04 de dezembro de 2025
Sustentabilidade

Relatório da Semad destaca protagonismo de Goiás na COP30 e avanços na agenda climática

Documento reúne ações de Goiás na COP30, com destaque para o Cerrado e o balanço carbono positivo
Goiás levou estudos inéditos e políticas ambientais à COP30, realizada em Belém. Foto: Semad.
Goiás levou estudos inéditos e políticas ambientais à COP30, realizada em Belém. Foto: Semad.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) divulgou um relatório que detalha a participação de Goiás na 30º Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em novembro, em Belém. O documento reúne as principais ações da delegação goiana, que se destacou em agendas técnicas, apresentações científicas e defesa de políticas públicas ambientais.

Segundo a Semad, Goiás reforçou sua posição como liderança subnacional na agenda climática global ao participar intensamente de debates, painéis e reuniões na Zona Azul, Zona Verde, Agrizone e na Casa da Biodiversidade e Clima da Abema. A delegação foi formada pela secretária Andréa Vulcanis, subsecretários, superintendentes, analistas técnicos e representantes do governo estadual, que atuaram de 8 a 18 de novembro.

Defesa do Cerrado como bioma estratégico

Uma das prioridades da comitiva goiana foi a defesa do Cerrado. O relatório lembra que o bioma é responsável pela manutenção de oito das doze grandes bacias hidrográficas brasileiras, incluindo 94% da vazão do Rio São Francisco em sua foz. Apesar disso, continua praticamente invisível nos mecanismos internacionais de financiamento climático, tradicionalmente voltados às florestas tropicais.

Para reverter essa desigualdade, Goiás levou estudos científicos que evidenciam a importância do Cerrado. Entre eles, dados produzidos pelo Earth Innovation Institute (EII), que demonstram que o Cerrado goiano se tornou “carbono positivo” desde 2006, ou seja, passou a remover mais CO₂ da atmosfera do que emitir. O desempenho está ligado às mudanças no uso da terra, com o estado recuperando mais áreas verdes do que perdendo.

Políticas públicas e programas de conservação em destaque

A apresentação de políticas estaduais também recebeu atenção na conferência. O Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), Cerrado em Pé foi apontado como referência nacional ao incentivar financeiramente produtores rurais para conservar vegetação nativa e recuperar nascentes. O edital voltado a povos indígenas e comunidades tradicionais atraiu interesse de financiadores internacionais.

Outras iniciativas apresentadas envolveram economia verde e circular, incluindo avanços na logística reversa, inovação tecnológica, fortalecimento de cooperativas de reciclagem e criação de cadeias produtivas sustentáveis.

Estratégia Goiás Carbono Neutro 2050

Outro ponto enfatizado foi a Estratégia Goiás Carbono Neutro 2050, plano que integra ações como o Pacto pelo Desmatamento Ilegal Zero, o PSA, medidas de adaptação climática e expansão da agropecuária de baixo carbono. A delegação explicou como a estratégia orienta o planejamento de longo prazo e estrutura políticas para que o estado alcance emissões líquidas zero até 2050.

Gestão regionalizada de resíduos sólidos

A regionalização da gestão de resíduos sólidos, modelo que organiza municípios em blocos para destinação correta de resíduos, também foi destaque. O relatório aponta que mais de 125 municípios goianos já realizam descarte adequado em aterros sanitários regionais, com dezenas de licenças de encerramento de lixões emitidas e expansão da reciclagem por meio de cooperativas, dados apresentados em painéis na Zona Verde da COP.

Atlas dos Remanescentes: mapeamento inédito do Cerrado

O estado também apresentou os primeiros resultados do Atlas dos Remanescentes de Vegetação de Goiás, estudo que usa tecnologia avançada para mapear a vegetação nativa com precisão inédita. O levantamento identificou mais de 12 mil km² de vegetação nativa, 42% a mais do que estimativas anteriores, como as do MapBiomas. O Atlas foi destacado como ferramenta essencial para conservação, valoração de serviços ecossistêmicos e planejamento territorial.


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