O relatório “alternativo” da CPI do Futebol pediu o indiciamento do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e de José Maria Marin e Ricardo Teixeira, outros dois ex-comandantes da entidade.
No trabalho de cerca de mil páginas apresentado na manhã desta quarta (23) assinado pelos senadores Romário (PSB-RJ) e Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP), Del Nero é apontado por ter cometido seis crimes. São eles: lavagem de dinheiro, estelionato, crime contra a ordem tributária, crime contra o sistema financeiro nacional, organização criminosa e crime eleitoral.
Teixeira e Marin também tiveram o indiciamento pedido pelos mesmos crimes.
Os três foram denunciados no ano passado pelo FBI por fazer parte de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de competições no Brasil e no exterior.
Marin está preso no exterior desde maio de 2015. Ele foi capturado na Suíça durante uma reunião da Fifa. Hoje, está em prisão domiciliar em Nova York. Já Del Nero e Teixeira se recusam a deixar o país.
A compra da nova sede da entidade com indícios de superfaturamento revelada pela Folha em 2013 consta na denúncia feita pelos senadores contra Marin e Del Nero.
“Podemos resumir o assunto afirmando que praticamente tudo o que a CBF fez, sob a direção dessas pessoas citadas, foi corrompido”, afirmou o senador do Amapá. “Fornecimento de bens e serviços, contratos de patrocínio, contratos de jogos amistosos, transferências de jogadores, tudo virou esquema para receber vantagens, que proporcionaram uma vida de luxo a dirigentes que só trabalharam para eles mesmos”, acrescentou Rodrigues.
Além de Del Nero, Marin e Teixeira, os senadores pediram no relatório o indiciamento de outras seis pessoas ligadas ao comando da CBF: os vices Gustavo Feijó e Marcus Vicente, o diretor jurídico da entidade, Carlos Eugênio Lopes, o Antônio Osório, ex-diretor financeiro da confederação, e os empresários José Hawilla e Kleber Leite.
Na sessão desta quarta, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) apresentou o relatório oficial da CPI. Chamado de “chapa branca” por Rodrigues, o relatório não foi votado.
Senadores pediram para apreciar o documento. A votação ficou para a próxima sessão da comissão, que ainda não tem data definida.
“De um lado, temos o relatório chapa-branca, que apenas traz sugestões genéricas e indolores, sem investigação, sem relatos de crimes, sem qualquer sugestão de indiciamento. Do nosso lado, podemos afirmar que se trata de um documento produzido com muito trabalho e seriedade. Nele, estão descritos com riqueza de detalhes diversos crimes e a forma como eles foram praticados pelos dirigentes da CBF, de Ricardo Teixeira a Marco Polo Del Nero, passando por José Maria Marin”, afirmou Rodrigues ao defender o relatório alternativo.
Ministério Público
O relatório “paralelo” não será aprovado pelos senadores da comissão. Com mais de mil páginas, o documento será enviado ao Ministério Público Federal nos próximos dias.
“Infelizmente, não podemos ir além. Mas vamos mandar para o Ministério Público. Esses dirigentes responderão por esses crimes nas Justiça”, disse o senador do Amapá.
Folhapress
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