05 de dezembro de 2025
Política nacional

Sabino responde a Caiado e justifica permanência no governo Lula: “Pensamos diferente sobre o país”

As declarações de Celso Sabino ocorrem em meio a uma crise interna no União Brasil, provocada pela permanência de dois ministros, ele e André Fufuca (PP)
Sabino reforçou que o combate à fome e à miséria é prioridade do governo e que os resultados já são visíveis. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil.
Sabino reforçou que o combate à fome e à miséria é prioridade do governo e que os resultados já são visíveis. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil.

Durante entrevista à CNN Brasil, o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), respondeu às duras críticas feitas pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que havia classificado sua permanência no governo federal como uma “imoralidade ímpar” e “mau exemplo”. Em um discurso firme, Sabino defendeu sua atuação à frente da pasta, reiterou as conquistas da gestão Lula e afirmou que as divergências com o governador goiano são de visão política e de projeto de país.

“Eu penso diferente do governador Caiado. Temos visões distintas sobre o que o Brasil precisa neste momento. O presidente Lula atuou fortemente naquilo que entendemos como urgência, o combate à fome e à extrema pobreza”, declarou Sabino, ao pontuar que o governo federal alcançou resultados expressivos na redução da miséria.

Segundo o ministro, o Brasil atingiu o menor índice de extrema pobreza da história recente, com cerca de 3,5% da população nessa condição. “Conseguimos retirar o país novamente do Mapa da Fome, estamos gerando empregos e investindo no turismo e em áreas estratégicas que impulsionam a economia”.

Divergências internas no União Brasil

As declarações de Celso Sabino ocorrem em meio a uma crise interna no União Brasil, provocada pela permanência de dois ministros, ele e André Fufuca (PP), que compõe uma federação partidária com o UB no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos vinham sendo pressionados há dias a deixar os cargos ou serem exonerados por decisão do partido, que se declarou oficialmente de oposição ao Planalto.

Caiado, que compartilhou em suas redes sociais uma entrevista em que criticava duramente os ministros, afirmou que “não se pode servir a dois senhores”. Para o governador goiano, “é inadmissível que membros do União Brasil permaneçam no governo Lula, pois o partido já declarou oposição”.

Em resposta, Sabino afirmou que respeita o governador, mas reforçou que a pluralidade de ideias é legítima dentro de uma legenda democrática.
“Caiado é uma liderança importante do partido, e todas as ideologias devem ser respeitadas. Mas pensar diferente não significa desrespeitar. Eu tenho uma visão distinta sobre o papel que o União deve exercer no cenário nacional”, disse.

O ministro também questionou o compromisso partidário de Caiado e sugeriu que o governador deve buscar uma nova legenda que lhe assegure espaço para disputar o Palácio do Planalto em 2026. “Eu acredito que ele vai buscar uma legenda que garanta sua candidatura presidencial. A federação atual tem demonstrado preferência por outros nomes, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)”, afirmou Sabino.

Repercussões e possíveis mudanças partidárias

O embate expôs as fraturas internas do União Brasil, um dos partidos mais fragmentados do cenário político atual, resultado da fusão entre DEM e PSL. Na tarde desta quarta-feira (8), a sigla anunciou o afastamento de Celso Sabino por 60 dias, medida que antecede uma possível expulsão por “descumprimento de orientação partidária”.

No mesmo dia, o Progressistas (PP), presidido por Ciro Nogueira, também comunicou o afastamento de André Fufuca das decisões internas e da vice-presidência do partido, reforçando o clima de tensão entre as siglas e o governo federal.

Enquanto isso, o governador Ronaldo Caiado, cada vez mais distante da direção nacional do União, intensifica conversas com outras legendas. A expectativa é de que o Podemos oficialize em breve o convite para que ele se filie, abrindo caminho para uma candidatura presidencial em 2026.

Contexto político

O confronto entre Caiado e Sabino é mais um reflexo do reposicionamento político de lideranças do centro-direita, que buscam espaço num cenário em transformação, marcado pela força do governo Lula e pela movimentação de nomes como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema (Novo) no campo conservador.

Enquanto Sabino mantém-se aliado ao Palácio do Planalto e defende os programas sociais e de retomada econômica do governo, Caiado tenta se consolidar como alternativa de oposição com discurso de moralidade e independência partidária.


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