No evento em que comemorou um ano da gestão Michel Temer na Presidência da República, a reforma da Previdência foi tema coadjuvante no discurso dos ministros do governo.
A mais importante reforma do governo, considerada decisiva para o ajuste das contas públicas e estabilização da dívida no longo prazo, foi mencionada apenas pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), e de maneira rápida.
“O principal foco [da gestão na Casa Civil] foi na coordenação e na articulação entre as ações dos ministérios. Aí cito a reforma da emenda constitucional do teto dos gastos, a PEC da Previdência, o PL de modernização trabalhista, as Medidas Provisórias do ensino médio e também da reforma administrativa”, afirmou.
Três ministros foram destacados para discursar no evento, que reuniu todo o gabinete de Temer na manhã desta sexta (12) no Palácio do Planalto. Além de Padilha, foi convocado o titular da Fazenda, Henrique Meirelles, pasta responsável pela elaboração da reforma da Previdência.
Em seu discurso, Meirelles, porém, não mencionou a reforma da Previdência. Optou por citar melhoras na área fiscal e a queda dos juros e da inflação, atribuindo os feitos à atual gestão.
“O governo está enfrentando questões fundamentais”, disse Meirelles. “O Brasil está mudando mais em um ano do que mudou em décadas”.
Meirelles deu foco à implantação do limite do aumento do gasto público, aprovada no ano passado e que, segundo o ministro, foi “fundamental para dar previsibilidade para a economia e as contas públicas”.
O resultado, disse o ministro, apareceu na redução do risco-país e na volta da confiança de empresários e consumidores.
A perspectiva do governo é a de que a recessão terminou e permeou os discursos de Meirelles e Ronaldo Nogueira (Trabalho).
O titular da Fazenda ressaltou dados positivos da economia no primeiro trimestre, como o consumo de energia e a safra recorde de grãos.
Nogueira, por sua vez, ignorou os dados mais recentes do mercado de trabalho no Brasil, em março, para apontar queda do desemprego.
Nogueira mencionou o dado oficial de fevereiro, que mostrou a criação de mais de 35 mil vagas de emprego formal no país. Em março, porém, a geração de empregos com carteira assinada voltou a cair e o país perdeu mais de 63 mil vagas.
O ministro disse que a expectativa é que, a partir de maio, os número “se assegurem positivamente” e sinalizem a confiança na retomada da economia. Minutos antes, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, havia afirmado que o desemprego começará a cair apenas no segundo semestre, como efeitos persistentes da recessão.
Sem o discurso pró-reforma dos integrantes do gabinete de Temer, coube aos aliados, sobretudo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defenderem as mudanças na Previdência.
“Poderíamos fazer a reforma da Previdência pelo aumento de impostos, mas tomamos a decisão, o governo e o Congresso, pela reforma”, disse Maia.
Maia afirmou que é preciso deixar o “discurso fácil” de que não há deficit da Previdência e que o crescimento econômico depende da reforma.
“Hoje a sociedade aplaude as nossas reformas e, com o tempo, tenho certeza, vai aprovar a reforma da Previdência”, disse.
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