19 de dezembro de 2024
Economia • atualizado em 13/02/2020 às 01:06

Recuperação da economia brasileira ainda é lenta, diz presidente do Itaú

Foto: Ilustração
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A economia brasileira está em processo de recuperação, mas ainda lenta, afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, durante evento do banco nesta terça-feira (18), em São Paulo.

Ele diz “questionar muito” a expectativa de crescimento de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano que vem -compartilhada por Mário Mesquita, economista-chefe do banco. “Acho que vamos nos recuperar muito lentamente em função de muitas dificuldades que as empresas ainda enfrentam. O nível de emprego também está se recuperando lentamente”, afirmou.

A queda da taxa de juros, por exemplo, ainda não se traduziu em uma expansão do crédito, afirmou. Ainda assim, ele acredita que o indicador deve crescer neste ano.

Para o presidente do Itaú Unibanco, a perspectiva de inflação abaixo da meta em 2017 abre uma “oportunidade única” para reduzir a meta de 4,5% para 4%, chegando a 3%, 3,5% no futuro. Nesse cenário, as taxas de juros poderiam cair substancialmente. Setubal diz que inflação e juros altos são um problema que o Plano Real, apesar de seus sucessos, não conseguiu resolver.

Setubal disse que o maior problema para o Itaú Unibanco nos últimos anos de recessão foi o segmento de atacado do banco, e não o varejo, que estava bem preparado para lidar com a alta da inadimplência.

“No atacado, tivemos vários problemas desde queda do preço das commodities e principalmente problemas na Lava Jato”, afirmou. Segundo ele, as perdas decorrentes em razão do impacto da operação sobre as empresas já foram estimadas e provisionadas pelo banco.

Ele também criticou a política levada a cabo durante os governos petistas de tentativa de impulsionar a economia via expansão do crédito subsidiado nos bancos públicos. “Não funcionou, essas coisas muito artificiais sozinhas não resolvem o problema. Não tem como manter a expansão do PIB só com base na expansão do crédito, isso é uma ilusão”, afirmou.

“Vamos assistir muitos problemas decorrentes disso. Vamos ver consequência disso no balanço dos bancos públicos para alguns anos ainda”, disse.

TRANSIÇÃO

Setubal falou ainda do momento de transição pelo qual passa o banco. Depois de 23 anos à frente da instituição, ele deixa o cargo neste mês e será substituído por Candido Bracher.

Ele contou como foram as reuniões para a preparação do novo líder do banco e defendeu a necessidade de políticas de governança nas organizações.

“Eu acredito muito em governança. É uma coisa em que o Brasil acredita pouco, de uma forma geral. Basta ver o que aconteceu em Brasília nestes últimos anos, um desrespeito muito grande pela governança”, disse.

Ao falar sobre os maiores desafios de sua trajetória, o banqueiro mencionou o Plano Real.

“Quando assumi o banco eu tinha 39 anos. Foi um momento difícil. Teve uma mega mudança na dinâmica de resultados, no sistema financeiro. Muitas decisões a serem tomadas e a gente teve uma expansão muito forte do crédito. A queda taxa de juros e da inflação abrupta deu uma mega expansão do crédito, que se seguiu a uma mega inadimplência.” (Folhapress)

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