KARINA MATIAS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O jornalista Ricardo Boechat, 66, morto nesta segunda-feira (11) em queda de helicóptero em São Paulo, teve um episódio depressivo agudo, em agosto de 2015, e costumava falar abertamente sobre o assunto como forma de ajudar outras pessoas que sofrem com a doença.
O jornalista fazia questão de ressaltar que a depressão não é estar triste ou ‘jururu’. “É uma bomba atômica, é químico, não sei nem descrever o que é”, disse Boechat em entrevista ao jornal Agora, do Grupo Folha, que edita a Folha, em março de 2017, em uma reportagem que abordava formas de tratar a doença.
Boechat contou que teve um colapso depressivo poucos minutos antes de entrar ao vivo na rádio Band News FM. “Nada na minha cabeça fazia sentido. Nenhum texto era compreensível. Os pensamentos não fechavam”, descreveu ele.
No caso do jornalista, os médicos afirmaram que a doença foi provocada por exaustão. “Há uma depressão que eles associam ao estresse. Eu vinha trabalhando muito e as tensões foram aumentando. Achei que era cansaço, até que foi se tornando cada vez mais intenso e fui levado, de repente, a um colapso.”
Boechat ficou afastado das tarefas profissionais por 15 dias e fez tratamento médico por quase um ano. Ao voltar ao trabalho, o jornalista fez um desabafo sobre o que passou.
“A experiência mostra que, se não reservarmos um tempo para nos sentirmos bem, sem dúvida depois teremos que dispender tempo passando mal. E foi o que aconteceu. Mas a cura existe. Às vezes requer tratamentos demorados.”
Ricardo Boechat morreu em uma queda de helicóptero nesta segunda (11). A aeronave caiu sobre um caminhão em trecho do Rodoanel que dá acesso à rodovia Anhanguera, na zona oeste de São Paulo. Além de Boechat, morreu o piloto.
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