14 de novembro de 2024
ALERTA NO CERRADO

Redução no desmatamento este ano passou de 40%, mas Cerrado é desafio, afirma Marina Silva

Dados foram divulgados no balanço do setor durante o Dia Mundial do Meio Ambiente, em Brasília
Ministra Marina e presidente Lula divulgaram balanço e assinaram decreto no Dia Mundial do Meio Ambiente - Foto: Agência Brasil / Marcelo Camargo
Ministra Marina e presidente Lula divulgaram balanço e assinaram decreto no Dia Mundial do Meio Ambiente - Foto: Agência Brasil / Marcelo Camargo

Nesta quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, o Governo Federal divulgou um balanço sobre as ações na área, com ênfase nos riscos para o Cerrado e na redução de 49,8% do desmatamento na Amazônia em 2023 e 40,5% de janeiro a maio deste ano. Em evento realizado no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, assinaram decretos de preservação ambiental.

Marina destacou a retomada das ações de controle do desmatamento no Brasil. Segundo ela, houve redução de 49,8% do desmatamento na Amazônia de janeiro a dezembro de 2023 e em queda de 40,5% de janeiro a maio de 2024, ambas em relação ao período anterior.

Cerrado é desafio

O principal desafio é o combate ao desmatamento no Cerrado, onde a legislação impõe menos reserva legal. Na região, os resultados das ações começaram a aparecer neste ano, com queda de 12,9% de desmatamento nos cinco primeiros meses na comparação com o mesmo período de 2023. Isso contra um aumento de 43,6% ao longo de todo o ano passado.

“Voltamos com o Plano de Combate ao Desmatamento, temos o PPCerrado, estamos com o PP para o Pantanal, para o Pampa, para a Mata Atlântica e para a Caatinga. Estamos trabalhando para a criação de um fundo para a Caatinga. Temos aumento de desmatamento no Cerrado e esse é um grande desafio. Nós já temos o plano, mas o grande desafio é que no Cerrado você tem direito de usar 80%. O problema é que a gente legisla, mas a natureza não assimila. Não tem como continuar a destruição do Cerrado, sob pena de prejudicarmos as atividades econômicas”, alertou a ministra.

Em fevereiro, reportagem do Diário de Goiás apontou a gravidade da situação. Leia abaixo!

Desmatamento destruiu equivalente a 1,6 mil campos de futebol no Cerrado, em janeiro de 2024

União com municípios

As iniciativas do Governo Federal para preservar os biomas incluem o programa União com Municípios, para apoiar os 70 municípios prioritários no controle do desmatamento e de incêndios, com repasse de R$ 600 milhões do Fundo Amazônia até 2025 e R$ 130 milhões do Floresta+ para os que reduzirem o desmatamento, além de convênio com o governo do Pará para controle do desmatamento e degradação florestal.

Maior fiscalização e multas

A ministra também apontou o crescimento das ações de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2023 em relação à média para o período 2019-2022.

Quanto ao total de autos de infração, houve aumento de mais de 53%. No quesito de destruição de equipamentos, em termos pecuniários, a alta foi de 1.119%, enquanto o aumento foi de 240% na apreensão de bens.

Garimpo caiu 77% na TI Yanomami

Em relação ao garimpo ilegal, houve queda de 77% das áreas abertas para garimpo em 2023 na Terra Indígena Yanomami em relação a 2022. No país, houve redução de 32% das áreas abertas para garimpo no mesmo período.

“Reduzir desmatamento não é apenas comando e controle, é também criar instrumentos econômicos de alternativa para as pessoas. É também a capacidade de mostrar que o Estado está no controle, de que não há certeza de impunidade. Uma outra lição aprendida: eu sei que há um esforço dos governos dos estados, mas, quando eles trabalham isoladamente, não conseguem fazer essa redução sozinhos. A gente verificava que existia esforço em vários estados, mas, quando a gente começou a trabalhar juntos, conseguiu reduzir desmatamento também nos estados, numa demonstração de que é fundamental o trabalho do Governo Federal”, declarou a ministra.

Dinheiro

O Ministério tem buscado a captação de recursos financeiros, para além dos orçamentários, e já obteve R$ 10,4 bilhões em 2023 para o Fundo Clima e R$ 3,8 bilhões em novas doações para o Fundo Amazônia, além de R$ 1 bilhão anunciados provenientes de filantropia internacional. A atuação da pasta é pautada por políticas socioambientais baseadas em evidências, com participação social e diálogo interfederativo.

Estrutura maior

Outro resultado apresentado no balanço foi o aumento da capacidade institucional do MMA, Ibama, ICMBio, Jardim Botânico e Serviço Florestal Brasileiro, com a recomposição do quadro de servidores, autorização de novo concurso e a criação de novas estruturas, como as secretarias de Bioeconomia e de Mudança do Clima. Também foram criadas seis novas Unidades de Conservação e três foram ampliadas, somando 607 mil hectares.

Estímulo à conservação e restauração

O Governo Federal também promoveu a restauração e implementação do programa Bolsa Verde, que transfere renda para famílias em Unidades de Conservação que atuam na conservação ambiental. O valor do benefício do Programa Bolsa Verde foi dobrado para R$ 600/trimestre. Mais de 33 mil famílias são beneficiadas.

No campo das ações de uso sustentável e restauração florestal, houve a ampliação de concessões para manejo florestal em 1,1 milhão de hectares e o registro de concessões para restauração florestal em 6.842 hectares. O objetivo apontado na Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa é recuperar 12 milhões de hectares até 2030.


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