19 de dezembro de 2024
Economia • atualizado em 13/02/2020 às 00:29

Safra de grãos caiu 11% em 2016, primeira queda em 6 anos

(Foto: Agência Brasil)
(Foto: Agência Brasil)

A safra brasileira de grãos caiu 21 milhões de toneladas em relação ao ano anterior, numa queda de 11%, a primeira redução em seis anos. O clima desfavorável fez a produção cair de 208 milhões de toneladas em 2015 para 186 milhões.

Mesmo com a quebra da produção, o PIB do agronegócio deverá crescer até 3% neste ano em relação a 2015, aponta a balanço anual divulgado nesta terça-feira (6) pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Algumas áreas perderam mais de 30% da safra por causa do fenômeno El Niño. A soja, por exemplo, a principal lavoura do país, caiu 2%. Houve queda na produção de uva, feijão e milho em 2016 em relação ao ano anterior.

“Há seis anos não víamos uma queda tão significativa da safra”, explicou Bruno Lucchi, superintendente-técnico da CNA, atribuindo a queda ao fenômeno climático El Niño.

Mas o PIB total do setor cresceu puxado pela melhora nos preços dos produtos agrícolas, principalmente os produtos para exportação, e o dólar alto ao longo do ano. O valor das exportações, por exemplo, caiu 8%, menos que a queda da produção. Com o mercado interno em baixa pela recessão, a pecuária cresceu menos.

A perspectiva, no entanto, é que para 2017 o crescimento do PIB seja menor, ficando na casa dos 2%, segundo análise da Confederação, que prevê um dólar médio de R$ 3,32 ao longo do ano e inflação de 4,9%, valores abaixo dos desse ano.

A previsão é de que o valor da produção agrícola brasileira para 2017 fique 2,3% maior, puxado também pela agropecuária, principalmente com aumento da produção de feijão e o algodão. As áreas que devem mais perder valor em relação a este ano são trigo e cacau.

O fator que ajudará no crescimento do valor da produção é que em 2016 ela não chegou a seu potencial previsto em 2015 por causa de efeitos climáticos, caindo 1% em relação a 2015.

Economia

Sérgio Vale, economista chefe da MB Associados, que auxiliou nos estudos da Confederação, diz que os próximos anos serão de complicações causada pela política na economia, com previsão de aumento de juros em todo o mundo. Com isso, o câmbio deverá ficar mais alto pelos próximos anos.

“Com taxas de juros elevadas, as commodities vão ter queda”, alertou o economista lembrando que a política americana de fechamento para o comércio deverá beneficiar o crescimento da China.

Segundo ele, tem havido queda na expectativas de crescimento do Brasil para 2017 e não vai ser “fácil” o país crescer como se previa. Para Vale, a piora no cenário político é a responsável pela queda nas expectativas já que cada vez se mostra complicado para o governo aprovar as reformas necessárias na economia.

Críticas

O presidente da entidade, João Martins, fez críticas ao governo, principalmente ao ministro do Meio Ambiente, Zequinha Sarney, e também à decisão do governo de aumentar a tributação para as exportações. Mas disse continuar a confiar na gestão de Michel Temer.

“Acreditamos e queremos acreditar no governo Temer. Nada pior que essa desarrumação política caso o governo Temer não dê certo”, disse João Martins.

Para ele, o país precisa dar melhor condição para a produção, com revisão de leis na área trabalhista, e melhoria na infraestrutura, principalmente do setor portuário.

“Temos uma responsabilidade grande. A população do mundo vai crescer e a ONU jogou a responsabilidade do Brasil crescer a produção e alimentar a população mundial. Produzimos oito vezes mais que a população pode produzir num ano. Precisamos de um país com equilíbrio político para produzir”, reclamando dos problemas trabalhistas e ambientais que os produtores enfrentam.

Martins afirmou ainda que a entidade vai entrar na Justiça contra o ministério do Meio Ambiente contra a abertura do CAR (Cadastro Ambiental Rural), decisão tomada pelo ministro Zequinha Sarney.

Segundo ele, o CAR ainda está sendo consolidado e agora todos podem ver o tamanho e áreas das propriedades. Para ele, é a mesma coisa que abrir o processo industrial e a capacidade das máquinas para os concorrentes.

“Não podemos aceitar que o ministro do Meio Ambiente abra o cadastro ambiental. Isso é ilegal. Isso é sigilo e também tem a segurança brasileira. Isso precisa ser corrigido. Vamos questionar ele na Justiça”, disse Martins, dizendo que ele está “desafinado” em relação ao restante do governo.

Folhapress

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