucesso que desfrutou no Santos. Repeti-lo é seu maior desafio no São Paulo. A fama de treinador que gosta de posse de bola, do jogo ofensivo e é capaz de tirar o melhor de elencos sem grandes destaques técnicos foi construído em duas passagens na Vila Belmiro.

Longe da Baixada, fez parte da campanha de rebaixamento do Vasco em 2013 para a Série B. Assumiu o Fluminense no mesmo ano, também ameaçado pela degola, para evitar a queda. Não conseguiu em campo. O clube foi salvo pela escalação irregular de Héverton pela Portuguesa. Na temporada seguinte, teve campanha ruim com o Palmeiras, que se manteve na Série A do Brasileiro apenas na última rodada.

Por causa dos dois trabalhos realizados na Vila Belmiro, Dorival é visto como esperança de um padrão de jogo pelo São Paulo. Ele se tornou a imagem de uma filosofia e tem o estilo conciliador dentro e fora do elenco, o que pode ser benéfico para o São Paulo. Por causa da campanha ruim, o clube passa por momento turbulento.

Pelo moral que ganhou como defensor do futebol ofensivo, passou a ser visto de maneira diferente também por quem está fora do futebol. Tornou-se representante da classe (é vice-presidente da Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol), um dos defensores mais visíveis do que ficou conhecida como a Lei Caio Júnior, que regulamenta a profissão de treinador de futebol. O projeto 7560/2014 está em tramitação no Congresso Nacional.

É imagem construída a partir de 2010, quando assumiu pela primeira vez o Santos. Ele se tornou um dos mais cobiçados técnicos do país graças à geração de Neymar e Paulo Henrique Ganso, campeã paulista e da Copa do Brasil. Montou a base que seria campeã da Libertadores do ano seguinte.

Dorival tem o pouco saudável hábito de se meter em polêmicas por causa dos seus auxiliares. Foi demitido do Santos em 2011 porque fez um acordo com o então presidente Luis Alvaro de Oliveira para recolocar Neymar na equipe em clássico contra o Corinthians. Ele preferia manter a punição ao atacante por causa de discussão com seu então assistente-técnico Ivan Izzo. Os dois quase se agrediram no vestiário. Dorival não queria que a revelação santista cobrasse pênaltis e tiveram discussão pública dentro de campo.

Sua segunda passagem pelo Santos foi vencedora por algo que vai além da conquista do título paulista de 2016. Ele conseguiu manter a equipe entre as principais do país apesar das restrições técnicas do elenco e de ter de aceitado reforços que não havia solicitado. Entre eles, o zagueiro argentino Fabian Noguera. Dorival só soube da existência do defensor quando ele chegou ao clube.

Seu trabalho foi minado de novo por se manter fiel a seus auxiliares. Contestou a demissão do gerente administrativo Sergio Dimas, o que irritou o presidente

Modesto Roma Júnior. Seu assistente técnico e filho, Lucas Silvestre, entrou em conflito com integrantes do elenco que não aceitavam sua autoridade. A maior contestação veio do meia argentino Emiliano Vecchio que, em gravação vazada para torcedores, reclamou por estar fora dos planos e chamou o treinador de “narigudo.”

Os problemas fizeram com que Dorival mudasse no decorrer do tempo. Afável com a imprensa, relaxado e confiante, ele foi se tornando cada vez mais desconfiado e preocupado, tentando descobrir de onde viria a próxima crítica. Enfrentava oposição de funcionários que estavam no CT. Por acreditar em trama para substituí-lo por Vanderlei Luxemburgo, pediu o afastamento do ex-zagueiro Marcelo Fernandes.

Como nome de consenso da diretoria do São Paulo, ele vai encontrar tempo para trabalhar, apesar da situação difícil do time no Campeonato Brasileiro. Na teoria, chega para dar ao time o que faltou na passagem de Rogério Ceni. Um padrão de jogo. Algo que conseguiu apenas na Vila Belmiro.


Leia mais sobre: Esportes