09 de agosto de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:31

Renan acusa Ministério Público de fazer política e não fiscalizar lei

Renan Calheiros. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
Renan Calheiros. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

Um dia após ser denunciado pela primeira vez no âmbito da Operação Lava Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusou nesta terça-feira (13) o Ministério Público de “fazer política” e ter perdido as condições de “ser o fiscal da lei”.

“O Ministério Público infelizmente passou a fazer política. Quando faz política perde a condição de ser o fiscal da lei. O procurador-geral da República colocou na força-tarefa [da Lava Jato] três destacados juristas, rejeitados pelo Senado para o Conselho Nacional do Ministério Público e Conselho Nacional de Justiça. Isso já demonstra o que ele pretende fazer com o Senado”, afirmou.

“De modo que as conduções coercitivas, as buscas e apreensões, o pedido de prisão, a prisão da Polícia [Legislativa], a usurpação de competência, tudo é decorrente do procurador-geral da República ter colocado como membros da força-tarefa três pessoas rejeitadas pelo Senado”, completou.

Renan chegou a mencionar os nomes dos três integrantes da investigação: Nicolao Dino, Vladimir Aras e Sérgio Saraiva. Apesar das afirmações de Renan, nenhum dos três integra a força-tarefa da Lava Jato, segundo a Folha de S.Paulo apurou.

O presidente do Senado afirmou ainda: “As políticas do Ministério Público são de vingança porque o Senado rejeitou esse três nomes”.

Renan e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) foram denunciados, nesta segunda (12), pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, ao STF (Supremo Tribunal Federal) sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Janot também pediu a perda de mandato dos parlamentares.

Embora Renan seja investigado em outros sete inquéritos na Lava Jato, essa é a primeira vez que ele é denunciado na operação.

Abuso de autoridade

Na última sexta (9), o nome de Renan foi citado na delação de Cláudio Melo Filho, executivo da Odebrecht. Ele foi acusado de interceder em favor da empresa na aprovação de propostas e receber valores em troca.

O senador negou, em nota, as acusações. Nesta terça, afirmou que “tem delações e delações”. “Ter nome citado porque alguém interpretou que alguém falaria em seu nome, isso é um absurdo, só serve para alimentar um noticiário e permitir um pré-julgamento das pessoas”.

Na semana passada, após dias de incertezas para Renan sobre sua permanência no comando do Senado, ele foi aconselhado por aliados próximos a esquecer a votação da proposta que endurece a punição para abuso de autoridade.

Nesta terça, contudo, o presidente do Senado, ao ser questionado, deu a entender que pode retomar as discussões sobre o assunto.

O peemedebista tem usado o tema como uma “toma lá, dá cá” contra o Judiciário, interpretam aliados do senador. Após a denúncia, peemedebistas ouvidos pela reportagem não duvidam de que ele possa voltar a “agir com o fígado” e retomar a intenção de votar a matéria.

Folhapress

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