“Quem mandou matar Jair Bolsonaro?”, um episódio documentário da Brasil Paralelo, que seria lançado na próxima segunda-feira, dia 24, teve censura prévia determinada pelo ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão, que atende a um pedido do Partido dos Trabalhadores (PT), se estende até o dia 31 de outubro com a justificativa de que produção contém apoio de suposto grupo pronto para disseminar desinformação durante a campanha eleitoral. Mas afinal, do que se trata o filme?
Vale lembrar que a Brasil Paralelo Entretenimento e Educação S/A, é uma empresa brasileira fundada em 2016, em Porto Alegre, e que produz vídeos sobre política e história baseando-se e utilizando um viés de extrema-direita e neoliberal. Com isso, já é possível entender que instituição possui lado e tem oposição. Em sua descrição do canal no Youtube consta que as produções tem objetivo de “fortalecer na cultura os valores e tradições que ao longo da história conduziram a humanidade à paz e prosperidade”.
Ainda no Youtube, em resposta a decisão do TSE, a Brasil Paralelo publicou um vídeo divulgando trechos do documento como “abster de anunciar, exibir ou publicar, por qualquer meio, o episódio ‘Quem mandou matar Jair Bolsonaro?’, da série Investigação Paralela, até o dia seguinte ao 2º turno da eleição presidencial”. Assista.
Já sobre o filme há poucas informações, como informado pela Brasil Paralelo, trata-se de um episódio de uma série. Sabe-se, porém, que o filme sobre a facada sofrida pelo presidente, quando era candidato, em 2018, levanta tese de que o atentado teria sido ordenado por um aliado do mandatário na época. Esse “ponto de vista”, no entanto, contraria mais de duas mil páginas de investigação da Polícia Federal.
Além disso, produção, segundo a Folha de S. Paulo, vai na contramão até mesmo de teorias da conspiração da base bolsonarista, de que opositores do mandatário estariam por trás do atentado cometido por Adélio Bispo. A Brasil Paralelo chegou a afirmar à Folha, por meio de nota e antes da decisão do TSE, que o filme sugere que o mandante do atentado seria uma “pessoa próxima” de Bolsonaro no período eleitoral.
A investigação da Polícia Federal, porém, afirma que Adélio Bispo agiu sozinho no crime contra Bolsonaro em 2018. Isso por que, nas análises de quebras de sigilos do autor do crime e de pessoas que poderiam ter alguma ligação, não levaram a nenhum outro suspeito.
Outras decisões
A decisão do TSE também optou pela suspensão da monetização deste canal no Youtube da Brasil Paralelo, outros canais e veículos de informação como Foco do Brasil, Folha Política e Dr. As empresas estão proibidas de obter receitas de impulsionamento pago na internet, especialmente de conteúdos que envolvem o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A multa diária pelo descumprimento da determinação vão de R$ 20 mil a R$ 500 mil.
O ministro do TSE exigiu, ainda, a identificação ou exclusão de 28 perfis de apoiadores de Bolsonaro no Twitter, “em virtude do anonimato”, e a intimação de Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro, para que se manifeste sobre a “utilização política-eleitoral de seus perfis nas redes sociais”.
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