O secretário de Estado da Saúde de Goiás, Rasível dos Santos, rebateu com veemência as críticas feitas pelo ex-governador Marconi Perillo (PSDB) sobre o custo do Centro Oncológico de Referência e Alta Complexidade (Cora), durante entrevista à Rádio Difusora de Goiânia nesta segunda-feira (27). Em tom firme, Rasível afirmou que Marconi “está muito mal informado” e que fez uma comparação “injusta e incorreta” entre o Cora e o Hospital de Urgências de Goiás (Hugol).
Na semana passada, Marconi havia afirmado à mesma emissora que o governo atual “fez um hospital de 19 mil metros quadrados a um preço exorbitante”, citando o Hugol como exemplo de obra “muito maior e mais barata”. Segundo ele, o Hugol com 75 mil m² teria custado cerca de R$ 200 milhões, enquanto o Cora já ultrapassaria R$ 800 milhões.
Rasível, no entanto, esclareceu que os números apresentados por Marconi somam valores “que não se somam” e que o cálculo do ex-governador inclui estimativas de 12 anos de custeio, o que, segundo ele, distorce completamente o real custo da obra. “O ex-governador está muito mal informado. Ele somou obra, equipamento, mobiliário e ainda multiplicou o custeio mensal por 144 meses, o que é um absurdo. Ninguém faz conta dessa forma”, afirmou o secretário.
De acordo com Rasível, o investimento real na construção do Cora foi de R$ 192,8 milhões, com R$ 63 milhões destinados à compra de equipamentos e mobiliário totalizando R$ 255 milhões. Já o custeio mensal do hospital, incluindo pessoal, manutenção e insumos, é de R$ 4,2 milhões, o que representa R$ 611 milhões em 12 anos de operação, conforme o contrato de gestão firmado com a Organização Social de Saúde (OSS) responsável pela unidade.
Modelo inovador e alta tecnologia
Durante a entrevista, o secretário detalhou as inovações tecnológicas e estruturais do hospital, ressaltando que o Cora é o único da região Centro-Oeste com uma sala híbrida de ressonância magnética integrada ao centro cirúrgico, o que permite o acompanhamento em tempo real de neurocirurgias. “Enquanto em outros hospitais o paciente precisa acordar e ser levado novamente para exames, no Cora é possível fazer a ressonância durante a cirurgia. Isso salva vidas e reduz complicações”, destacou Rasível.
Outra inovação apontada é a chamada “bolha estéril” do setor de transplante de medula óssea, que protege os pacientes imunossuprimidos de contaminações. “É uma estrutura que não existe em nenhum outro hospital do Centro-Oeste. Se uma criança atravessasse um corredor contaminado, ela poderia morrer. Essa tecnologia evita esse risco”, explicou.
O Cora também possui um ginásio de reabilitação oncológica robótica, com equipamentos de última geração, como exoesqueletos e sistemas de locomoção assistida, recurso inédito no sistema público goiano.
“Marconi compara tempos e modelos diferentes”
Rasível também argumentou que a comparação entre o Hugol e o Cora ignora o intervalo de dez anos entre as obras e as mudanças no modelo de contratação. “O Hugol foi entregue em 2015. O Cora, em 2024. São dez anos de diferença, com inflação, novas normas e tecnologias. Além disso, o Hugol tem contrato de gestão de 48 meses, e o Cora tem 144 meses. Não dá para comparar 4 anos com 12 anos de contrato”, pontuou.
Segundo o secretário, o modelo adotado pelo governador Ronaldo Caiado (UB), via Lei nº 13.019/2014, permite que a mesma entidade faça a construção, o equipamento e a gestão do hospital, garantindo rapidez e eficiência. “O governador não esperou 19 anos para entregar um hospital, como aconteceu com Águas Lindas, cuja licitação começou em 2005 e só foi concluída em 2024. Caiado buscou uma solução moderna e legal para entregar o que o povo precisava com urgência”, completou.
Resultados concretos
Em apenas quatro meses de funcionamento, o Cora já registra números expressivos: 526 consultas médicas, 926 atendimentos multiprofissionais, 150 sessões de quimioterapia, 225 cirurgias, incluindo neurocirurgias de alta complexidade e 181 internações, sendo 35 em leitos de UTI.
O secretário destacou que, antes da criação do Cora, crianças goianas com suspeita ou diagnóstico de câncer precisavam viajar para cidades como Barretos, Ribeirão Preto, Brasília e Curitiba. “Hoje, Goiás tem um centro de excelência próprio. Nenhuma criança precisa mais sair do Estado para tratar o câncer. Isso é dignidade, é cuidado e é justiça social”, afirmou.
Rasível também rebateu outra declaração de Marconi, que havia minimizado a importância da oncologia pediátrica ao afirmar que apenas 2% dos casos de câncer atingem crianças. “De zero a 19 anos, o câncer já é a principal causa de morte por doença. Não é um número pequeno. Cada vida importa. O Cora é um acerto histórico da gestão Caiado”, reforçou.
Regionalização e cobrança à União
O secretário aproveitou a entrevista para citar os avanços da regionalização da saúde em Goiás e as novas entregas feitas desde 2019, como seis policlínicas regionais, hospitais em Uruaçu e Águas Lindas, e a ampliação dos leitos de UTI, que passaram de 300 para mais de 800 em todo o Estado. “Quando o governador chegou, só havia leito de UTI em Goiânia, Aparecida e Anápolis. Hoje temos terapia intensiva em todas as regiões. Isso é revolução na saúde pública”, disse.
Rasível também confirmou que o Governo de Goiás ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para cobrar mais de R$ 1,2 bilhão da União, referentes a repasses de custeio não realizados nos últimos três anos. “O governo federal repassa, em média, 17% a menos para os estados que não têm alinhamento político. Isso é discriminação. O governador Ronaldo Caiado não vai aceitar que Goiás seja penalizado por fazer gestão com independência”, afirmou.
Encerrando a entrevista, Rasível dos Santos reforçou que a gestão estadual tem investido mais de três vezes o valor que era destinado à saúde no início do governo. “Quando o governador Caiado assumiu, o Estado colocava R$ 1,5 bilhão de recursos próprios. Hoje, são R$ 4,8 bilhões. Falta de investimento não há. O que há é compromisso e resultado”, concluiu.
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