Menos de dois dias após a posse de Javier Milei na Argentina, o novo ministro da Economia do país, Luis Caputo, já anunciou um conjunto de duras medidas na tentativa de buscar recuperar o país da forte inflação e déficit fiscal.
O pacote tem 10 tópicos com foco na forte desvalorização do câmbio, que fará com que o dólar fique a 800 pesos – para se ter ideia da diferença um dólar vale, atualmente, pouco menos de 5 reais brasileiros – e a contenção de gastos públicos com o corte de subsídios e o fim de licitação de obras. Confira as medidas anunciadas.
- Não serão renovados os contratos de trabalho do Estado que tenham menos de um ano de vigência;
- Suspensão de publicidade oficial nos veículos de comunicação;
- Os ministérios serão reduzidos em 18 a 9, e as secretárias de 106 a 54. Isso implicará na redução de 50% de cargos hierárquicos e de 34% dos cargos políticos no governo federal;
- Redução do valor mínimo das transferências discricionárias para as províncias;
- Não haverá novas licitações do governo federal para obras públicas;
- Redução de subsídios para energia e transporte, este que, atualmente está custando apenas 80 pesos por viagem, ou seja, pouco mais de R$ 1;
- Manutenção dos planos de apoio ao trabalho de acordo as diretrizes de 2023;
- Alteração oficial do câmbio para 800 pesos (cerca de R$ 10,80) por US$ 1. Hoje, a cotação oficial encerrou a 366 pesos (R$ 4,96);
- Substituição do sistema de importações SIRA “por um sistema estatístico e de informação que não exigirá a aprovação de licenças”;
- Duplicação do plano AUH [atribuição universal por filho ou filha, na sigla em espanhol] e 50% de programas alimentares.
Apesar destas medidas serem feitas com o objetivo de “evitar uma catástrofe”, como disse Caputo em pronunciamento nesta terça-feira (12), ele também afirmou que a situação não vai aliviar a situação da população no curto prazo. “Estaremos pior do que antes durante alguns meses”, completou.
Caputo anunciou, ainda, que a Argentina avançará na eliminação de tributos para exportações, enquanto substituirá o sistema para aprovação das licenças de importação.
Enquanto isso, o clima na capital Buenos Aires é de incerteza. A reportagem do Diário de Goiás, que conta com um repórter na cidade, ouviu moradores e, destes, tanto brasileiros, quanto argentinos, dizem que, por conta da crise, tem perdido de 5 a 10% do salário por conta da desvalorização, mesmo recebendo aumentos constantes. Além disso, há o medo de que essa piora, anunciada pelo governo, não termine com bons resultados.