O aumento da receita com tarifas e serviços e a redução das provisões contra calotes contribuíram para que o Santander Brasil tivesse lucro líquido de R$ 2,28 bilhões no primeiro trimestre do ano, crescimento de 37,3% na comparação com o mesmo período de 2016. Ante o quarto trimestre, a alta foi de 14,7%.
Os dois fatores foram alguns dos destaques da divulgação do balanço do primeiro trimestre do ano feita pelo presidente do banco, Sérgio Rial, nesta quarta-feira (26).
Do lado da receita, as comissões recebidas com o uso de cartões e serviços de conta-corrente cresceram 24,3% em relação aos três primeiros meses do ano passado, para R$ 3,71 bilhões. Rial atribui parte do aumento ao crescimento da base de clientes do Santander Brasil, que passou de 3,2 milhões para 3,7 milhões no período.
Já as provisões contra calote caíram 6,6% na comparação anual e 15,5% na trimestral, para R$ 2,26 bilhões.
Segundo o presidente do banco, fruto da gestão de risco iniciada pelo banco em 2015 e acelerada no ano passado e também da baixa de uma grande empresa.
O corte reflete também a queda da inadimplência do banco, medida pelo atraso acima de 90 dias. A taxa recuou de 3,3% no primeiro trimestre do ano passado para 2,9% nos três primeiros meses do ano. Houve diminuição do calote de empresas, de 2,1% para 1,9%, enquanto a inadimplência de pessoas físicas recuou de 4,7% para 4%.
O resultado do banco agradou os investidores. Às 14h22, as units -conjunto de ações- do Santander Brasil subiam 1,52%.
O Santander Brasil teve um aumento de 7,1% das despesas gerais no primeiro trimestre, para R$ 4,63 bilhões.
Essas despesas incluem o custo para manter as operações administrativas do banco e os funcionários. Na comparação com o quarto trimestre, porém, houve queda de 4,2%.
A carteira de crédito do banco cresceu 3,6% na comparação com o primeiro trimestre de 2016, para 257,17 bilhões.
No entanto, ficou quase estável (+0,1%) em relação ao quarto trimestre. Durante a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2016, Rial indicou que os empréstimos seriam retomados acompanhando a queda da taxa de juros do país.
Nesta quarta, afirmou que essa recuperação deve ocorrer no segundo trimestre do ano. “Em um Brasil com uma taxa de juros de um dígito, a possibilidade de transacionalidade dos bancos aumenta. Vamos financiar mais veículos, vamos ver a retomada do financiamento imobiliário no Brasil”, afirmou. “Você pode perder num estreitamento de margem, mas ganha em volume [com a maior concessão a clientes].”
Os empréstimos para pessoas físicas cresceram 9,8% na comparação anual e 2,8% em relação ao quarto trimestre, para R$ 93,99 bilhões. A maior alta veio do crédito consignado, que subiu 31,7%, para R$ 20,47 bilhões.
O crédito para pequenas e médias empresas caiu 4,6% na comparação anual, mas Rial espera retomar as concessões já no segundo trimestre. “É o setor que mais se impacta com os juros e que mais se beneficia da queda de juros. Isso ainda é reflexo de 2016. Há um componente de retrovisor e de sazonalidade nessa queda, mas estou absolutamente otimista com a retomada do crescimento. Queremos dobrar a carteira de pequenas e médias empresas”, disse.
RESULTADO MUNDIAL
O resultado fez com que o braço brasileiro do Santander respondesse por 26% da participação no lucro da matriz espanhola, mesmo com a crise que afeta o país. Historicamente, essa fatia variava entre 18% e 20%.
Em relação à crise, Rial já vê a economia brasileira crescendo no primeiro trimestre e se alinha com as projeções de mercado de crescimento de 0,4% em 2017. “Eu acredito que o primeiro trimestre já terá uma demonstração de maior crescimento do que o mercado está sinalizando”, disse.
“Nunca subestimei o Brasil. Quem subestima o Brasil geralmente erra. Não há um analista de mercado que não veja o Brasil crescendo de 3% a 4% no ano que vem”, afirmou.
“Estamos no caminho certo, mas as reformas [da Previdência e trabalhista] ainda não passaram”, lembrou.
Sobre a reforma trabalhista, Rial comentou as mudanças realizadas na Espanha. “A modernização, voltarmos a dar capacidade à empresa e ao empregado de pactuar aquilo que for de seu melhor interesse em uma sociedade transparente, flexível e mais veloz, é de interesse de todos. A reforma que está sendo discutida hoje é, na minha opinião, algo que visa, entre outras coisas, a geração de emprego”.
O Santander teve alta de 14% no lucro líquido do primeiro trimestre na comparação com os três primeiros meses de 2016, superando as expectativas de analistas.
O maior banco da zona do euro em valor de mercado teve lucro líquido de € 1,87 bilhão nos três primeiros meses deste ano ante expectativa média de analistas de € 1,77 bilhão, segundo pesquisa da Reuters. (Folhapress)
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