O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB) se reuniu com lideranças do Agronegócio, Indústria, Comércio e Serviços nesta sexta-feira (28), no auditório da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em Goiânia. O evento, bastante importante, do ponto de vista político, foi marcado por cobranças dos empresários sobre a reforma tributária.
Questionado sobre os objetivos da reforma, o vice-presidente afirmou que a medida visa desonerar investimentos e exportações, além de simplificar impostos.
“O Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial. É o sétimo maior país do mundo em população, entre as 10 maiores economias do mundo, tem uma agricultura que é a mais competitiva da agricultura tropical, tem um subsolo que vai de petróleo, gás, ouro, níquel, cobre, nióbio, lítio, ferro. Você tem uma indústria diversificada que vai de pequenas indústrias à aviação, a aeronáutica. Temos a maior indústria de aviação do mundo, enfrentando na aviação civil, dois conglomerados, a Boeing e a Airbus, e o avião mais vendido no mundo foi o Phenom 300, fabricado, produzido no Brasil. Nós vamos receber investimento, é importante. E desonerar investimentos é o objetivo da reforma tributária”, explicou.
Ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, um dos participantes do evento, Alckmin afirmou que não tem como reduzir impostos do dia para a noite, mas que eles também não devem aumentar.
Deve ter, sim, na reforma tributária, uma trava. Porque o objetivo não é aumentar a carga tributária, mas simplificar.
Geraldo Alckmin
O vice-presidente ressaltou, em relação aos questionamentos sobre a reforma tributária, que o caminho para a resolução é o diálogo. “O presidente Lula é o homem do diálogo. Quando a gente ouve bastante, a gente erra menos. O Senado vai ouvir, ouvir, ouvir, ouvir até dar a palavra final, para a gente procurar ‘arredondar’ ao máximo a reforma tributária. O objetivo é atrair mais investimentos, gerar mais emprego, reduzir custo do Brasil e poder crescer ainda mais”, pontuou, fazendo um aceno ao agronegócio.
O agro exporta para o mundo e vai ser muito beneficiado.
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) pediu, na ocasião, uma melhor análise do texto da reforma tributária, além de mais debate sobre o tema.
“Queremos ser ouvidos”, disse Caiado, que complementou. “Agora, no momento em que Goiás pisa no acelerador, crescendo 6,6% ao ano, quase o triplo do Brasil, vem isso assim?” indagou. O governador lembrou ainda, que fundos constitucionais e incentivos fiscais podem ser extintos com a aprovação da reforma.
Ao ser abordado por jornalistas para falar sobre o assunto, Alckmin disse que todos serão ouvidos para que seja encontrada a melhor solução.
O Caiado vai ser ouvido, os governadores, os prefeitos para buscar a melhor solução. O relator vai ouvir as características de cada região que compatibilize atração de investimentos” para a região.
Outras pautas abordadas por Alckmin além da reforma tributária
Em resposta a uma pergunta do presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), José Garrote, Alckmin destacou a necessidade de investimentos em educação.
“Eu tenho uma tese: temos que investir na educação básica, técnica e tecnológica. Hoje faltam na área de TI 350 mil profissionais. Desenvolvedores de software, designers, cientistas de dados, engenheiros de computação, e muita gente fazendo faculdade para um emprego que não existe. Nós temos ainda 300 mil crianças fora do ensino infantil. [O foco é] não ter ninguém fora do ensino, da pré-escola, 4, 5 anos de idade. E aumentar o máximo de crianças em creches. As mães, as mulheres, precisam trabalhar. Então não há investimento melhor, mais importante, do que creche, ensino infantil, é onde mais se desenvolvem. É fundamental”, salientou.
Ao presidente da Federação das Associações Comerciais, Industriais, Empresariais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg), Márcio Luís da Silva, Alckmin respondeu perguntas sobre crédito, pontuando a tríade de juros, imposto e câmbio. E aproveitou para criticar a taxa Selic de 13,75%, face a uma inflação declinante de 3,1%.
Novidades para o agronegócio
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que está em missão oficial à Ásia, participou do evento por videoconferência direto de Tóquio, no Japão. Na ocasião, ele citou esforços do governo do presidente Lula em abrir mercado internacionais antes restritos, reforçando a priorização no estímulo ao desenvolvimento do setor agropecuário.
“Nesses 7 meses abrimos 25 mercados novos. Ampliamos, por exemplo, o mercado chinês para proteínas animais; abrimos mercado de bovinos e suínos para o México, o que há 20 anos tentávamos sem sucesso; abrimos mercado do algodão brasileiro para o Egito, considerado melhor algodão do mundo; ampliamos, com a ajuda do MDIC (que simplificou a emissão de Certificados de Origem para exportação, reduzindo o custo a zero), o mercado de aves para o Reino Unido”, destacou.
A grande novidade foi o anúncio de que, pela primeira vez na história, haverá um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado para a agricultura. “Mais um reconhecimento do presidente Lula, que não tem preconceito com o agro, que sabe da força e importância da agropecuária”, frisou o ministro.
Percepções
O presidente da OCB, Luís Alberto Pereira, detalhou suas expectativas para o cooperativismo em relação ao governo Lula, durante a reunião com Alckmin.
“A gente trabalha em prol dos nossos associados, do desenvolvimento do país. Então, temos que buscar as convergências. Não é hora de buscar divergência. E procurar pensar sempre no bem maior que é o nosso país, que é o nosso povo. Eu acho perfeitamente possível. Esse governo tem, em relação ao cooperativismo, uma simpatia muito grande, faz parte da sua ideologia, então a gente quer aproveitar esse viés que o governo tem para também desenvolver mais esse modelo de negócio que é inclusivo, é solidário e que distribui renda”.
Perguntado sobre o que o setor deseja, o presidente da OCB elencou: “Especificamente quanto ao nosso setor, queremos mais apoio para as cooperativas de crédito, para os nossos bancos cooperativos, que eles possam poder operacionalizar mais recursos do FCO. Temos a questão também de apoio à construção de armazéns, para armazenar a produção dos nossos cooperados. Temos a preocupação muito grande com a baseia leiteira, com os nossos produtores de leite. Nós precisamos de uma atenção especial, porque o leite está perdendo na concorrência com os grãos e acaba que o produtor é levado para o mercado informal ou até para o subemprego”, declarou.
Luís Alberto Pereira detalha que o estímulo aos produtores deve ser adotado como política entre os governos. “Eu acho que a gente precisa tratar esse assunto como uma política nacional envolvendo o governo federal, o governo estadual, as cooperativas e os produtores de leite. O setor agora tem uma outra situação, que é a concorrência com o leite da Argentina, importado a um preço menor. O Brasil, este ano, aumentou muito a importação do leite em pó argentino. Eu acho que a gente tem que estimular o aumento da produtividade do produtor rural que trabalha com leite. Em vez de fazer políticas de bloqueio, a gente incentiva uma maior produção porque aí ele tem condição de concorrer com esse leite de fora”, concluiu.
Antonio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), também expôs seus pontos de vista.
“A gente espera ouvi-los a respeito disso, porque ele [Geraldo Alckmin] também é, além de vice-presidente, ele é ministro da indústria e comércio, deve estar bem a par do que está acontecendo no país. São um conjunto de fatores que envolvem o Brasil e o agronegócio, e precisamos estar atentos de agora para frente, porque nós temos aí uma cadeia muito grande, o produtor está comprando mais máquinas e implementos. Por diversos motivos, a renda caiu bruscamente e os preços das máquinas não cederam, tudo isso está deixando o produtor sem capacidade de pagamento. E com juros também bastante altos, ele também não pode fazer compromisso para o futuro. Então a gente tem um desequilíbrio muito grande”, pontuou.
Lideranças presentes
Entre as lideranças empresariais presentes no evento, estão Sandro Mabel, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg); José Garrote, presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial); Luís Alberto Pereira, presidente do Sistema OCB/GO; Antonio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo); André Rocha, presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg); Rubens Fileti, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg). A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) foi representada pelo vice-presidente, Eduardo Veras. Também estiveram presentes autoridades políticas, a exemplo da deputada federal Adriana Accorsi (PT), deputado estadual Antônio Gomide (PT), o ex-deputado federal Elias Vaz (PSB), dentre outros.
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