A sabatina da Rádio Bandeirantes, realizada em parceria com o jornal Diário de Goiás na manhã desta segunda-feira (9), entrevistou o candidato à Prefeitura de Goiânia pelo PSDB, Matheus Ribeiro. Ao editor-chefe deste veículo, o jornalista Altair Tavares, e ao apresentador Fred Silveira, o jovem, de 31 anos de idade, reforçou os seus ideais para o pleito municipal.
Ao criticar a atual gestão e “as velhas formas da política” na cidade, Ribeiro frisou a necessidade de renovação na administração da capital goiana. Segundo o candidato, a partir de então, as mudanças deverão acontecer. Além disso, o tucano criticou as promessas apresentadas pelos candidatos ao pleito municipal.
“Eu não sou candidato para abrir saco de promessa, saco de ilusão. Tem candidato prometendo fazer trem suspenso, botar moto andando com ônibus para atropelar os motociclistas. Umas coisas absurdas que fazem parte desse afã de ganhar a qualquer custo. De mentir, de tapear as pessoas, de ter uma conversa fiada para seduzir o eleitor”, disse.
Dentre outras críticas, Matheus Ribeiro também elencou os cuidados nos quais considera prioritários para Goiânia, tais como a coleta de lixo e limpeza urbana, ligadas à sustentabilidade, além da saúde pública, número de vagas em Cmeis, dentre outros pontos. Confira, abaixo, a entrevista, em sua íntegra:
Fred Silveira: Você é um menino novo, está pleiteando o Executivo de Goiânia, e como é que você pretende fazer esse seu trabalho hoje, dentro da capital, que não é uma cidade fácil, com os problemas, com vícios antigos, com vícios que já vêm de outras gestões, sem ter ainda essa experiência executiva para exercer isso, que a gente sabe que não é. É um desafio muito grande, é um desafio que mete medo, querendo ou não, porque você vem com muitas propostas. Eu passei a noite estudando o teu plano de governo com relação a zerar vagas de Cmeis, a questão da mobilidade em Goiânia. Como é que você pretende fazer isso, de fato, tirar isso do papel, sem ter ainda essa experiência, e nunca ter ocupado um cargo público de verdade dessa magnitude que é a Prefeitura de uma capital?
Matheus Ribeiro: Primeiro, com trabalho, Fred. É fundamental a gente entender que o fato das coisas permanecerem problemáticas em Goiânia vem justamente por conta dessa experiência que muitos se gabam de ter, mas que ela não passa de experiência em rolo, experiência em maracutaia, experiência em repetir velhas fórmulas da política. Eu acredito que juventude não é doença, e eu tenho a alegria de ser novo, não apenas na idade, até porque eu já não acho tão novo assim, estou com 31, mas não sou um sujeito inexperiente. Eu tenho 10 anos de repórter, de jornalista, de apresentador, 10 anos de uma carreira baseada em ouvir as pessoas, muitas vezes ouvindo pedidos de socorro. O pedido de socorro de quem precisa de uma vaga de UTI, de quem precisa de uma faixa de pedestre, de quem precisa de uma vaga na creche pro filho, o pedido de socorro de quem não aguenta mais uma cidade enfumaçada, como nós estamos vendo nos últimos dias, de uma cidade que não cuida dos seus parques, das suas praças, das suas ruas, uma cidade que não cuida da sua gente. Nesse mesmo período, também, eu observei muitas coisas boas e observei o quanto Goiânia cresce por conta da sua população. Goiânia é uma cidade boa de se viver, mas que está mal cuidada porque não tem à frente da sua gestão alguém que cuida de Goiânia como quem cuida de casa, que é como eu vejo essa cidade. Afinal de contas, eu nasci aqui, mas, sobretudo, eu escolhi viver em Goiânia. Portanto, é com essa experiência de ouvir e com a seriedade de uma carreira baseada no compromisso com a sociedade e não com o sistema político que eu vou chegar à Prefeitura com independência e autonomia para conduzir as relações institucionais do Poder Executivo com muita seriedade, sem ter que ceder a chantagens, sem ter que pagar dívidas eleitorais. Afinal de contas, eu não vim de secretaria, eu não comprei coligação, eu não estou sustentando um exército de vereadores ou de cabos eleitorais. Eu tenho feito uma campanha com muita autonomia e presença democrática na imprensa, mostrando que a gente precisa conduzir, sobretudo, as relações com a Câmara Municipal, entendendo a independência dos poderes, mas entendendo, também, a necessidade dessa relação colocar como prioridade a cidade e não os interesses políticos, loteando a Prefeitura, como acontece hoje. Esse é o diferencial que eu posso entregar para a sociedade por ser novo, não apenas de idade, mas novo também na política, propondo novas formas de fazer gestão.
Altair Tavares: Matheus, você usou a expressão loteamento na política e na sua proposta geral, também falando de formação, de novas perspectivas políticas, como apresentou agora. Mas como é que se administra uma cidade sem apoio político, sem loteamento? Eu não entendo por que as pessoas têm tanta dificuldade em entender que você administra com aliados, aliados que participam do poder, que vão estar nos lugares. Então, eu fico curioso de saber, afinal de contas, é loteamento e loteamento é aliança? Qual a diferença entre loteamento e aliança?
Matheus Ribeiro: Vou te explicar. A gente não precisa apenas de um apoio político para governar Altair, a gente precisa também de um apoio popular. Os projetos políticos desenvolvidos pelo governo, as políticas públicas implementadas pela Prefeitura, não podem ser decididas apenas dentro dos gabinetes. Elas têm que ser dialogadas, conversadas, decididas, também a partir da soberania popular. É por isso que na nossa candidatura a gente estruturou um plano de governo que ouviu as pessoas, que ouviu a sociedade, que ouviu segmentos importantes, classistas, representativos, que teve a participação de um time técnico, de quadros do meu partido, do PSDB, e que isso se torna um escudo da administração para que seja feito não um governo de um homem só, de um prefeito só, de um partido só, mas de uma cidade inteira, de uma cidade que é plural. É fundamental que nós tenhamos aliados políticos e nem de longe eu sou aquele cara que nega a política, que quer destruir a política, que cria essa alegoria e essa encenação para não falar do dia-a-dia, do cotidiano real. Eu sou um cara capaz de dialogar com todos, eu sou um cara que busca construir pela convergência. No meu trabalho de ouvir as pessoas e de relatar isso em reportagens, eu sempre exerci a serenidade e a sobriedade para avaliar, para discutir, para conversar, e é dessa forma que a gente vai formar um governo. Não tendo apenas uma representação política, que é o que acontece hoje. Todas as secretarias, inclusive as técnicas, têm domínio político. O trânsito não pode ter domínio político, a saúde não pode ter domínio político, a educação não pode ter domínio político. Nós temos pastas políticas, secretarias de governo, de relações institucionais, justamente para esse papel. Então é dessa forma que eu venho. Formar uma base política, entendendo o que no governo é político, o que depende de discussão na Câmara Municipal, e aquilo que é de autonomia, de ofício, de independência do chefe do executivo, para nomear e implementar políticas públicas que possam garantir a dignidade do cidadão. Coisa que não acontece hoje devido aos muitos problemas básicos que nós encontramos na nossa cidade. Uma cidade suja, uma cidade onde muitas pessoas morrem por falta de atendimento, por falta de ambulância, uma cidade que tem crianças fora da escola.
Altair Tavares: Esse momento da campanha é interessante porque os candidatos já estão bem afiados com o seu discurso, já estão afinados com as propostas, já te alugaram bastante, já mostraram muitas propostas e a gente pode ir afinando, de certa forma, ainda mais. O senhor falou mais de uma vez na criação de uma companhia de engenharia de tráfego, em um debate, nas entrevistas também. Então, qual a real necessidade de uma companhia se nós temos engenheiros na Secretaria de Mobilidade e uma secretaria que já tem que cumprir a função de cuidar da engenharia do tráfego?
Matheus Ribeiro: É uma questão técnica, é uma questão técnica. A secretaria, Altair, ela está muito mais sujeita, muito mais suscetível às mudanças de humor da política, afinal de contas, é uma estrutura vinculada diretamente à prefeitura. A companhia, ela cria uma nova estrutura hierárquica? Não, isso é considerando o cenário de bagunça que a gente tem hoje. A partir de uma reforma administrativa que reorganiza, inclusive, o investimento de pessoal da prefeitura, tirando o comissionado, tirando o bajulador, tirando funcionário de político e colocando professor, assistente social, agente comunitário de saúde, afinal de contas, eu já assumi um compromisso de convocação dos aprovados dos concursos públicos da prefeitura, é fundamental a gente valorizar o serviço público, e não o funcionário do político no orçamento municipal, a partir de uma nova estrutura administrativa que coloca e que dá a segurança de que nós tenhamos pastas de áreas estratégicas para a cidade, sob o comando técnico, e aí o perfil de uma companhia permite, inclusive, a criação de políticas públicas metropolitanas, o que é fundamental para o nosso trânsito. Altair, mas entre a obrigação e a realidade, você sabe que existe um abismo hoje, eu não vou explicar, porque é o que você acompanha no seu trabalho enquanto jornalista, e é justamente para mudar essa realidade que a gente precisa de uma estrutura administrativa que, inclusive, passa confiança aos profissionais que hoje são especialistas da área, mas que muitas vezes não querem fazer parte de uma gestão por receios. Quantos bons profissionais deixam de estar presentes em gestões públicas, onde às vezes se ganha menos do que na iniciativa privada? É importante frisar isso? Porque tem receios de pressões políticas, de não ter uma autonomia, uma garantia, então eu preciso, inclusive, ter gestos que demonstrem uma seriedade em uma reforma administrativa, e isso se faz com um melhor investimento do dinheiro público. Uma companhia de engenharia de tráfego da Capital permite a criação de políticas metropolitanas, de soluções mais inteligentes para o transporte, e assegura que nós tenhamos presenças técnicas no comando dessa companhia.
Altair Tavares: Então, falar da companhia de engenharia de tráfego em São Paulo…
Matheus Ribeiro: Olha, Altair, o modelo administrativo, permita-me ser muito sincero. Eu sou um candidato que eu não estou cercado, abarrotado de assessores, de técnicos. Nós estruturamos um diálogo com a sociedade e montamos um plano de propostas.
A implementação das propostas é um passo posterior, principalmente na formação de uma estrutura de governo, à medida em que a gente vencer o segundo turno. Então, isso é um processo que também faz parte do diálogo, até porque vai ser composto em projeto e validado pela Câmara Municipal. Há um no ranking de cidades que estabelecem políticas de prioridade para atendimento no caso das crianças que estão na primeira infância. E isso é fundamental para que a gente tenha o serviço público atendendo quem mais precisa de forma imediata. Então, a criação de um cadastro municipal para mapear e fazer uma busca ativa das crianças que hoje estão fora da escola, das crianças que demandam de creche, inclusive tendo esse mapeamento regionalizado, porque não há essa estimativa hoje.
Inclusive, esse número de 8 mil crianças fora da escola pode, inclusive, estar subnotificado, pode ser um número muito maior do que a gente tem. É fundamental para que a gente tenha uma escala de prioridade nesse atendimento e comece a trabalhar soluções múltiplas, Fred. Todos os meus colegas candidatos falam numa mesma solução, em criar um padrão de vagas e contratar com entidades do terceiro setor ou com a iniciativa privada. Essa é uma solução temporária. Afinal de contas, eu sou um profundo defensor também da educação pública. Minha mãe é professora da rede pública, eu tive a oportunidade de transformar minha vida por meio da educação e eu acho que é fundamental a gente ter um corpo pedagógico forte na prefeitura municipal e sendo respeitado. Daí, reforço o compromisso de convocar os aprovados da educação e garantir, inclusive, professores de apoio para as crianças que têm necessidades especiais, para as crianças que têm autismo e, a partir disso, trazer novas soluções. Uma delas é o programa creche do Trabalhador. A prefeitura assegurar para aquelas pessoas que estão contratadas ou em processo de contratação em grandes empresas, ou seja, aquelas que geram mais de 100 vagas de trabalho na nossa cidade e que, muitas vezes, têm disponibilidade de espaço físico, para que a prefeitura municipal instale nesse local pequenas unidades educacionais com fornecimento de mão de obra pedagógica e de merenda escolar, para que o trabalhador tenha o seu filho numa unidade educacional no mesmo ambiente. É previsto o direito. Na legislação federal, a Constituição Federal assegura um monte de coisa no papel, Altair.
Matheus Ribeiro: Não é tão resolvido assim, porque não há uma participação da gestão municipal nesse processo, Altair. Uma previsão legal é uma coisa, a realidade é outra. E qual é a realidade que eu conheço? A do dia a dia. É a realidade de quem mora no Jardim Curitiba, que mora na Madre Germana 2, da mãe que precisa ir todos os dias até o Marista para trabalhar e que a criança fica sozinha em casa, às vezes, com três, quatro anos. Essa é a realidade que eu conheço. Porque essa é a realidade, inclusive, de muitas diaristas, de muitas mulheres que não têm carteira assinada, que hoje estão lá microempreendedoras individuais, mas ninguém ensinou elas a empreender.
Altair Tavares: Você está falando de resolver isso em um dia, numa situação complexa. Como é que você resolve uma situação complexa como essa, que precisa de contrato, convênio, precisa de legislação, autorização legislativa, no primeiro dia de governo?
Matheus Ribeiro: Eu não sou candidato para abrir saco de promessa, saco de ilusão. Tem candidato prometendo fazer trem suspenso, botar moto andando com ônibus para atropelar os motociclistas. Umas coisas absurdas que fazem parte desse afã de ganhar a qualquer custo, Altair. De mentir, de tapear as pessoas, de ter uma conversa fiada para seduzir o eleitor. E, não, na gestão a gente administra, que é o jeito que a política antiga faz. Portanto, eu não estou vendendo a minha alma. O que importa é ganhar. Depois a gente vê como é que fica. Na concepção de muitos candidatos é assim, na minha não. Eu entendi, e quando eu decidi entrar na política, tomei uma decisão consciente de que eu não iria manchar a credibilidade que eu construí enquanto jornalista. O vínculo que eu quero construir com a sociedade na política, Altair, é um vínculo de confiança, de seriedade, de trabalho. No meu plano de governo, nós estabelecemos linhas de trabalho, a gente fala em buscar financiamento para programas, a gente fala de construir soluções por meio de parcerias públicas e privadas, de um diálogo e de um envolvimento da sociedade civil. Resgatar Goiânia não é projeto de um prefeito, é projeto de uma sociedade, de uma cidade como um todo. Então é dessa forma que a gente apresenta as nossas metas, a nossa linha de trabalho, sem abrir um saco de promessa, um saco de ilusão.
Pergunta do ouvinte: Bom dia, Fred Silveira, e para todos vocês aí do Manhã Bandeirantes. Ô, Matheus Ribeiro, a minha pergunta é a seguinte, qual é o seu projeto para ciclovias, que as ciclovias também são abandonadas. Porque ele teve um buraco nela e ele correu e não viu. Acidentou, acabou com a bicicleta. Ainda bem que não machucou pouca coisa, né? Então, vem, o que você pode fazer por nós, seu projeto para isso? Eu sou o João Melo de Alcântara, aqui do Garavelo.
Matheus Ribeiro: João, isso faz parte do nosso plano de governo, à medida que a gente entende que uma cidade como Goiânia precisa garantir várias possibilidades de meios de transporte. E a bicicleta é uma delas para muitos e muitos trabalhadores que também usam outros meios, usam o transporte coletivo e que precisam ter os espaços adequados nos terminais para deixarem essas bicicletas com segurança, mas isso também envolve a garantia das ciclovias na nossa cidade, um projeto que foi abandonado pela atual gestão, que muitas vezes não recebe o devido cuidado. Goiânia está sem fiscalização no trânsito, porque perdeu os radares e perdeu também a fiscalização por câmeras devido à ineficiência da gestão em renovar esse contrato. Então, trazer uma nova visão para o transporte, João, é fundamental para que a gente valorize quem está nas bicicletas, mas também quem está nas motos, que não podem ser jogados na mesma faixa de ônibus. Eu vi em São Paulo a experiência da faixa azul, que é uma faixa preferencial para os motociclistas trafegarem com mais segurança e celeridade, mas sem correrem o risco de serem atropelados por ônibus. Mais que isso, se é uma aforização inteligente na nossa cidade para garantir que as pessoas não percam seu tempo no trânsito. Quando a Prefeitura deixa de investir no trânsito, quando transforma a Secretaria de Trânsito numa pasta de arrecadação num cofre, o que acontece é que a vida das pessoas fica pior. Elas deixam de ter tempo para uma atividade física, para ficar com o marido, com a esposa, para cuidar do filho, para limpar a casa, para viverem, porque estão presas num trânsito que não anda. Então, dar dignidade para todos que precisam se locomover é fundamental. É cuidar de quem está no carro, de quem está na moto, de quem está a pé, de quem está na bicicleta e de quem precisa do transporte coletivo como um transporte de todos. O transporte coletivo na minha gestão não vai ser tratado como transporte de pobre, como muita gente faz, não. Chega de a gente ter uma cidade que exclui as pessoas por conta do transporte. BRT pelas metades, porque o projeto original era do Terminal Cruzeiro ao Recanto.
Altair Tavares: Os ônibus agora que estão em operação, os 60 ônibus, não estou dizendo que ele está mais ou menos. Eles têm uma melhor qualidade. O que deveria ser obrigatório para toda a rede e eu espero que algum dia todos os ônibus tenham ar-condicionado.
Matheus Ribeiro: Altair, a gente precisa formar clientes. A gente precisa formar clientes para o transporte coletivo, porque hoje ninguém quer andar de ônibus. Quem que gosta?
Eu nunca achei ninguém. Então, para formar clientes, a gente tem que levar dignidade. Numa cidade que tem 7% de umidade… Isso, mas que isso chegue a toda a rede. Que isso continue progredindo. Esse tem que ser o trabalho.
Altair Tavares: No histórico dessa eleição, lá no começo, o senhor entrou no assunto do lixo. Fez um arranca-rabo com o prefeito sobre esse assunto. A campanha evoluiu, chegaram os demais. E eu acho engraçado isso. Os candidatos não tratam do principal problema hoje, que é o lixo. De forma estruturada é: nosso aterro está morrendo, está acabando. Quanto que vai ficar esse novo aterro? Nosso aterro é um aterro falso. Ele é um grande lixão. Nós não temos um aterro. E aí eu fico pensando comigo: olha, não é uma cidade grande, complexa como Goiânia, a gestão do lixo é uma das questões mais importantes. E aí eu me pergunto, o que é que o senhor não evoluiu no debate sobre esse assunto e por que é que não está colocando de forma mais insistente, ou se está, não pode me contestar.
Matheus Ribeiro: Altair, vamos olhar um pouco além, até pelo momento atual que a gente está vivendo, uma cidade enfumaçada, com baixa umidade, mostrando que o título da ONU, que é a gestão ostenta, ele não passa de título mesmo, porque ele não reflete a realidade. A gente não tem só uma questão do lixo em Goiânia, a gente tem uma questão de sustentabilidade das nossas formas de nos relacionarmos com o meio ambiente, com os resíduos que a gente produz, com as nossas comunidades, com o zelo que a gente deve ter com a porta da nossa casa, com o nosso bairro, com as políticas de incentivo para não ter entulho espalhado por Goiânia. Então entender a questão do lixo como uma questão compartilhada é fundamental. Eu já apontei do ponto de vista da coleta, a necessidade que a gente tem de revisão desse atual contrato, que é milionário, que está sendo questionado na Justiça. Eu já estou por dentro do termo de ajustamento de conduta que foi celebrado entre a Prefeitura e o Ministério Público em relação ao aterro sanitário, que traz a necessidade da gente procurar soluções, inclusive consorciadas com a região metropolitana, para a criação não de um novo aterro, mas de novos aterros descentralizados para que a gestão dos resíduos não se torne uma montanha de problema, como é o caso que acontece hoje com o chorume chegando no lençol freático. E mais que isso, a gente precisa fazer a dedetização da Comurg. A gente precisa tirar os ratos e baratas que corroeram essa empresa pública municipal que deve voltar a ser uma prestadora de serviços para a população, não apenas nas questões de limpeza urbana, mas de organização da cidade. E aí eu trago uma política de uma gestão que seja comunitária. De que forma? Primeiro, trazendo mais eficiência para a coleta do lixo. Eu olho da janela de casa e vejo a equipe do limpa-gim perdendo quase 40 minutos para esvaziar oito latões de um condomínio, oito latões que ficam ali, que recebem o lixo de alguns prédios. É ineficiente você ter seis pessoas paradas por tanto tempo fazendo um serviço braçal quando você poderia ter uma política pública dos contêineres. Que, inclusive, promovem um armazenamento melhor desse lixo até a devida coleta. Impedindo que cães, que animais de rua ou que a chuva leve isso para os bueiros. Isso é mais barato. Então, por que a cidade está recorrendo a soluções caras, ineficientes.
Altair Tavares: O prefeito precisa se preocupar nisso no modo como a empresa está coletando? Se a prefeitura paga 19 milhões por mês para essa empresa coletar e deixar a cidade mais limpa, é ela que passa do jeito que achar melhor, não?
Matheus Ribeiro: É porque a prefeitura não tem que pagar 19 milhões por mês. É por isso. Porque esse dinheiro está sendo mau gasto com um caminhão que passa uma escovinha lá e finge que limpou. Isso é uma vergonha que passa só de um lado da rua que não passa do outro. Isso é um escárnio. Isso é um escárnio com a cidade. Isso é um desperdício de dinheiro numa cidade que não tem médico no posto de saúde. A gente tem que perder a paciência com esse tipo de absurdo que acontece na cidade. E um prefeito tem que saber, sim, o modo como o lixo é coletado. Porque já teve denúncia de funcionário da empresa privada cobrando propina de refrigerante para coletar o lixo ou não do supermercado. Tem base isso acontecer em Goiânia? É matéria de jornal. Os caras entraram lá… ‘Ah, tem refrigerante aí’? ‘Não, não tem não’. Não levaram o lixo. É possível isso acontecer numa cidade como Goiânia? Uma cidade que já foi limpa, florida, bonita? Então, quem ama Goiânia, Altair, quem vive aqui, quem andou com o vidro do carro aberto e viu que a cidade ficou fedida durante vários e vários dias e propositalmente, porque se não tivessem quebrado a Comurg, não tinha margem para fazer um contrato absurdo como esse na calada da noite, assinando… Eu colocaria a prefeitura como um polo ativo nessa ação que está no Superior Tribunal de Justiça e, também, no Tribunal de Contas dos Municípios, revisando os termos e o modo como essa licitação ocorreu. Que contrato assinado no Natal me parece, assim, a pressão de quem tem outros interesses que não a efetiva garantia da dignidade do cidadão de ter a sua rua limpa. Então é essa postura que a nossa Procuradoria terá na minha gestão.
Pergunta do ouvinte (Sérgio): Pergunta pro nosso futuro candidato aí, o que ele tem de real para a nossa saúde, como, no caso do Miguel Mias, que é amigo do Amaral, sei, não tem nenhum especialista, nem nada no Municipal, nem no Estadual, nem no Federal.
A criança foi precisa de ser levada pra São Paulo, na hora de trabalhar. Trazendo pra gente o transtorno pros pais aí. O que ele tem na área de saúde? Médicos? Trazer médicos e especialistas? O que ele vai fazer na saúde de verdade?
Matheus Ribeiro: Sérgio, a gente não tem uma saúde de qualidade se a gente não respeitar os profissionais da saúde. Os médicos em Goiânia foram desrespeitados, quando tiveram seus contratos cancelados, suspensos, não renovados, para fazer uma terceirização com empresas que vieram de São Paulo, levando dinheiro dos nossos impostos para outro Estado. Que a empresa de São Paulo, que caiu aqui de paraquedas, também vai embora sem dar tchau. Não tem responsabilidade para nossa cidade. Os canais da saúde são desrespeitados quando o SAMU é completamente desestruturado, fica apenas com três ambulâncias rodando, deixa de receber verbas do governo federal e aquele serviço, que era de atendimento móvel de urgência, que já foi referência nacional, se torna um vexame por conta da desestruturação proposital feita. Então eu quero criar uma mesa de negociação com os profissionais da saúde, com os médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares, com todos aqueles que estão à conta do serviço pra gente resgatar a credibilidade junto aos profissionais da saúde, convocando os agentes comunitários já aprovados nos concursos e redesenhando a estratégia de saúde da família. Antes de falar em fazer hospital, como os meus colegas que abriram o saco das promessas estão fazendo, a gente precisa garantir o atendimento imediato àquele cidadão que chega no posto de saúde e não encontra a livre demanda, não encontra a porta aberta.
Eu fui a São Paulo conhecer uma solução pra isso, pra acabar com o fantasma da regulação, que é o poupatempo da saúde, que aqui será o nosso Vapt Vupt da saúde, um centro de especialidades para acabar com esse fantasma da regulação.
Fred Silveira: Eu quero aqui agradecer a todos vocês que participaram, infelizmente é muita gente, a gente não consegue colocar o tempo, infelizmente por causa do tempo, infelizmente, da participação de vocês. Eu deixo esse resto de tempo pra que o candidato, então, rapidamente também, deixe suas palavras finais.
Matheus Ribeiro: Olha, Fred, Altair, toda a equipe da Rádio Bandeirantes, o meu agradecimento, porque é dessa forma que uma candidatura que defende a renovação tem conseguido chegar até as pessoas e tem conseguido mexer com o cenário político de Goiás. Nós já estamos, há quatro pesquisas, crescendo em todas as pontuações e mostrando o potencial de nos conectarmos principalmente com aquelas pessoas que já estavam sem esperança, sem esperança de ver um projeto diferente que coloque a nossa cidade em primeiro lugar. E não um partido, e não uma ideologia, e não apenas um projeto de poder. É por isso que os espaços da imprensa, os debates são tão importantes, por isso o meu agradecimento e o pedido de voto para todos que nos assistem: no dia 6 e no primeiro turno é 45 para renovar, vamos para o segundo turno com igualdade de competição.
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