O delegado disse que os alunos contaram que o professor vinha conversando com eles sobre os efeitos da droga e marcou para encontrá-los na casa de um estudante, que costuma ficar sozinho à tarde.
O professor de história Gustavo Montalvão Freixo, de 31 anos, foi denunciado à Justiça por estupro de vulnerável, indução ao uso de drogas e tráfico. Ele é acusado de ter fornecido LSD para sete alunos, com idades entre 13 e 15 anos, e de ter feito sexo com uma das meninas, de 14.
Afastado da escola particular em que dava aulas havia sete anos, o professor recusou-se a prestar depoimento no inquérito policial. Anunciou aos investigadores que só falará à Justiça sobre as acusações. O jornal O Estado de S. Paulo procurou o advogado Fernando Maximo Pizarro Drummond, que defende o acusado, mas ele não foi localizado e não retornou as ligações da reportagem.
A diretora da escola não quis dar entrevista. O caso aconteceu em 9 de outubro. O delegado Paulo Henrique Silva Pinto, da 38ª Delegacia de Polícia (DP), em Brás de Pina (zona norte do Rio), contou que, inicialmente, os jovens contaram aos parentes que havia ocorrido uma festa na casa de um dos adolescentes. Sob pressão das famílias, segundo o delegado, disseram que o professor havia fornecido quatro lâminas de LSD para o grupo – somente um dos meninos não teria experimentado a droga, por ser evangélico. A história foi publicada pelo jornal O Dia.
O delegado disse que os alunos contaram que o professor vinha conversando com eles sobre os efeitos da droga e marcou para encontrá-los na casa de um estudante, que costuma ficar sozinho à tarde.
Ele teria levado uma luz estroboscópica, como as de boate. Eram cinco meninas e dois meninos. O professor cobrou R$ 25 de cada um, afirmou o policial. Os adolescentes contaram em depoimento que alguns deles sofreram efeitos mais fortes do que os outros. Disseram ainda que o professor beijou duas alunas e foi com outra para o quarto, onde tiveram relações sexuais. Depois que o professor saiu, os alunos foram para a casa de outra colega. Um deles ainda estaria sofrendo alucinações.
“É bárbaro porque você tem duas referências nessa fase da vida – os pais e a escola. Você deposita muita confiança no professor. Ele é um formador de opinião. Denunciei como estupro porque não se pode considerar consensual o sexo com uma adolescente de 14 anos que está sob efeito de droga.
Ela tinha capacidade de discernimento? Ao meu ver, não”, disse o delegado. Na denúncia do Ministério Público Estadual, o promotor Alexandre Themístocles relata que o professor confirmou à direção da escola a ida à casa do estudante para dar “aula extra”, procedimento proibido por lei, mas negou ter levado a droga.
O pai de uma estudante decidiu tornar pública a história depois que os jovens passaram a ser perseguidos por colegas e deixaram de ir às aulas. “Ele é um professor muito querido na escola. Os outros estudantes passaram a perseguir os alunos envolvidos, eles foram chamados de drogados nas redes sociais, passaram a sofrer bullying.
Os colegas não acreditavam no que contavam os alunos aliciados pelo professor”, contou o delegado. Os jovens passaram por exames de corpo de delito e de urina, para detectar a presença da droga no organismo. Os laudos serão anexados ao processo.
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