Por Gonçalo Junior
Depois de cinco rodadas, o São Paulo continua sem vencer no Campeonato Brasileiro. A equipe do Morumbi foi sufocada pelo Santos e perdeu por 2 a 0 na Vila Belmiro, neste domingo. Errático na defesa, perdido no meio e apático no ataque, o São Paulo nem se aproximou da vitória e ampliou a má campanha no torneio. Agora, são dois empates e três derrotas. O resultado foi um prêmio merecido para a intensidade, aplicação e a organização tática do Santos, que mostra evolução com a chegada de Fernando Diniz.
O triunfo na Vila Belmiro representou um êxito pessoal de Diniz. Foi a primeira vez que o treinador enfrentou o rival desde sua saída do Morumbi, em fevereiro deste ano. O técnico foi responsável direito pela vitória, com uma estratégia de marcação intensa, sufocando a defesa rival, e a escalação de três atacantes.
A derrota para o Santos exemplifica todas as dificuldades que o São Paulo tem demonstrado nos jogos fora de casa. Nos últimos nove jogos como visitante, o time do Morumbi não venceu nenhuma. São cinco empates e quatro derrotas. A última vitória foi em abril, diante do Ituano. O desempenho na temporada não anima. Como visitante, o clube entrou em campo 14 vezes e venceu em apenas quatro ocasiões, com outros cinco empates e cinco derrotas.
Os desfalques que atrapalharam a escalação do São Paulo na Vila Belmiro se multiplicam para as próximas rodadas. O atacante Luciano, uma das peças-chave do esquema são-paulino, foi substituído no primeiro tempo por problemas musculares. Saiu de campo chorando, projetando um longo período de recuperação.
A marcação na saída de bola foi uma arma usada pelos dois lados. Para evitar o erro, os dois goleiros apostaram nos chutões, o que deixou o jogo picado, com poucas jogadas trabalhadas. A bola só viajava de um defesa até a outra. Não havia diálogo entre defesa, meio e ataque. Mais concentrado e mais intenso, o Santos incomodou mais a armação do rival desde o início e forçou o erro Com isso, o time visitante praticamente não conseguiu jogar.
Mesmo com desfalques importantes, como Miranda e Arboleda, Crespo apostou novamente na formação com três zagueiros. O lateral Reinaldo foi escalado com um terceiro defensor. Na hora de defender, ele recuava. De maneira inteligente, Fernando Diniz escalou três atacantes para forçar as jogadas individuais em cima dos defensores, mano a mano. Marcando individualmente, o São Paulo ficou ainda mais vulnerável. Cada deslocamento dos santistas bagunçava a defesa rival.
Foi assim que saiu o primeiro gol, aos 27. Após o lançamento de Camacho – titular pela primeira vez e homem de confiança de Diniz em vários outros clubes -, Jean Mota dominou com categoria e tocou para Marinho marcar. Com seu quinto gol na temporada, o atacante tenta retomar sua melhor fase. Foi um dos melhores em campo. Encaixotado na marcação santista, o São Paulo conseguiu uma finalização no primeiro tempo. Só uma. Após cruzamento na área, Reinaldo chutou em cima de Pará.
Toda a pressão que o Santos fez na saída de jogo, sufocando os defensores, surtiu efeito letal aos 43. Liziero cometeu um erro primário ao atrasar a bola sem olhar. Ele deu de presente para Kaio Jorge, que só tocou para Pirani marcar o segundo gol.
Outro fator decisivo para a vitória santista foi subjetivo, mas facilmente perceptível. Os jogadores tiveram muito mais vontade, corriam em todas as divididas e brigavam pela bola a cada jogada O time pulsou nos berros do técnico Fernando Diniz, facilmente captados pelos microfones à beira do gramado. Pilhado, o treinador narrava cada lance.
Com a vantagem, o Santos diminuiu o ritmo, mas continuou superior e esteve perto do terceiro gol. Aos 16 minutos, Marinho acertou bela cobrança na trave.
Crespo tentou organizar melhor a partir da entrada de Benítez no lugar de Gabriel Sara. O retorno do argentino foi o grande alento para as próximas partidas. A equipe melhorou, terminou pressionando o Santos, que terminou o jogo com o goleiro John contundido – todas as alterações já haviam sido feitas. Mesmo pressionando, a equipe do Morumbi não conseguiu diminuir a diferença tática, anímica e numérica do clássico.
FICHA TÉCNICA:
SANTOS 2 x 0 SÃO PAULO
SANTOS – John; Pará, Luiz Felipe, Luan Peres e Felipe Jonatan; Camacho (Balieiro), Mota, Pirani (Zanocelo) e Marinho (Lucas); Kaio Jorge (Danilo) e Marcos Guilherme (Madson). Técnico: Fernando Diniz
SÃO PAULO – Volpi; Diego Costa (Léo), Bruno Alves e Reinaldo; Igor Vinícius, Liziero, Sara (Benítez), Rigoni (Tales) e Wellington; Luciano (Rojas) e Eder (Galeano). Técnico: Hernán Crespo.
GOLS – Marinho, aos 27, e Pirani, aos 43 minutos do primeiro tempo.
ÁRBITRO – Sávio Pereira Sampaio (DF).
CARTÕES AMARELOS – Kaio Jorge, Reinaldo, Sara, Igor Vinícius.
RENDA E PÚBLICO – Jogo sem torcida.
LOCAL – Vila Belmiro, em Santos (SP).
(Conteúdo Estadão)
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