21 de novembro de 2024
Política • atualizado em 26/10/2024 às 10:55

Reestruturação do PSD em Goiás está a caminho, diz Vilmar Rocha

Após resultado desfavorável nas eleições municipais de 2024, em Goiás, o ex-presidente do partido avalia as próximas articulações
O ex-presidente do PSD detalhou quais os planos para reestruturação do partido. Foto: Diário de Goiás
O ex-presidente do PSD detalhou quais os planos para reestruturação do partido. Foto: Diário de Goiás

Após resultado desfavorável nas eleições municipais de 2024, em Goiás, o ex-presidente do PSD avalia as próximas articulações. Em entrevista ao editor-chefe do Diário de Goiás, Altair Tavares, o ex-deputado Vilmar Rocha destacou as articulações do partido de olho nas eleições de 2026, quando, de acordo com ele, as mobilizações deverão ser ainda mais ferrenhas para a montagem das chapas.

Segundo Vilmar, o partido segue em fase de avaliações e deve esperar o resultado final do segundo turno para reestruturar os planos para um futuro próximo. Confira abaixo a entrevista na íntegra:


ENTREVISTA / VILMAR ROCHA (PSD)

Altair Tavares: O PSD passou em Goiás uma situação muito inversa à situação nacional, em nível nacional, crescimento, mas em Goiás, o PSD decresceu em posição política após a eleição. Qual é a sua visão sobre o futuro do partido e, principalmente, considerando aí o que pode acontecer na direção do partido?

Vilmar Rocha: Nós estamos, ainda agora, numa fase de avaliação. A eleição municipal não terminou ainda, vai terminar agora, dia 27, e nós vamos fazer uma avaliação disso. Não está na nossa agenda, na nossa pauta, pensar nessa questão interna do PSD no momento.

Isso é uma pauta para o ano que vem. O ano que vem, em janeiro, assumem os novos prefeitos, constitui as suas equipes, assumem os vereadores, são eleitos os presidentes de câmaras. Tem algo que vocês da imprensa precisam estar atentos também, eu acho que estão: eleição da presidência da Câmara e do Senado. É muito importante na pauta política do Brasil. Porque os presidentes da Câmara e do Senado têm o controle da pauta de votação. Por exemplo, o Senado tem, não sei quantos pedidos de impeachment lá do Alexandre Moraes, e o Rodrigo Pacheco simplesmente não pauta. E pronto, não acontece. É a mesma coisa na Câmara. O grande poder do presidente é o poder da pauta.

E nós vamos ter, em fevereiro, a eleição da Câmara e do Senado. Então, nós temos que ver como é que isso vai ser feito. Ou seja, a reestruturação, a reorganização, a discussão sobre esse problema interno do PSD, nós só vamos fazer a partir de março do ano que vem.

Altair Tavares: A presidência do PSD, considerando a situação política em Goiás, que foi de queda na participação do partido e na representação política, o senhor percebe que há uma intenção de mudança nessa direção?

Presidente do PSD em Goiás, Vilmar Rocha em entrevista ao jornalista Altair Tavares, do Diário de Goiás (Foto: Reprodução/DG)

Vilmar Rocha: Bem, primeiro, é verdade que não saímos bem, principalmente aqui em Goiânia, que é a capital. Se você comparar com a eleição anterior, foi muito melhor aqui em Goiânia. Nós não elegemos nenhum vereador em Goiânia e o resultado da eleição para prefeito não foi bom.

Eu, particularmente, tive uma posição que eu considero de elegância do primeiro turno. Eu fiquei como candidato do partido. Eu não fui para outra opção. Eu respeitei o partido aqui em Goiânia no primeiro turno. Então, é verdade, não foi bem. É claro que, a nível nacional, eles têm os dados lá e têm essas avaliações. É evidente que têm essas avaliações. E nós temos que pensar, então, numa reestruturação, numa mudança, numa discussão interna para ver o que nós vamos fazer, nos preparar para a eleição de 2026. A eleição de 2026 é importantíssima para o sucesso, para a vida do partido no futuro. Porque é quando você elege deputados estaduais, federais, senadores, governadores. Se o PSD precisa sair bem da eleição de 2026.

Altair Tavares: Principalmente deputados federais, que é o que, prioritariamente, dá poder financeiro e de propaganda para os partidos.

Vilmar Rocha: É, e não é fácil você formar chapa de deputado federal.

Altair Tavares: Tem que começar agora.

Vilmar Rocha: Tem que começar agora e no ano que vem. Olha, eu é que sei o que eu tive que fazer, que ceder, que compor, que articular. Porque desde que o partido foi fundado aqui em Goiás, em 2011, 2012 foi eleição municipal, 2014 nós elegemos dois federais, 2018 elegemos um federal e agora 2020 um federal, e 2022 um federal. Só para dar um dado para você. Aqui da região, Brasília, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, vamos colocar Tocantins como da região, nesses estados não foi eleito nenhum deputado federal do PSD, e Goiás teve um deputado federal.

Altair Tavares: E aí desponta Francisco Júnior novamente para essa disputa?

Vilmar Rocha:  Sim, aí não é fácil, nós vamos ter que montar uma forte chapa para eleger dois ou três deputados federais. O PSD tem estrutura nacional, já é um partido, já tem 10 anos. Ele tem estrutura aqui em Goiás para fazer dois ou três deputados federais.

Altair Tavares: Mostrando nessa eleição, a disputa que vai ter probabilidades da base caiadista ter nomes fortes. Para senador, seria o caso de Vanderlan ir para a federal também?

Vilmar Rocha: Eu não sei, eu não conversei com ele, isso é uma decisão dele, eu não sei se ele pensa nisso, quais são os projetos dele, mas é evidente que seria um nome forte em qualquer chapa de deputado federal. Agora, eu quero dizer uma outra coisa para você. Está na questão da renovação.

É a partir do ano que vem, é que nós vamos pensar, discutir, reunir, tanto a nível estadual quanto a nível nacional, para fazer uma reestruturação e preparar o partido para a eleição de 2026.

Altair Tavares: Qual o perfil que o senhor acha que a direção do PSD tem que ter neste ambiente que está vindo aí, nesse cenário político que está vindo aí?

Vilmar Rocha: É muito difícil você ser presidente de partido. Alguém já disse que é mais difícil você ser presidente de partido do que presidente da FUNAI, porque na FUNAI tem índios e tem caciques, e em partido só tem caciques. Mesmo aqueles que são índios, eles se consideram caciques, então não é fácil ser presidente de partido.

É o seguinte, um presidente de partido, ele precisa ter três coisas. Primeiro, tempo para conversar, para ouvir, para dialogar, para visitar, ele precisa ter tempo. Segundo, ele precisa de ter paciência, não é fácil ter paciência.

E terceiro, ele precisa de ter gosto, ele precisa de se sentir bem fazendo esse trabalho de conciliação, de articulação, de alianças. Esse é o perfil que um presidente de um partido precisa ter para que ele consiga fortalecer o partido. Mas eu queria dizer que, desde que o partido foi fundado, sempre ele teve nomes na chapa majoritária.

O partido foi fundado em 2011, a primeira eleição depois, foi em 2014, eu disputei o Senado. Depois, em 2018, eu disputei o Senado também, como suplente do Marconi. Chegou em 2022, o partido falou, “nós vamos ter candidato a senador”, e tivemos candidato a senador. Primeiro foi o Meireles, ele recuou, depois foi o Lissauer, e aí para honrar o compromisso do partido, eu fui candidato de última hora, e sozinho. Mas o que eu quero destacar é que sempre nós tivemos candidato na majoritária. E vamos ter em 2026, candidato na majoritária. Governador e senador, vice-governador, que também é majoritária. Nós, o PSD, participação na chapa majoritária.

Altair Tavares: O que o senhor tem ouvido de Kassab para essa reestruturação do PSD em Goiás? Qual é o prazo? Qual é o momento?

Vilmar Rocha: Eu ainda não conversei com o Kassab sobre esse assunto.

Altair Tavares: Ele está aberto a isso?

Vilmar Rocha: Claro que sim. Claro que interessa a ele o futuro do PSD em Goiás, como interessa, como presidente nacional, o futuro do PSD em qualquer estado. E Goiás foi um dos estados fundadores do PSD a nível nacional.

Tanto que na época, ele dizia, o Kassab, que tinha nove estados que seriam os fundadores. E Goiás era um deles. Porque na época da fundação do PSD, em 2011, eu era deputado federal, secretário-chefe da Casa Civil em Goiás com muita força, e eu vinha do PFL, eu tinha muita articulação, conhecimento, amizade a nível nacional.

E eu ajudei a formar o PSD nacional. Vou dar um exemplo pra você. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, é meu amigo, é um político inteligente, eficiente. O Eduardo trabalhou comigo no IDN, nós somos colegas na Câmara. Eu tô dando assim um exemplo. Então, eu ajudei a formar o PSD nacional, formei ele aqui, fui o primeiro presidente.

Altair Tavares: Agora, qual é a vontade do Vilmar Rocha nessa reestruturação? O que ele tem em vontade? O senhor fala de um perfil, me vem à mente aqui pra essa reestruturação, dentro dos critérios que o senhor colocou, ou o senhor ou Francisco Júnior?

Vilmar Rocha: Pois é, eu não tenho interesse, não tô pensando nisso. O Francisco pode até ser, pode ser. Mas pode ser outro nome também. Isso aí a gente tem que fazer uma discussão interna, madura. Só que não é agora. É o ano que vem. Sentar, conversar e ver o melhor destino pro partido aqui em Goiás. Primeiro ter uma conversa nossa aqui e depois ter uma conversa a nível nacional.

Altair Tavares: Se a direção do PSD em todo esse período foi, de certa forma, avaliada com uma direção que não conversou, não formou chapa, não teve abertura, por que ela teria essa abertura agora nessa reestruturação?

Vilmar Rocha: Não, não é abertura assim, de participar das conversações. É conversar, conversar internamente. A gente tem que ter tolerância, paciência e respeito a todos.

Eu sempre tive essa postura. E tive inclusive agora na eleição municipal de Goiânia. Então a gente tem que sentar e conversar aqui pra ver o que é a melhor opção pro partido, sempre pensando no partido.

A gente não pode pensar só nos nossos projetos pessoais. Eu, por exemplo, como presidente do partido, muitas vezes, do PSD aqui em Goiás, eu coloquei os interesses do partido acima dos meus interesses. Eu nunca fui eleito a nada pelo PSD.

Eu fui presidente de Goiás durante 11 anos e nunca fui eleito a nada. Por que? Deputado federal, eu sempre, como presidente do partido, eu achava que eu não devia ser candidato, porque senão atrapalhava a eleição dos outros. Eu não fui. Em 2014, elegemos dois federais. Em 2018, elegemos o Francisco Júnior. E em 2022, agora, formamos uma chapa. É pra eleger um federal, não é projeto pessoal. A pessoa, pra ser presidente do partido, ela tem que colocar o projeto do partido acima do seu projeto pessoal.


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